Poça, mais um quilombo em vias de reconhecimento

Com isso subirá para 22 o número de comunidades reconhecidas

sex, 16/11/2007 - 22h14 | Do Portal do Governo

O reconhecimento da comunidade quilombola de Poça, no Vale do Ribeira, deverá ser anunciado em novembro, mês da Consciência Negra, de acordo com palavras do secretário estadual da Justiça e da Defesa da Cidadania, Luiz Antonio Marrey, durante visita recente ao núcleo rural, localizado no município de Eldorado. Marrey, que estava acompanhado do diretor executivo do Itesp, Gustavo Ungaro, conversou com lideranças da comunidade que está em processo de reconhecimento como remanescente de quilombo.

Com Poça, o número de comunidades reconhecidas sobe para 22. O relatório técnico-científico já foi concluído e o próximo passo é a publicação no Diário Oficial do Estado. A notícia foi saudada pelo líder da comunidade quilombola de Poça, Gilmar dos Santos: “Será a realização do sonho da nossa comunidade. O reconhecimento vai trazer progresso para Poça e abrir oportunidades às quais hoje não temos acesso”.

Gilmar pediu agilização do reconhecimento e o processo de titulação para que a comunidade possa produzir com tranqüilidade. O líder ainda destacou as dificuldades com transporte, saúde e educação. O encontro aconteceu no Centro Comunitário, erguido com recursos ganhos numa aposta lotérica. O dinheiro foi doado à comunidade que, em sistema de mutirão, construiu o barracão.

Depois da publicação do reconhecimento tem início o trabalho de legitimação de posse e a expedição do título de propriedade. Até agora, no Estado de São Paulo, seis quilombos já conseguiram receber o título de propriedade. O último foi o de Galvão, também localizado no Vale do Ribeira. Também está próximo o reconhecimento de Ribeirão Grande/Terra Seca, em Barra do Turvo.

Poça é formado por 44 famílias, que vivem basicamente do plantio de banana. A origem da comunidade remonta à história do ciclo minerador, iniciado na região no século XVII, e do plantio de arroz, que teve seu ápice no século XIX, quando o chamado “arroz de Iguape” ficou famoso pela sua qualidade. As duas fases se apoiaram na mão-de-obra escrava.

Os estudos feitos pelos pesquisadores do Itesp, por meio de relatos de moradores e pesquisa documental, mostram que os atuais moradores de Poça são descendentes de várias famílias que se instalaram na área no início do século XIX: Costa, Pupo, Vieira, França, Marinho, Rosa, entre outros. As pesquisas apontam que as comunidades quilombolas do Vale do Ribeira preservaram regras de herança e parentesco que evitaram a fragmentação do território comunitário, garantindo o seu meio de trabalho e a continuidade da descendência das famílias.

O encontro contou com a presença do prefeito de Jacupiranga, João Batista de Andrade e da vice-prefeita de Eldorado, Maria Elizabeth Armelin da Guia Rosa.

Para o coordenador do Itesp da Regional Sul, José Renato Lisboa, ” a visita do secretário Luiz Antonio Marrey e do diretor executivo da Fundação Itesp mostra um Estado e um Governo mais próximos do cidadão, atuando em conjunto com dois municípios parceiros: Jacupiranga e Eldorado e interagindo com a comunidade quilombola”.

Do Itesp

(I.P.)