PM treina equipe do Brasil e de países latino-americanos

Corporações aprenderam como desenvolver policiamento comunitário em suas áreas de atuação

ter, 09/12/2008 - 12h16 | Do Portal do Governo

O policiamento comunitário paulista tornou-se modelo para outros Estados brasileiros e países latino-americanos. Durante 12 dias, a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), do Ministério da Justiça, organizou o Curso Internacional de Multiplicador de Polícia Comunitária, na Academia do Barro Branco, da Polícia Militar de São Paulo, na capital. Ao todo, 56 policiais de 11 Estados e de países da América Central (Nicarágua, Honduras, El Salvador, Guatemala e Costa Rica) aprenderam a importância de se estabelecer relação com a população para evitar crimes. O curso integra o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), da Senasp.

Instrutor do curso e integrante do grupo de trabalho da polícia comunitária no Estado, o tenente Emerson Massera assegura que, após a capacitação, os policiais voltarão a seus locais de origem aptos a ensinar colegas e comandados. A PM paulista adota o sistema japonês Koban de policiamento comunitário, adaptado à realidade brasileira. Os alunos, formados basicamente por oficiais de suas polícias, aprendem noções teóricas do sistema oriental e visitam populações atendidas pelas bases comunitárias da PM paulista.

Massera explica que as bases são instaladas em bairros de todas as classes. Além da situação social da população, a PM se baseia no número de moradores e nos índices locais de criminalidade para criar essas unidades. Na capital, existem bases no periférico e crítico Jardim Ângela e também no Morumbi. São 53 postos na cidade, e a PM pretende chegar a 268, até o fim de 2009. No interior, são mais de uma centena, com previsão de ultrapassar 250 no ano que vem.

Laços de amizade – O método estabelece que o policiamento deve estar sempre próximo da população, a fim de evitar o crime. “Precisamos entender os problemas estruturais da região”, ressalta o tenente. Ele se refere à presença de lixões, matagais, terrenos baldios, pessoas em situação de risco, ruas escuras, favelas, falta de saneamento, focos de prostituição e outras mazelas sociais que propiciam o banditismo e o crime.

Além do policiamento normal, o PM comunitário encaminha as informações aos órgãos públicos responsáveis (prefeitura ou Estado). Os parceiros da PM nessas situações são as companhias de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), subprefeituras, polícias Civil e Científica, Departamento de Iluminação Pública (Ilume) entre outros.

Cada base tem dez ou mais homens, que patrulham dois quilômetros quadrados de área. A idéia é permanecer sempre os mesmos, para que se estabeleçam laços de amizade e cooperação com a população. “Fazemos o possível para manter o PM em trabalho por pelo menos dois anos no local, mas é difícil em virtude da rotatividade natural da profissão”, justifica o tenente.

De vez em quando os policiais comunitários também participam, com outros órgãos públicos, de ações conjuntas de segurança denominadas Operações de Controle da Desordem Urbana.

Este ano, realizaram operações na Baixada do Glicério, região da Rua 25 de Março, Largo da Batata (Pinheiros), Largo 13 de Maio (Santo Amaro) e em outros locais de extrema concentração de pessoas, o que causa sujeira, balbúrdia e facilita a criminalidade. 

Intercâmbio amplia aprendizado

O primeiro-tenente Argeo Arias veio de Santos (SP) para aprender mais sobre o policiamento comunitário. Em sua cidade, comanda base com 20 homens e fica contente ao falar do trabalho com a população santista. Até agora, conseguiu desenvolver alguns programas comunitários de ajuda à população mais carente, como Sacolinhas de Natal (atende 2,5 mil crianças), Segurança em Prédio e Condomínios (reduziu o número de roubos a residências) e o Fique Ligado (ensina a pessoa a usar outros meios de pagamento, como cartão de débito ou crédito, para evitar assaltos).

“Além de aprender sobre a filosofia japonesa para adaptá-la à nossa realidade, acho importante o intercâmbio com colegas policiais de outros Estados”, argumenta Argeo.

O capitão da PM do Pará, Oséias Monteiro da Rocha Júnior, veio de Abaetetuba (a 100 quilômetros de Belém) especialmente para o curso no Barro Branco. Com relação aos demais, tem experiência em policiamento comunitário, mas precisava aprender mais com a metodologia paulista.

Oséias conta que existe uma base comunitária na sua cidade, mas a PM paraense pretende ter outras 98 no Estado até 2010. Ele já participou de seminários e outros encontros com policias e a população local. “O importante é estabelecer credibilidade, confiança e participação com o povo”, assegura.

A capitã Flávia Barreto trouxe de Itabuna (BA) boa experiência no assunto. Ela comanda a PM na região sul do Estado e conta que desde 1995 atua nesse tipo de policiamento, tendo participado da formação de 300 pessoas, entre policiais e membros da comunidade. “Aqui, aprendi ainda mais com a PM de São Paulo”.

Discreto, o primeiro-tenente Walison dos Santos Alves chegou de Betim (MG) para aprimorar seus conhecimentos. Na sua cidade, foi professor em vários cursos para policiais e hoje comanda o pelotão local. No contato com a população, realizou palestras sobre segurança e até encaminhou crianças em situação de risco para fazer cursos profissionalizantes. “Estou aperfeiçoando meus conhecimentos com a experiência da PM de São Paulo”, assegura.

Nova diretoria

A Polícia Militar do Estado de São Paulo ganhou nova diretoria, a de Policiamento Comunitário e de Direitos Humanos. Agora, o policiamento comunitário, antes coordenado por uma divisão da PM, passa a ser representado no alto comando por um coronel, a mais alta patente da corporação.

Otávio Nunes

Da Agência Imprensa Oficial