PM de São Paulo renova convênio técnico com polícia japonesa até 2008

Intercâmbio objetiva melhorar a eficiência e a qualidade dos serviços prestados pelas bases comunitárias de segurança

ter, 17/04/2007 - 18h48 | Do Portal do Governo

A Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP) renovou até janeiro de 2008 o convênio técnico na área de segurança que mantém com a Polícia Nacional do Japão. O intercâmbio, coordenado pela Agência Internacional de Cooperação do Japão (cuja sigla em inglês é Jica), começou em 1999. Em abril de 2004, foi prorrogado para  dotar os serviços executados nas Bases Comunitárias de Segurança da PMESP, com estudos, planejamento e adaptações semelhantes ao modelo japonês Koban e Chuzaisho (leia abaixo).

O acordo prevê o intercâmbio entre as duas instituições, visitas de oficiais e praças (soldados, cabos e sargentos) ao Japão para conhecer o dia-a-dia da polícia comunitária e os procedimentos necessários para um policiamento mais eficiente. Em contrapartida, um policial japonês acompanha o trabalho realizado nas bases comunitárias em São Paulo. A Polícia Nacional do Japão destacou Takashi Ishii, profissional com 26 anos de carreira na instituição, cinco dos quais na polícia comunitária.

Ishii permanecerá no Brasil até o ano que vem. Ele trabalhará em conjunto com grupo formado pelos comandantes das companhias e por oficiais do Comando de Policiamento da Capital e da Divisão de Polícia Comunitária e Direitos Humanos. O objetivo é adaptar o modelo japonês à realidade brasileira e às condições operacionais da Polícia Militar.

Com larga experiência, Ishii ministrou cursos de polícia comunitária na Espanha, Nicarágua, Peru, Indonésia, Coréia do Sul, Austrália, França, Estados Unidos e Egito. Para o policial, o intercâmbio entre os dois países é extremamente positivo: “Estou aprendendo muito com a Polícia Militar do Estado de São Paulo”, diz.Experiência centenária – “O intercâmbio mostrou que muitos dos nossos procedimentos, apesar das diferenças culturais e tecnológicas, tinham bases similares aos dos serviços da polícia comunitária japonesa. Descobrimos que precisávamos fazer registros das visitas realizadas pelos policiais que atuam nas bases comunitárias e elas deveriam ser mais constantes, para que o nosso profissional ficasse conhecido pela comunidade e a população visse mais de perto o que é o trabalho policial”, explica o tenente-coronel PM Luiz de Castro Junior, chefe do Estado-Maior do Comando de Policiamento da Capital e coordenador do Projeto de Cooperação Técnica Brasil-Japão. No cumprimento dessa missão, o tenente-coronel ficou 16 dias no Japão em 2005.

Segundo o major Jackson Justus, chefe de Divisão de Polícia Comunitária e Direitos Humanos da PMESP, “essa troca de informações entre policiais brasileiros e japoneses é riquíssima, afinal o Japão possui know-how de 130 anos de polícia comunitária”. As atividades da polícia comunitária no Japão são realizadas por meio de postos policiais localizados em esquinas, conhecidos como Koban, e postos maiores, do tipo residencial, chamados de Chuzaisho. Além disso, há policiais que fazem rondas em viaturas.

Em abril de 2002, existiam 6,5 mil Koban e 8,1 mil Chuzaisho, um para cada jurisdição de cada comunidade. Havia, também, 84 mil policiais nas atividades comunitárias em todo o Japão, correspondentes a cerca de 40% de toda a força policial japonesa.Viagens x experiência – O capitão PM Gilberto Tardochi da Silva viajou ao Japão em 2005. “A experiência foi inesquecível, pois tive uma visão diferenciada sobre o que é polícia comunitária e como esse conceito pode ser aplicado em nossa realidade, criando maneiras novas de agir com base em nossa própria vivência”, conta. Os terceiros-sargentos PMs Maurício Brites, Wilson Jorge e Milton Vieira, que trabalham em bases comunitárias da capital paulista, também participaram desse intercâmbio, em novembro do ano passado. “A viagem foi fantástica, fiquei impressionado com a organização e o engajamento da sociedade japonesa nos projetos de polícia comunitária”, lembra entusiasmado o terceiro-sargento Jorge.

Para o terceiro-sargento Vieira, que trabalha com polícia comunitária há nove anos, “esse intercâmbio nos ajuda a ter novas idéias, que podem auxiliar a comunidade em que atuamos”. O terceiro-sargento Brites acrescenta: “Conheci uma cultura milenar e ainda verifiquei que muitos dos nossos procedimentos podem ser melhorados com base na experiência japonesa de engajamento comunitário. Aliás, o segredo do projeto está nesse ponto: a comunidade deve participar. Somente dessa maneira poderemos melhorar a realidade em que vivemos”.

O projeto-piloto, com início em janeiro de 2005, tem como gerente o comandante de Policiamento da Capital, coronel Antonio Carlos Rodrigues. Inicialmente, foi instalado em oito bases comunitárias da capital. Hoje, foi ampliado para mais 12 bases, das quais oito estão localizadas na capital, duas na Região Metropolitana de São Paulo e duas no interior: Concórdia, Vila Gumercindo, Largo do Japonês, Jardim Maia, Morumbi, Vieira Couto, Vaz de Lima, Vila Formosa, Pirajuçara, Casa Branca, Alto da Ponte e Campo Grande.

Maria Lúcia Zanelli

Da Agência Imprensa Oficial

(R.A.)