Plantio de soja está proibido até 30 de setembro em todo o Estado

Adotada pela primeira vez em São Paulo, medida tem o objetivo de controlar ocorrência da ferrugem asiática

qui, 05/07/2007 - 15h32 | Do Portal do Governo

Até o dia 30 de setembro estão totalmente proibidos o plantio e a manutenção de plantações de soja em todo o Estado de São Paulo. O agricultor deve ainda eliminar (mecanicamente ou por processo químico) a soja voluntária (plantas que brotam em decorrência de grãos caídos no solo). Esse período sem o cultivo da planta durante a entressafra é chamado de vazio sanitário. Adotado pela primeira vez em São Paulo, começou no dia 1º de julho e tem o objetivo de prevenir, controlar e erradicar a ferrugem asiática.

A ferrugem asiática provoca a desfolha precoce, que impede a completa formação dos grãos, causando redução na qualidade e na produtividade da lavoura, esclarece engenheiro agrônomo Cristiano Geller, presidente da Comissão de Combate à Ferrugem Asiática da Soja. A doença tem causado prejuízos nas lavouras paulistas desde a safra 2002/2003. A pausa na plantação ocorrerá todos os anos, durante o mesmo período.

O vazio sanitário foi instituído em 2006 em Mato Grossoe Goiás. Este ano, foi estendido para São Paulo, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Minas Gerais e Maranhão. Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul estudam iniciar a medida para 2008.

Em Mato Grosso do Sul, o desrespeito à norma é considerado infração gravíssima, e a multa que pode chegar a quase R$ 12 mil. O executivo paulista deve criar decreto definindo a soja como cultura de peculiar interesse ao Estado e, a partir dessa norma, o produtor que descumprir a determinação estará sujeito às penalidades previstas na legislação.

Vazio sanitário evita doença – “O vazio sanitário tem a finalidade principal de reduzir o potencial de contaminação da ferrugem nas lavouras de soja tradicionais”, afirma Geller. A medida foi estabelecida pela Resolução 9, de 15 de março de 2007, da Secretaria Estadual de Abastecimento. A medida se justifica por uma razão simples: a presença de plantas vivas permite a disseminação do fungo causador da ferrugem e, com isso, abre a possibilidade de a doença atingir o plantio no período normal (outubro e novembro), esclarece o agrônomo.

Como o fungo é disseminado pelo vento e consegue sobreviver em restos de cultura por até 60 dias, o agrônomo alerta que além de não plantar, o agricultor deve fazer o controle, por medidas químicas ou mecânicas, das plantas voluntárias (guaxas ou tigüeras) até 30 dias após a colheita. O fungo é um parasita biotrófico, ou seja, precisa se alimentar de plantas hospedeiras vivas para sobreviver. Sem a planta viva de soja, o fungo morre.

“O plantio antecipado em áreas de irrigação e durante a entressafra contribui para manter presente o poder de contaminação da doença”, afirma Geller. Outra razão é que nesse período de entressafra as condições climáticas (temperatura oscilando entre 18ºC e 26ºC) e as chuvas freqüentes favorecem a severidade da doença.

Matar fungo é caro – “Só a ausência total de plantas de soja garante a não-propagação da doença que provoca a perda de plantio, atingindo até 80% da lavoura”, afirma Geller. Sem o vazio sanitário na entressafra, a doença pode contaminar a próxima safra ainda mais cedo, o que exigirá mais aplicações de fungicidas para conter a praga, acrescenta o agrônomo.

A incidência da doença ainda no período vegetativo (antes mesmo do florescimento) obriga os agricultores a fazer aplicações de fungicidas mais cedo e a aumentar a quantidade, alerta Geller. O resultado é que isso “encarece a produção, traz mais riscos ao consumo, pode provocar a resistência do fungo ao pesticida e prejudica o meio ambiente”. Outros cultivos como feijão, milho e trigo têm baixo potencial de propagar a doença.

Custa caro matar o fungo Phakopsora pachyrhizi causador da ferrugem asiática que ataca principalmente a soja. Uma aplicação de fungicida em um hectare de plantação de soja custa, em média, R$ 80, informa o agrônomo. Como cada lavoura tem aproximadamente 50 hectares, o gasto seria de R$ 4 mil a cada aplicação.

Liberação em 1º de outubro – Por conta desse plantio na entressafra, em algumas lavouras foram feitas até cinco aplicações de fungicida para controlar da doença. “Isso é um exagero e inviabiliza o cultivo da soja”, diz Geller. A região de Itapeva é a mais problemática do Estado, segundo o agrônomo. Em seguida estão Barretos e Orlândia. Essas cidades concentram grandes áreas de irrigação.

Durante esse período de 90 dias, somente as áreas de pesquisas científicas, devidamente monitoradas e controladas, podem fazer o plantio. A semeadura será liberada a partir de 1º de outubro. Levantamento da Embrapa Soja estima que a eliminação total da soja convencional irá custar entre R$17 e R$ 22 por hectare e a transgênica entre R$ 25 e R$ 33.

Período de vazio sanitário para soja no Brasil

Mato Grosso – 15/6 a 15/9

Goiás – 1º/7 a 30/9

Mato Grosso do Sul – 1º/7 a 30/9

Tocantis – 1º/7 a 30/9

São Paulo – 1º/7 a 30/9

Minas Gerais – 1º/7 a 30/9

Maranhão – 15/8 a 15/10

Claudeci Martins

Da Agência Imprensa Oficial