Piracicaba terá Centro de Gaseificação de Biomassa

Gás extraído do bagaço da cana-de-açúcar será transformado em energia elétrica e biocombustível

ter, 11/01/2011 - 14h00 | Do Portal do Governo

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo anunciou a aprovação da primeira fase do projeto do Centro de Desenvolvimento de Gaseificação de Biomassa (CDGB) no futuro Parque Tecnológico de Piracicaba, localizado a 162 km da capital.

O projeto, que deverá receber investimento de R$ 80 milhões, será viabilizado por uma parceria entre o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

De acordo com o IPT, o centro abrigará, em uma área de 80 mil m², uma planta-piloto que desenvolverá a tecnologia de gaseificação do bagaço de cana-de-açúcar, a exemplo da corrida tecnológica que se desenrola em outros países para consolidar esse processo, só que com diferentes matérias-primas, como a palha de milho e o carvão.

A gaseificação é vista como uma ferramenta de mitigação de emissão de gases de efeito estufa. O gás de síntese do bagaço de cana será avaliado em três aplicações: para a geração de energia elétrica, produção de biocombustível líquido e como precursor de biopolímeros, os chamados monômeros do plástico.

A atual fase do projeto está voltada para a produção do gás. Para os primeiros cinco anos está prevista a produção de 500 kg/hora de gás de biomassa. Além do bagaço, outras matérias-primas de biomassa serão pesquisadas.

Os parceiros industriais investirão conjuntamente na planta-piloto de gaseificação e, isoladamente, nos projetos de pesquisa do aproveitamento de gás de síntese. Essas duas fases terão apoio da Rede Nacional de Combustão e Gaseificação, que conta com projetos de pesquisa financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Durante os três anos de operação da planta, deverão ser processadas três mil toneladas de biomassa.Atualmente, o bagaço é usado para a produção de energia, mas seu rendimento energético é de 20%. No novo processo, o rendimento poderá dobrar, chegando a 40%.

Um papel fundamental da planta piloto será aperfeiçoar os equipamentos empregados na gaseificação. Um dos principais desafios do projeto é reduzir o custo do investimento. “A literatura internacional afirma que o investimento é de cerca de US$ 3 por watt e nós temos que otimizar esse valor, chegando a US$ 1,5 por watt”, disse Fernando Landgraf, diretor de inovação do IPT.

O grupo que apoia o projeto é composto por quatro empresas – Oxiteno, Petrobras, Brasken e Cosan – e quatro instituições – Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP) e IPT. Cada empresa parceira deverá contribuir com R$ 2 milhões durante a execução do projeto.

O IPT, junto com o CTC e o CTBE, está articulando um consórcio com empresas públicas e privadas, além de institutos e universidades do Brasil e do exterior.
A Esalq e a cidade de Piracicaba, uma das maiores produtoras de cana-de-açúcar no Brasil, contribuem com a infraestrutura necessária para a instalação da planta piloto.

Do IPT