Pinacoteca promove exposição de artistas viajantes que percorreram o Brasil no século XIX

Mostra reúne 50 obras produzidas por François Biard e outros artistas que documentaram os indígenas

qua, 26/05/2010 - 20h00 | Do Portal do Governo

A Pinacoteca do Estado apresenta a exposição François Auguste Biard: o indígena e o olhar romântico, com cerca de 50 obras, entre pinturas, aquarelas e desenhos, realizadas entre 1820 e 1860, por François Biard e por outros artistas viajantes.  O grande destaque da exposição é a união das três únicas pinturas conhecidas em que François Biard utiliza os índios da América do Sul como tema: A fabricação do curare na floresta amazônica, (1859, do Musée du Nouveau Monde, em La Rochelle, França), Os Mundurucu às margens de um afluente do rio Madeira (1862, de uma coleção particular) e Índios da Amazônia adorando o Deus-Sol (1860, Coleção Brasiliana / Fundação Estudar).

A mostra também exibe gravuras de outros artistas e cientistas viajantes que documentaram os indígenas brasileiros pouco antes de Biard, como Jean-Baptiste Debret. Johann Moritz Rugendas, Maximilian zu Wied-Neuwied e Carl Von Martius.  Outro destaque é o livro que Biard publicou depois de seu retorno à Europa, intitulado Dois anos no Brasil, 1862. A partir de seus relatos, será mostrado ao público o roteiro de sua viagem ao Brasil, com um mapa que aponta o itinerário da expedição, assim como trechos do livro que registram suas impressões sobre o país, seus habitantes e seus costumes. Será possível perceber, por exemplo, que as pinturas apresentadas não se baseiam exclusivamente em cenas observadas pelo artista, mas em histórias que foram contadas por pessoas com as quais se encontrou no Amazonas.

Todas as obras apresentadas integram o universo de imagens produzidas pelos chamados “artistas viajantes” – estrangeiros que registraram o Brasil no século XIX. Nas gravuras nota-se uma preocupação científica em descrever o indígena brasileiro com suas características físicas e comportamentais. Já nas pinturas, Biard revela sua afinidade com o romantismo, na maneira de representar cenas e rituais imaginados, ambientados em meio à mítica floresta amazônica.

Segundo a crítica Ana Maria Belluzzo, “O indianismo de Biard é resultante da convergência de características dessa personalidade multifacetada, que reúne o perfil do explorador naturalista à imaginação fantasiosa do artista romântico. É um observador da flora tropical, no ciclo que renova o interesse pela América, em meados do século XIX, a partir das concepções de Humboldt (…). Biard conjuga a prática de retratista com a observação naturalista, demonstrando certo talento na pintura fisionômica dos índios. Por outro lado, as cenas no interior da floresta não são comandadas pela intenção documental, mas motivadas pelo mistério que o homem cansado da cultura européia encontra nas culturas alienígenas e carregada de imaginação fantástica.”

Serviço
François Auguste Biard: o indígena e o olhar romântico
Até 12 de setembro
Pinacoteca do Estado de São Paulo
Praça da Luz, 2
Telefone: (11) 3324-1000
Aberta de terça a domingo, das 10 às 18 horas
Ingressos: R$ 6 e R$ 3 (meia)
Grátis aos sábados

Da Secretaria da Cultura