Pinacoteca homenageia Covas em estréia de documentário

O vídeo será exibido no dia 31 de março, às 20h30, pelas TVs Cultura e Câmara (canal 12 da TVA e 13 da Net)

seg, 26/03/2001 - 14h35 | Do Portal do Governo

‘Creio no parlamentarismo, ainda que com suas demasias e fraquezas, que só desaparecerão se o sustentarmos livre, soberano e independente’. Uma placa, com essa frase proferida por Mário Covas, será entregue ao governador Geraldo Alckmin, nesta segunda-feira, dia 26, na Pinacoteca do Estado.

A homenagem será prestada durante a pré-estréia do documentário ‘AI-5 – O dia que não existiu’, dirigido pelo jornalista Paulo Markun e realizado pelas TVs Cultura e Câmara. No evento, a Pinacoteca também apresenta a pré-estréia do Festival de Documentários ‘É tudo verdade’, que será exibido pela TV Cultura durante todo esse ano.

O documentário ‘AI-5 – O dia que não existiu’ aborda a edição pela ditadura militar, do Ato Institucional nº 5 – um ato autoritário – emitido em 13 de dezembro de 1968, pelo presidente Arthur da Costa e Silva que colocou em recesso o Congresso Nacional e as Assembléias Legislativas. O País passava, a partir daí, a ser governado por decretos que geraram o terror, a perseguição, cassação e exílio para muitos dos representantes da intelectualidade brasileira. Entre os perseguidos, torturados e banidos do País estavam artistas, estudantes e políticos como Covas, que teve os seus direitos políticos cassados por dez anos.

O documentário será exibido pela TVs Cultura e Câmara (canal 12 da TVA e 13 da Net), no domingo, dia 31 de março, às 21 horas – numa alusão ao dia 31 de março de 1964, quando foi instituída a ditadura militar no Brasil. O filme reproduz como pano de fundo discursos de parlamentares, entre eles o do então deputado federal Mário Covas, proferidos no dia 12 de dezembro de 1968, véspera da edição do AI-5. Estes discursos e mais o pedido negado pela Câmara dos Deputados de licença para que o deputado Márcio Moreira Alves fosse processado, desencadearam uma crise política. Com a crise, um dia depois veio o decreto que provocou o fechamento do Congresso e o endurecimento do regime militar.

O regime militar cuidou para que as fitas da sessão legislativa do dia 12 de dezembro fossem apagadas, numa tentativa de destruir registros da política nacional. Por sorte, não foram bem sucedidos, as notas taquigráficas foram guardadas por uma funcionária do Congresso. O documentário é uma oportunidade, principalmente para a população mais jovem, de conhecer uma parte, ainda que desastrosa, da história do nosso País.

A fala de Covas ficou registrada na história política do Brasil, como uma das mais corajosas, num momento extremamente delicado para o povo e principalmente para os políticos em geral. Por isso, a Pinacoteca escolheu a data do lançamento do documentário para fazer esta homenagem póstuma ao ex-governador.

Leda Ponciano