Mais conhecido pelos quadros de cenas caipiras, José Ferraz de Almeida Júnior é autor de vasta e diversificada produção, como mostra a exposição Almeida Júnior – Um criador de Imaginários, em cartaz na Pinacoteca do Estado até 15 de abril. O pintor de clássicos como Caipira Picando Fumo e O Violeiro é considerado um dos maiores representantes da arte acadêmica do século 19. Em contraste com a monumentalidade predominante na ápoca, produziu obra marcadamente humana, em que se destaca o ambiente interiorano.
Com aproximadamente 140 obras do pintor nascido em Itu, interior de São Paulo, a exposição, além de exibir panorama da produção do artista, destaca trabalhos pouco conhecidos do público, muitos deles pertencentes a coleções particulares. Há quadros de temática regionalista, de cenas religiosas e os retratos. Na galeria de retratos clássicos estão nomes de pessoas proeminentes da sociedade paulista da segunda metade do século 19. Muitos se tornaram personagens históricos e outros até emprestaram seu nome a ruas da cidade.
Entre as personalidades que posaram para o artista e, hoje, nas placas de vias públicas, estão um dos fundadores do jornal republicano A Época, Francisco de Assis Peixoto Gomide (Rua Peixoto Gomide); o engenheiro francês responsável pela infra-estrutura que levou água à cidade de São Roque, Eusébio Stevaux (Avenida Engenheiro Eusébio Stevaux e Viaduto Doutor Eusébio Stevaux); e Costança Maria de Brito Filgueiras de Arruda Botelho, pertencente a uma das mais tradicionais famílias de São Paulo (Avenida Arruda Botelho).
Telas inovadoras – A mostra compõe-se de quatro módulos. Em Tempo humano estão os retratos. Natureza e cotidiano reúne paisagens e cenários interioranos. O universo das rotinas rurais brasileiras é apresentado em Trabalhos em contraste. Artista como museu exibe cópias de trabalhos feitos por seus contemporâneos. Esse núcleo apresenta também releituras de obras realizadas por artistas brasileiros contemporâneos que participaram de mostra exibida pelo museu em 2000.
Ao ressaltar a diversidade da produção do pintor, a curadora da exposição, e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Maria Cecília Franca Lourenço, procura destacar que seus trabalhos não são meramente acadêmicos. De acordo com ela, seu caráter inovador pode ser observado na maneira de retratar as mulheres e nas figuras populares sentadas em degraus e aproximadas, como que flagradas por lentes fotográficas.
O uso da luz é outro diferencial do artista. Por isso, é tido como quase certo que utilizava a fotografia para obter retratos mais apurados. Outra marca de seu trabalho foi trazer o homem do povo às telas (até então retratava-se apenas a elite) e abandonar a monumentalidade das obras. Suas pinturas estão dispersas em vários acervos – na Pinacoteca, no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e no Museu de Arte de São Paulo (Masp).
Claudeci Martins
Da Agência Imprensa Oficial
SERVIÇO
Pinacoteca do Estado – Praça da Luz, 2 – centro
Tel. (11) 3229-9844
Visitação: de terça-feira a domingo, das 10 às 18 horas
Ingresso: R$ 4 e R$ 2 (meia-entrada)
Aos sábados, a entrada é franca
