Pinacoteca expõe artes tradicionais japonesas do período Edo

Mostra faz parte das comemorações do centenário da imigração japonesa no Brasil

ter, 15/04/2008 - 9h06 | Do Portal do Governo

As artes tradicionais japonesas do período em que o Japão vivia praticamente isolado do resto do mundo serão expostas na Pinacoteca do Estado. A mostra O Florescer das Cores: A Arte do Período Edo, que será aberta nesta quinta-feira, 17 de abril, traz a São Paulo verdadeiros tesouros da cultura clássica japonesa, provenientes de mais de 15 museus daquele país. A exposição faz parte das comemorações do centenário da imigração japonesa ao Brasil.

São cerca de 160 peças inéditas no Brasil, divididas em quatro módulos: quimonos e ornamentos do corpo; o universo dos samurais; cerâmica japonesa; e artefatos de laca.

A maioria dos objetos foi produzida ao longo do período que vai de 1603 a 1867 e tem como principal característica a dominação do xogunato Tokugawa (governo militar centralizado) e o isolamento quase completo do Japão em relação ao resto do mundo. Edo era a antiga denominação de Tóquio, que, naquele período, passa a ser a capital do país.

No módulo Os Quimonos e os Ornamentos do Corpo estão reunidos quimonos tipo “kosode” (literalmente, “mangas pequenas”), “furisode” (quimono de mangas longas) e “katabira” (quimono sem forro, feito de cânhamo). Ao contrário das vestes ocidentais, que usam cortes tridimensionais, os quimonos têm cortes planos. Assim, seus atrativos são a tecelagem, o tingimento e as ilustrações que, em geral, têm a natureza como inspiração. A coleção se completa com pentes, presilhas e ornamentos confeccionados com diferentes materiais e técnicas artesanais. Nesse módulo também são apresentados quimonos produzidos para os teatros Nô e Kabuki. O Kabuki é uma modalidade de teatro que se formou no período Edo, cujos vestuários se caracterizam por cores extremamente fortes e brilhantes que tinham como função atrair a atenção do público sobre a representação dos atores. Já o Nô é um teatro de dança e canto que combina o recitativo e a música para contar determinada história. Expressão artística altamente sofisticada, o Nô é caracterizado por uma beleza sutil e poética, que se expressa por meio do uso de máscaras e vestuário luxuosos.

Em O universo dos Samurais é possível ver duas armaduras completas e selas de montaria, além de duas espadas, uma confeccionada por Bungo-no Kuni Yukihira no século XIII, obra considerada “Importante Propriedade Cultural” do Japão, e outra confeccionada por Masatsume no século XII, tida como “Tesouro Nacional” do Japão. Ambas as peças viajam pela primeira vez à América Latina. As armaduras dos guerreiros tradicionais do Japão, usadas desde a antiguidade, transformaram-se ao longo dos séculos ao incorporar sofisticadas técnicas artesanais para atender às necessidades de defesa.

O módulo A Cerâmica Japonesa expõe peças consideradas “Importante Propriedade Cultural” do Japão. O reconhecimento é adotado a partir da década de 1950 para designar os artefatos culturais de destacado significado e garantir sua preservação. Fazem parte deste módulo as cerâmicas japonesas produzidas em diferentes períodos e locais, iniciando pelas peças da cerâmica Jomon (período iniciado há cerca de 12.500 anos). Consideradas uma das mais antigas do mundo, a cerâmica desse período está diretamente ligada à economia local, baseada no cultivo do arroz. Do período Edo, a exposição apresenta o mundo vívido das porcelanas com designs coloridos por meio da técnica Sometsuke de Imari, ponto de partida da produção de porcelanas do Japão. Também estão presentes peças de Kokutani, com design voltado para o mercado nacional; de Kakiemon, que influencia a produção de porcelanas na Europa; de Nabeshima, que possui a melhor técnica e os melhores materiais da época; e de Ninsen e Kenzan, que se desenvolvem em Kyoto, centro da cultura tradicional.

O núcleo Os Artefatos de Laca apresenta uma coleção de pequenos objetos chamados inrô, usados para carregar remédios, acompanhados de netsuke (pequenos ornamentos colocados na corda do inrô e que lhe serviam de contrapeso). Também exibe uma coleção de objetos criados para o enxoval de noivas da elite social, incluindo móveis para toaletes femininos, objetos de papelaria e artigos para incenso, todos luxuosamente decorados com a técnica Makie, que utiliza o pó de ouro na aplicação do envernizamento.

Dois conjuntos de obras

Em razão dos rigorosos procedimentos de conservação adotados para a preservação das peças expostas, toda a mostra terá iluminação bastante reduzida. Além disso, a exposição ficará fechada nos dias 13, 14 e 15 de maio (terça, quarta e quinta-feira) para a substituição de várias peças, também por causa da conservação. Assim, o público que visitar a exposição antes do dia 13 e depois do dia 15 de maio poderá apreciar um conjunto diferente de obras.

A mostra tem a curadoria de Saito Takamasa, renomado especialista da Agência de Cultura do Japão. A organização é da Agência Cultural do Japão, com o apoio do Consulado Geral do Japão em São Paulo e da Fundação Japão.

Serviços:

Exposição: O Florescer das Cores: A Arte do Período Edo

Local: Pinacoteca do Estado – Praça da Luz, 2

Fone: (11) 3324-1000

Aberta de terça a domingo, das 10 às 18h

Entrada: R$ 4,00 e R$ 2,00 (meia). Grátis aos sábados

Abertura para convidados dia 17 de abril, quinta-feira, a partir das 19h

Em cartaz de 18 de abril a 22 de junho de 2008

(C.C.)