Pinacoteca agenda visita educativa a esculturas no Parque da Luz

Lasar Segall, Victor Brecheret e Amilcar de Castro são alguns nomes que assinam as obras

sex, 06/06/2008 - 11h20 | Do Portal do Governo

Ainda que não possa tocar nas obras, o visitante aprecia mais à vontade, ao ar livre e de perto as 50 esculturas de grandes nomes da arte expostos no Parque da Luz. Enquanto passeia pelas alamedas do mais antigo jardim da cidade em meio às árvores centenárias, lagos e fontes, pode ainda ouvir explicações das obras e da história do lugar. Isso porque, desde maio, a Pinacoteca do Estado, detentora do acervo, promove visitas educativas gratuitas e com agendamento. Após a visita, com duração de uma hora, o público participa da oficina cultural na casa do administrador do parque.

As esculturas estão expostas ao público desde 2000, mas as visitas guiadas começaram após parceria entre o Estado e a prefeitura paulistana, responsável pelo parque. Será mais uma opção entre as atividades oferecidas pelo museu. A escolha do percurso dependerá do interesse do visitante, informa a educadora da Pinacoteca, Ana Mirio. A idéia é fazer a “leitura” de três esculturas, dar a volta pela obra para olhá-la por todos os ângulos, estudar aspectos relacionados à sua feitura e ao seu autor e esclarecer dúvidas e curiosidades.

Feito isso, o visitante é convidado a colocar em prática, de forma livre e criativa, o que compreendeu do que viu, na oficina cultural. O exercício artístico (com 30 minutos de duração) pode ser feito em papel, com tinta, argila, tecido, modelagem e colagem. Pode-se também coletar folhas, pedrinhas e sementes para os trabalhos. Todo o material é fornecido pelo museu. Um dos roteiros possíveis é mostrar o contraste entre a arte clássica e a contemporânea. A maioria das obras é moderna e contemporânea.

Quatro figuras femininas – De estilo neoclássico, há uma herma (escultura) de Giuseppe Garibaldi, o primeiro monumento público, inaugurado por Olavo Bilac. Esculpido em bronze por Emílio Gallori, em 1910, o busto do líder pela independência da Itália mostra a influência desse país. Tido como cartão-postal da cidade, o horto botânico se tornou centro das festas da colônia italiana. Em contraste ao estilo da herma, estão os trabalhos Craca (1995), de Nuno Ramos, feito em alumínio fundido e com fósseis de animais; e Fóssil (2000), de Sônia Von Brusky, escapamento de carro sobre suporte de granito.

Do acervo exposto que é possível traçar um panorama da arte do século 20, destacam-se os trabalhos Sem título (2004), de Amílcar de Castro; OC (1998), de Caciporé Torres; Sem título (1998), de Caíto; Sem título (2001), de Macaparama; Piramidal 34 (1999), de Ascânio MMM; Oração (1970), de Karoly Pichler; e Encontro e desencontro (2002), de Arcângelo Ianelli. Cada um com suas particularidades. Outro roteiro é averiguar como o artista trabalha, sua proposta e o resultado obtido.

“Na arte moderna, o artista deixa visível a maneira como fez a obra. Ele tira o véu e escancara o processo de criação”, explica Ana. Um bom exemplo é observar a figura feminina traçada por quatro artistas. Embora a temática seja a mesma, o resultado é completamente diferente. Três jovens (1939), de Lasar Segall; Figura feminina (2000), de Sônia Ebling; À procura de luz (1940), de Maria Martins; e Carregadora de perfume (1923/24), de Victor Brecheret, têm em comum o corpo nu de mulher.

Arte no jardim – Quem optar pelo estudo do tridimensional encontrará opções como em Fita (1985), de Franz Weissmann; Pincelada tridimensional (2000), de Marcelo Nitsche; Espaço-vibração (2000), de Yutaka Toyota. Além da própria composição, o tridimensional da escultura de Nitsche é marcado pelos três diferentes tons de azul. Na de Toyota, os reflexos do aço inoxidável captam a paisagem do entorno. Toda pintada de vermelho, a fita mostra movimento, ritmo e faz o olhar dar continuidade à obra.

Outra proposta é observar as esculturas de madeira de Elisa Bracher e José Bento. Embora ambos trabalhem com esse material, a criação de cada um é bem distinta. Elisa trata a madeira, faz intervenções (corte, recortes, pintura, parafuso) e sua preocupação é ambiental e ecológica, observa a educadora. Já Bento coleta árvores derrubadas ou caídas e “as dispõe de forma a sensibilizar o olhar. Não faz interferências e quer dar sobrevida aos troncos de madeira”. Uma obra que parece estar integrada à paisagem é o Colar, de Lygia Reinach.

Feito em cerâmica, o Colar é recoberto com terra, barro e água e pendurado nos troncos das árvores. Outro roteiro é notar como formas orgânicas (animais e plantas) ganham representação abstrata, sem esconder o fato de que foram concebidas a partir de uma realidade. Ao observar Vôo de Pássaro (1971) e Figura Heráldica (1976), ambas de Luiba Wolf, e as esculturas de Ivens Machado, Arthur Lescher e de Ângelo Venosa (todas denominadas sem título) é fácil fazer a referência. O homem pássaro (1985), de Nicolas Vlaviano, atrai o olhar pelo inédito da junção entre humano e bicho.

O mais antigo jardim da cidade tem 210 anos

O mais antigo parque da cidade foi criado em 1798, com a idéia de ser um horto botânico. Inaugurado em 1825, viveu períodos alternados de glória e decadência. Em 1938, torna-se jardim público, sendo que era o único local de descanso da população até o final do século 19. O jardim da luz ocupava toda a área onde hoje está situada a estação, o museu e o próprio Parque da Luz. Nos atuais 113 mil metros quadrados de área, encontra-se grande variedade de árvores nativas e exóticas. Muitas delas centenárias, como a figueira-de-bengala. Há exemplares de jaqueiras, figueiras, palmeiras, eucalipto vermelho, ipê-amarelo, pau-brasil e pau-ferro.

Com a construção da Estação da Luz, em 1910, o jardim perdeu a torre (com 20 metros, então observatório da cidade), recebeu influências inglesas e passou a viver período de glória ao se tornar o “ponto chic”. Trajando roupas elegantes, a elite passeava pelo local e assistia a concertos e espetáculos teatrais e circenses.

No final do século 19, recebeu melhorias, novo paisagismo, caminhos sinuosos, bosques e alamedas arborizadas. Em 1981 foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat). A partir de 1986, passou por recomposição da vegetação e reforma de equipamentos. Em 1999, a reforma incluiu condições ambientais e de segurança.

SERVIÇO

Praça da Luz, s/no

Agendamento: (11) 3324-0942 / 3324-0943

Período de visitação educativa gratuita:

Quinta-feira, das 14 às 16 horas (grupos e escolas),

exceto feriados;

Aos domingos (grupos em geral), das 10 às 11 horas

Para quem quiser apenas apreciar as esculturas,

o parque abre de terça-feira a domingo, das 9 às 18 horas

Da Agência Imprensa Oficial

(M.C.)