Pesquisas integram projeto nacional

Brasil teria condições de produzir, em 2025, álcool combustível suficiente para substituir 10% de toda a gasolina consumida no mundo

dom, 10/06/2007 - 10h10 | Do Portal do Governo

As pesquisas conduzidas atualmente pela equipe da professora Silvia Nebra estão inseridas no Projeto Etanol, estudo desenvolvido pelo Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Estratégico (Nipe) da Unicamp em conjunto com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Na coordenação geral do trabalho está o físico Rogério Cerqueira Leite, professor emérito da Universidade. De acordo com um relatório já apresentado pelo Nipe, o Brasil teria condições de produzir, em 2025, álcool combustível suficiente para substituir 10% de toda a gasolina consumida no mundo. Isso equivaleria a algo como 205 bilhões de litros por ano.

Em reportagem publicada em março deste ano pelo Jornal da Unicamp, o pesquisador colaborador do Nipe, Carlos Eduardo Rossell, considerou esse objetivo perfeitamente possível de ser alcançado, desde que o país consiga conjugar vontade política do governo, planejamento por parte do setor sucroalcooleiro e desenvolvimento científico e tecnológico. Considerado o principal especialista brasileiro em hidrólise ácida, Rossell afirmou que uma das bases do Projeto Etanol está justamente no aproveitamento do bagaço e da palha da cana-de-açúcar para a produção de álcool combustível.

Diversas nações do mundo estão empreendendo esforços para dominar o processo de hidrólise para a produção de etanol. O Brasil está entre eles. Na Europa e Estados Unidos, no entanto, os estudos se concentram na palha do trigo e nos resíduos da colheita do milho. Assim, é importante que o país busque sua própria alternativa tecnológica, sob pena de vir a se tornar dependente de um modelo que provavelmente não se aplicará à sua realidade e necessidades. Na hidrólise ácida, o catalisador é um ácido, cuja função é quebrar as moléculas de celulose presentes no bagaço e na palha. Com isso, obtêm-se açúcares, que depois de fermentados se transformam em álcool. Ocorre, porém, que essa reação é muito rápida, o que dificulta o seu controle e favorece o surgimento de resultados adversos.

Há ainda a hidrólise enzimática, que como o próprio nome indica utiliza enzimas para promover a quebra das moléculas de celulose. Esse processo está sujeito a maior controle, mas em compensação é muito mais lento. No curto prazo, conforme o professor Rossell, a hidrólise ácida deve se constituir no caminho mais rápido para o Brasil aproveitar o bagaço e a palha da cana para ampliar a sua produção de etanol. “Isso não significa que a hidrólise enzimática não tenha interesse, muito pelo contrário, mas é uma tecnologia mais complexa e levará mais tempo para ser viabilizada”.

Do Jornal da Unicamp