Pesquisadores testam técnicas que reduzem perdas da uva

Há tecnologias que ampliam a vida útil da uva cv.niagara

sáb, 19/01/2008 - 10h07 | Do Portal do Governo

Pesquisa desenvolvida pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento sobre técnicas de pós-colheita da uva cv. niagara mostrou que há tecnologias capazes de ampliar a vida útil da fruta, prioritariamente consumida in natura e habitualmente muito ofertada no período das festas de fim de ano, o que faz cair os preços recebidos pelos produtores, apesar da procura.

A pesquisa fez parte do projeto Redução das Perdas de Uva de Mesa cv. Niagara, coordenado pelo pesquisador Maurilo Monteiro Terra, do Instituto Agronômico (IAC), também da Secretaria, com financiamento do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). O trabalho envolveu, ainda, o Instituto de Economia Agrícola da Pasta (IEA) e a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo).

A pesquisadora do Grupo de Engenharia e Pós-Colheita (GEPC/Ital), Sílvia Valentini, diz que tecnologias costumam ser aplicadas para a conservação das uvas consideradas finas e destinadas à exportação, como a itália e a benitaka, o que não ocorre com a niagara. Ainda assim, a cultivar possui vantagens com relação às chamadas finas, como menor custo de produção, características de rusticidade que exigem um número menor de pulverizações de defensivos e excelente aceitação pelo mercado consumidor.

O Estado é o maior produtor nacional de uva para mesa, com produção anual de 189,7 mil toneladas. As cultivares de uva comum, representada principalmente pela niagara rosada, correspondem a 89,1% do total de plantas e 49,1% da produção de uva no Estado. A pesquisa foi concentrada em três municípios de destaque: Jundiaí, Louveira e Jales.

Para aliar os benefícios característicos da niagara às potencialidades de tecnologias pós-colheita, foram testadas as técnicas de aplicação de cloreto de cálcio e ácido naftalenoacético até alguns dias antes colheita, combinados com técnicas de pós-colheita como o uso de sistemas de embalagens, refrigeração e irradiação ultravioleta.

As tecnologias foram escolhidas pelas experiências bem-sucedidas de sua aplicação em outras frutas e hortaliças. A irradiação UV-C, por exemplo, vem se destacando no controle de podridões pós-colheita em diferentes frutas, é germicida e tem propriedades de indução de resistência a doenças, além de ser uma alternativa ao emprego de produtos químicos. “Já o manejo da temperatura é tão importante no controle de doenças pós-colheita que todos os outros métodos têm sido descritos como complementares à refrigeração”, explica Sílvia.

Segundo as pesquisadoras Eliane Benato (GEPC/Ital) e Patrícia Cia (IAC), responsáveis pelos estudos de controle de doenças pós-colheita nas uvas, são imprescindíveis um bom manejo da cultura e tratamento fitossanitário adequado no campo para que as tecnologias aplicadas conservem a qualidade da fruta por mais tempo e consigam controlar efetivamente as doenças.

“O emprego dessas técnicas é viável. A refrigeração é a que exige mais investimentos, mas é possível os produtores formarem um grupo para a compra de câmaras frias e do sistema de transporte refrigerado. Eles precisam se associar para montar uma estrutura. É vantajoso, economicamente viável e com retorno em curto prazo”, ressalta Sílvia. A pesquisadora conta que, no desenvolvimento do trabalho, os profissionais estiveram em contato permanente com os produtores, os quais acompanharam a evolução e forneceram a matéria-prima.

Da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento / Com informações da Assessoria de Comunicação do Ital

(I.P.)