Pesquisadores estudam impacto da poluição do ar na saúde

No Brasil, o projeto é coordenado pelo Prof. Nelson Gouveia, da Faculdade de Medicina da USP

qua, 05/09/2007 - 19h13 | Do Portal do Governo

Um grupo de pesquisadores ligados a instituições científicas do Brasil, México e Chile, financiado pelo Health Effects Institute (HEI), está desenvolvendo um projeto de pesquisa sobre os efeitos da poluição do ar na saúde, em grandes centros urbanos da América Latina. Denominado “Estudo de Saúde e Contaminação do Ar na América Latina” (ESCALA na sigla em espanhol), o projeto é o primeiro do gênero que reúne países latino-americanos.

O objetivo é avaliar mais profundamente os efeitos, a curto prazo, da poluição do ar na morte prematura de pessoas nas cidades do México, Monterrey e Toluca (México), São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre (Brasil), e Santiago, Temuco e Rancagua (Chile).  O ESCALA analisará também o impacto da poluição do ar nos grupos mais vulneráveis da população como as crianças, jovens, pessoas idosas e carentes.

No Brasil, o projeto vem sendo coordenado pelo Prof. Dr. Nelson Gouveia, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP. Além da FMUSP, integram o projeto pesquisadores da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). Nesta quinta-feira, dia 6 de setembro, Gouveia participa na Cidade do México de uma coletiva de imprensa para divulgar o projeto de pesquisa, que teve início há um ano e meio. A coletiva acontece durante a 19ª Conferência da Sociedade Internacional de Epidemiologia Ambiental (ISEE 2007), que teve início nesta quarta-feira, dia 5, e vai até o dia 9 de setembro, na capital mexicana.

O evento é promovido pelo Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP), uma das mais importantes instituições de ensino superior dedicada à formação e investigação em saúde pública da América Latina.

Diversos estudos científicos comprovam a relação da poluição atmosférica com a redução da expectativa de vida. No ano passado, a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou um documento contendo as Diretrizes de Qualidade do Ar, no qual foram anunciados os novos padrões mundiais de qualidade do ar e as metas recomendadas para a redução dos riscos à saúde.

Participaram da elaboração do documento 80 especialistas no assunto, de várias partes do mundo, entre eles o Prof. Dr. Nelson Gouveia e o Prof. Dr. Paulo Saldiva, ambos da Faculdade de Medicina da USP. As metas requerem níveis bem mais baixos de poluição do que aqueles observados atualmente na maioria das cidades da América Latina e Caribe.

As Diretrizes da OMS preconizam níveis de PM10 (material particulado) abaixo de 20 µg/m3 para evitar efeitos danosos à saúde, mas muitos países latino-americanos ainda têm padrões de qualidade do ar em torno de 50 µg/m3. A OMS estima que reduzir os níveis de PM10 de 50 µg/m3 para 20 µg/m3 poderia reduzir as mortes nas cidades poluídas em até 9% ao ano. As novas Diretrizes também baixaram substancialmente os limites recomendados de ozônio e de dióxido de enxofre.

De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, a poluição do ar em áreas urbanas que excedem esses níveis recomendados provocam mais de 750 mil mortes prematuras por ano, em todo o mundo, e mais da metade destas mortes acontece em populações de países em desenvolvimento.

Da Assessoria de Imprensa da FMUSP

(R.A.)