Pesquisadores desenvolvem método para elaborar novo IDM

Projeto piloto do Índice de Desenvolvimento Municipal foi testado em Ourinhos, entre 2005 e 2006

sex, 29/06/2007 - 17h03 | Do Portal do Governo

Um método de pesquisa para a caracterização e elaboração de um novo Índice de Desenvolvimento Municipal (IDM) em cidades brasileiras foi desenvolvido por docentes da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

O projeto, que teve início com um convênio de cooperação firmado pela Assessoria de Relações Exteriores (Arex), órgão vinculado à reitoria da Unesp, com a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, busca mapear as condições de vida de áreas urbanas para fornecer às prefeituras caminhos para o planejamento de políticas públicas.

Para comprovar a eficácia da metodologia de coleta de dados do IDM e verificar a possibilidade de transferir a metodologia para outros municípios, um projeto piloto foi realizado em 2005 e 2006 no município de Ourinhos, interior paulista.

A cidade foi estratificada em 16 zonas homogêneas e a caracterização do desenvolvimento humano e qualidade de vida foi feita a partir de quatro áreas temáticas: saúde, educação, segurança e saneamento. Mais de 800 famílias foram consultadas em Ourinhos.

“A coleta de dados do projeto foi feita por amostragem. Primeiramente, dividimos a cidade em estratos socioeconômicos com base em indicadores do IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística], como escolaridade e renda. Em seguida, fizemos um sorteio aleatório das residências em que os estudantes iriam colher os dados”, disse Fernando Frei, coordenador do projeto, à Agência FAPESP.

Segundo ele, o IDM é caracterizado pelo conceito da distância entre os resultados de cada indicador e um valor ótimo almejado. O resultado final do índice apresenta uma pontuação que varia de zero (o pior desenvolvimento humano municipal) a mil pontos (o melhor).

“Se de cem crianças que vivem em determinada região dez morrem antes de completar o primeiro ano de vida, temos um coeficiente de 0,1. Como o ideal é que a taxa de mortalidade infantil seja zero, quanto menor a distância entre os valores coletados e seus respectivos ótimos, maior será o valor do IDM”, explicou Frei, que é professor da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, em Assis.

Segundo o pesquisador, esse conceito se assemelha ao empregado pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Organização das Nações Unidas (ONU) e pelo Índice de Desenvolvimento Infantil do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

O resultado do IDM é fornecido de maneira geral, englobando todo o município, e por áreas temáticas em cada uma das zonas homogêneas da cidade. “O IDM geral da cidade de Ourinhos apresentou 800 pontos, considerado bom”, destacou Frei. Dentro desse contexto geral, a educação foi a área com menor pontuação, com 630 pontos, e segurança a maior, com 965.

“O modelo de coleta e geração dos dados do IDM pode ser aplicado em qualquer cidade do país. Um dos resultados do projeto foi o desenvolvimento de um sistema de informática, disponível gratuitamente na internet, que pode ser acessado pelos gestores municipais para a elaboração dos indicadores”, disse Frei. A metodologia está sendo aplicada nas cidades de Marília, São José do Rio Preto e Jaboticabal, todas no interior de São Paulo.

Participaram do projeto Índice de desenvolvimento municipal: alternativa metodológica para a avaliação intra-urbana, apoiado pela FAPESP por meio do Programa de Pesquisas em Políticas Públicas, alunos e docentes da Unesp da Faculdade de Ciências e Letras, em Assis, e do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, em São José do Rio Preto, além de um pesquisador da UFSCar.

Da Agência Fapesp