Pesquisadora lança site com dicas sobre combate à dengue

Rajado de preto-e-branco, o mosquito é o mesmo que transmite a febre amarela

qua, 09/04/2008 - 13h05 | Do Portal do Governo

Rajado de preto-e-branco, o mosquito é o mesmo que transmite a febre amarela. A maneira mais eficiente de controlá-lo é eliminar seus criadouros, os famosos depósitos de águas paradas. Essas características do Aedes aegypti, transmissor da dengue, são conhecidas por boa parte da população brasileira.

Preocupada, no entanto, com a possibilidade de tais informações não estarem sendo assimiladas pelos moradores do Rio de Janeiro – que enfrentam epidemia de dengue causada, em parte, pela não aplicação correta de medidas preventivas –, a professora Hermione de Campos Bicudo, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), resolveu fazer sua parte: Lançou o Projeto Ação Comunitária para o Controle do Aedes Aegypti, que tem como instrumento principal uma página no site do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce), de São José do Rio Preto. Hermione leciona no Programa de Pós-Graduação em Genética desse instituto.

Na página encontram-se, além de informações e curiosidades sobre o mosquito, métodos preventivos de baixo custo, como o uso da borra de café ou do sal fino de cozinha, duas alternativas para criadouros em potencial que não podem ser completamente eliminados.

“A idéia é contribuir para a formação de agentes multiplicadores, de todos os setores da sociedade, interessados em se engajar na tarefa de difundir por que e como devemos combater o Aedes aegypti. Damos foco à prevenção, pois, na fase adulta, o mosquito tem características biológicas que tornam seu combate muito mais difícil”, afirma a professora, que há 20 anos desenvolve pesquisas com o mosquito. 

Texto didático – O site do projeto contém abrangente texto didático, escrito com base em resultados de estudos feitos no instituto, com explicações sobre a biologia do mosquito, suas principais características e os meios de transmissão do vírus. Há também informações sobre as formas de desenvolvimento do inseto, processo que dura, em média, sete dias e tem quatro fases: ovo, larva, pupa e adulto. Descreve ainda particularidades dos criadouros e estratégias para combatê-los.

Uma apresentação no programa Power Point, que pode ser baixada por qualquer interessado, com diversas imagens e um resumo das informações do projeto, também estão no site. O material ajuda a repassar os conceitos a outros interessados.

A página da Internet destaca que o Aedes aegypti, que tem vida útil de cerca de 40 dias, tem características que lhe conferem grandes vantagens para a sua sobrevivência. Sabe-se que as fêmeas do mosquito botam os ovos em águas paradas, mas o grande problema, segundo a professora da Unesp, é que eles podem se desenvolver mesmo em pequenos recipientes, como uma tampinha de garrafa por exemplo.

“Mesmo que a água da tampinha seque, os ovos podem permanecer vivos por até um ano. Se a tampinha voltar a encher, podem ser desenvolvidos naquele pequeno espaço até 300 ovos de uma mesma fêmea. Além de o mosquito se esconder no meio de uma grande variedade de espécies de plantas, uma tampinha também é um criadouro em potencial. O seu ovo tem o tamanho de um ponto feito por uma lapiseira em um papel”, explica. 

Mortalidade – Diferentemente da febre amarela, que conta com uma vacina para o seu controle, no caso da dengue – inclusive para a sua forma mais severa, a hemorrágica – ainda não há vacina nem tratamento específico. Isso faz com que o índice de mortalidade seja elevado. Em 2007, aproximadamente 500 mil pessoas contraíram a doença no Brasil e pelo menos 250 morreram de dengue hemorrágica.

“Neste ano, no Rio de Janeiro, já foram registrados mais de 50 óbitos ocasionados pela doença, sendo a maioria de crianças. Calcula-se que sejam infectadas 75 pessoas por hora naquele Estado, o que fez com que o governo assumisse o caráter de epidemia. Até o fim do ano passado, a doença não tinha chegado ao Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Hoje, está presente em todos os Estados brasileiros”, lamenta. 

SERVIÇO

Mais informações, no site www.ibilce.unesp.br/dengue  

Thiago Romero

Da Agência Fapesp