Pesquisa mostra que eletrônica responde por 90% das inovações nos automóveis

Estudo da Escola Politécnica (Poli) da USP mostra que a eletrônica embarcada em veículos ainda é desprezada pelos consumidores

sex, 29/06/2007 - 9h01 | Do Portal do Governo

Pesquisa da Escola Politécnica (Poli) da USP mostra que a eletrônica embarcada em veículos, apesar da melhoria de desempenho e segurança, ainda é desprezada pelos consumidores. “A eletrônica é responsável por 90% das inovações tecnológicas nos automóveis, mas o tema é negligenciado no País, causando prejuízos econômicos, perda de competitividade e atraso tecnológico”, ressalta o engenheiro Iannis Nicolaos Papaioannou, autor do trabalho.

Iannis escolheu os freios ABS, um sistema de segurança ativo em veículos, como estudo de caso. “O brasileiro não tem informações sobre a importância do ABS e não faz questão do item ao adquirir um veículo, ou seja, ele não pesa em sua decisão de compra”, revela. A pesquisa faz parte do projeto de conclusão do curso de Mestrado Profissional em Engenharia Automotiva da Poli. O trabalho contou com a orientação do professor Lucas Moscato.

Segundo o engenheiro, desde 2005 todos os veículos dos países europeus já saem de fábrica com o dispositivo. “De acordo com estudo da National Highway Traffic Satefy Administration (NHTSA), o ABS reduziu em 14% o envolvimento em colisões e em 24% os acidentes fatais”, aponta. “A Association of German Insurance Business, da Alemanha, aponta que o percentual de veículos com ABS naquele país chega a 92%, na América do Norte o sistema está presente em 74% dos veículos, no Japão em 62% e no Brasil em apenas 3% da frota”.

Iannis estima que o ABS aumente em cerca de R$ 2 mil a R$ 3 mil o custo final de um veículo nacional, mas à medida que o item de segurança se tornar obrigatório e for adotado em grande escala pelos fabricantes, o valor poderá cair bruscamente, chegando a R$300 ou R$400.  O pesquisador defende a importância de uma maior divulgação sobre o tema. “A mídia poderia simular situações que valorizem a questão da segurança do veículo e desmistifiquem a idéia de que a eletrônica embarcada é um item de luxo”.

Informação

Na dissertação “Estudo da Eletrônica Embarcada e sua situação atual no Brasil”, o engenheiro procurou chamar a atenção sobre a importância do uso da eletrônica nos veículos brasileiros.  “A eletrônica embarcada é bem utilizada pelos fabricantes de veículos no que diz respeito à redução de emissões, melhoria da economia de combustível, diferenciação do produto em questões de segurança e conforto, redução dos custos de manutenção, entre outros aspectos”, destaca.

Do ponto de vista do consumidor de veículos populares e médios, a eletrônica embarcada sofre com o preconceito do desconhecimento de suas aplicações e, conseqüentemente, do possível aumento de custo.

“Um fato que ocorre com freqüência é que, após retirar o veículo da concessionária, a primeira iniciativa do proprietário é a de adquirir um aparelho de som, após o seguro do automóvel, é claro, cujos valores somados ultrapassam o de um sistema ABS e de airbag”, diz Iannis, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Cantec, empresa que desenvolve sistemas automotivos eletrônicos.

O engenheiro aponta que, por falta de divulgação da importância da eletrônica embarcada, há uma grande desconfiança do uso desta tecnologia. “Quando as pessoas percebem as vantagens de determinados dispositivos, elas mostram-se dispostas a investir mais no automóvel”, afirma. “Veja o caso dos motores convertidos para gás, o mercado compreendeu a economia e hoje é um produto bem aceito”.

Da Agência USP Online

Com informações da Assessoria de Imprensa do Departamento de Engenharia Mecânica da Poli

(R.A.)