Pesquisa do Procon-SP revela alta de 1,15% na cesta básica

O preço médio da cesta, em 28 de fevereiro, era R$ 212,10 e passou para R$ 214,54 em 30 de março. O grupo Higiene Pessoal foi o que registrou a maior

qui, 12/04/2007 - 10h09 | Do Portal do Governo

O valor da cesta básica de março apresentou alta de 1,15%, revela pesquisa da Fundação Procon-SP, órgão vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, em convênio com o Dieese. O preço médio da cesta, em 28 de fevereiro, era R$ 212,10 e passou para R$ 214,54 em 30 de março. O grupo Higiene Pessoal foi o que registrou a maior alta: 2,66%.

Dentre os produtos que compõem o grupo Alimentação, destacamos os que registraram as  maiores  altas de preço neste mês:  batata – kg (43,18%),  cebola – kg  (25,77%), queijo muzzarela fatiado – kg (8,08%), e ovos brancos – dz. (7,73%).

Dos 31 produtos pesquisados na variação mensal 18 apresentaram alta, 11 diminuíram de preço e dois permaneceram estáveis. Por grupo, foram constatadas as seguintes variações: Alimentação, 1,09%, Limpeza, 0,29% e Higiene Pessoal, 2,66%.  

O recorde da cesta básica desde o Plano Real foi verificado em 18/05/05, quando o valor chegou a R$ 221,09.

A variação no ano é de -0,35% (base 28/12/06) e, nos últimos 12 meses, de 3,39% (base 30/03/06).

Os aumentos ou quedas de preço dos produtos que compõem a cesta básica nem sempre estão atrelados a algum desequilíbrio entre oferta e demanda, motivado por razões internas (quebras de safra, política de preços mínimos aos produtores, conjuntura econômica do país, etc.) ou por razões externas (mudanças no cenário internacional, restrições políticas ou sanitárias às importações brasileiras, etc.). As alterações de preços, especialmente as de pequena magnitude, podem refletir tão somente procedimentos adotados por determinados supermercados da amostra, seja para estimular a concorrência, para se destacar em algum segmento, ou simplesmente para “desovar” estoques através do rebaixamento temporário dos preços.

A análise a seguir pretende focalizar, dentre os produtos com maior participação na variação do valor médio da cesta básica deste mês, aqueles cuja oferta e demanda estejam sendo (ou poderão ser) influenciados por fatores macroeconômicos.

 

Batata

A batata continua apresentando alterações bruscas de preço. No ano passado a pesquisa da cesta básica registrou variações mensais que oscilaram entre -27,33% e 11,70% nos preços desse produto.

Em janeiro e fevereiro deste ano houve pequenas variações positivas. Em março, no entanto, verificou-se uma surpreendente alta. Foi a maior variação mensal positiva desde dezembro de 2005, quando registrou 45,32% de aumento em relação ao mês anterior. No ano a batata acumulou a segunda maior variação positiva da cesta básica, 51,81%.

A batata é um produto bastante sensível a doenças e é exigente quanto às condições do solo e do clima. Sabe-se que o bataticultor é quase um nômade, pois, para fugir das doenças que atacam as plantações, é obrigado a mudar a área de cultivo após cada colheita, dependendo para isso do arrendamento de terras.

O baixo preço pago ao produtor entre novembro de 2006 e fevereiro de 2007 veio agravar ainda mais essa situação, especialmente para os agricultores do sudoeste paulista, do Paraná e do sul de Minas Gerais. Cerca de dois mil produtores de batata localizados na região sul de Minas Gerais amargaram prejuízos com a superoferta do produto no mercado e o conseqüente rebaixamento dos preços. Em Guarapuava, no interior do Paraná, os produtores chegaram a se desfazer das sobras do produto, já que não havia condições de armazenamento.

Esse aumento do preço da batata, registrado na pesquisa da cesta básica de março, pode estar associado a uma retração da oferta, derivada da retirada maciça do produto do mercado. Para a safra das secas, está prevista uma diminuição da área plantada.

 

Cebola

A exemplo do que ocorreu em janeiro e fevereiro deste ano, o preço da cebola na pesquisa da cesta básica voltou a apresentar elevação em março. Foi a maior variação mensal positiva desde novembro de 2005, quando houve alta de 35,65% em relação ao mês anterior. No ano a cebola acumulou a maior variação positiva da cesta básica, 82,09%.

Problemas climáticos, resistência dos produtores em vender o produto a preços baixos, entre outros fatores, restringiram a oferta do produto no mercado interno.

A alta do preço já era prevista por grande parte dos produtores sulistas, pois, com a finalização da safra nordestina, o Sul passou a ser o principal abastecedor do mercado em fevereiro e março. A baixa oferta de cebolas no Nordeste (pela diminuição da área plantada) deve motivar o aumento das importações do produto argentino.

Por conta de adversidades climáticas, o plantio no Sudeste e no Centro-Oeste também foi atrasado neste ano, o que pode causar concentração da oferta nacional no início do segundo semestre.

 

Leite

O preço do leite está em alta em plena safra e o principal motivo foi a queda na oferta. Em muitas regiões, o excesso de chuvas prejudicou o transporte. Em Minas Gerais as estradas ficaram praticamente intransitáveis, atrasando a entrega do produto nas cooperativas.

O excesso de chuvas também prejudicou a produtividade das vacas, uma vez que o acúmulo de barro causa desconforto aos animais, diminuindo a ingestão de alimentos e, consequentemente, a produção de leite.

Exceto no Rio Grande do Sul, a produção não se expandiu como se esperava. Além disso, houve um aumento expressivo do preço internacional, o que estimula a exportação, mesmo com o real valorizado.

Segundo analistas do setor, a exportação será a saída para o setor em 2007. As exportações têm sido, aliás, um dos principais elementos a impulsionar o mercado brasileiro de leite nos últimos anos e um fator determinante do comportamento dos preços internos. Por outro lado, o setor brasileiro de leite pode esperar uma concorrência maior dos argentinos, que acabam de derrubar a taxa de exportação de 10% para 5%.

Na pesquisa da cesta básica, o leite em pó integral apresentou variações positivas de preço nos últimos dois meses. Na categoria dos derivados, o queijo muzzarela registrou aumento de preço em março, depois de quatro meses consecutivos apresentando queda; foi a maior variação mensal positiva desde maio de 2004, quando houve alta de 9,77% em relação ao mês anterior.  

Ovos

Os preços dos alimentos no varejo subiram mais no primeiro bimestre deste ano do que em todo o ano passado e pressionaram a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em fevereiro. Dentre os produtos que contribuíram para essa alta está o ovo de galinha.

Segundo o IEA (Instituto de Economia Agrícola), a disparada dos preços dos ovos reflete a menor oferta sazonal e a expectativa de aquecimento da demanda na Semana Santa.

Além do aspecto sazonal, observa-se uma tendência de redução da produção de ovos – com o descarte das galinhas – como estratégia de elevação dos preços. Essa pressão, iniciada no atacado, está sendo transmitida ao varejo desde fevereiro, fato confirmado pelos aumentos de preço dos ovos brancos, registrados na pesquisa da cesta básica, nos dois últimos meses.

da Assessoria Imprensa/Procon-SP

C.P