Pesquisa do HC revela que atividade física reduz em 60% sintomas de asma

Aspectos psicossociais, como ansiedade e depressão, características do asmático por natureza, também foram atenuados

seg, 07/06/2010 - 15h00 | Do Portal do Governo

Estudos realizados pelo Serviço de Fisioterapia do Instituto Central do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP, apontam que a atividade física reduz em até 60% os sintomas de asma, como tosse, chiado, falta de ar e aperto no peito.  De 16 episódios por mês, os pacientes passaram a apresentar seis episódios.

Os aspectos psicossociais, como ansiedade e depressão, características do asmático por natureza, também foram atenuados, comprovando a eficácia do método para a melhora da qualidade de vida e auto-estima dos pacientes.

A asma é uma doença inflamatória da mucosa bronquial que impede a passagem do ar até os pulmões. O quadro é caracterizado por falta de ar acompanhado de tosse, chiado e aperto no peito. Normalmente é controlado com o uso de broncodilatadores que cumprem a função de expandir os brônquios e permitir a passagem do ar.

O estudo, o maior em termos populacional, avaliou 101 pacientes adultos, com idade de 20 a 50 anos, em tratamento no Hospital das Clínicas, durante três anos.

Num primeiro momento, os indivíduos participaram de programa educacional. Os pesquisadores enfatizaram o controle dos fatores ambientais que desencadeiam as crises asmáticas, o uso correto da medicação durante o tratamento e a auto monitorização dos sinais e sintomas da asma.

Depois, os pacientes foram divididos em dois grupos. O primeiro passou por um tratamento fisioterápico, com a realização de exercícios respiratórios e treinamento aeróbico, além do acompanhamento clínico.  As atividades físicas aconteceram, duas vezes por semana, durante 30 minutos, por três meses.

O outro grupo só recebeu exercícios respiratórios e acompanhamento clínico.  Em ambos os casos a medicação não foi alterada.

Os resultados surpreenderam os especialistas. Os pacientes submetidos a atividades físicas tiveram menos sintomas de asma e melhoraram a qualidade de vida, especialmente na época do inverno, quando se intensifica os problemas de saúde, enquanto o outro grupo não apresentou mudanças no quadro clínico.

Segundo o fisioterapeuta Felipe Mendes, autor do trabalho, a atividade física, na maioria das vezes, é considerada uma vilã para pacientes asmáticos por ser um dos fatores desencadeantes mais comuns de crises. Por essa razão, os portadores de asma tendem a ser menos ativos e mais descondicionados que seus pares saudáveis. No entanto, quando o exercício físico é realizado corretamente as complicações são minimizadas.

Em 2007, estudos do Hospital das Clínicas comprovaram a eficácia do método em crianças. Agora, os pesquisadores querem compreender a influência do exercício aeróbio no processo inflamatório pulmonar.

Uma das hipóteses é que o exercício aeróbio reduz a resposta alérgica e aumenta a produção de mediadores antiflamatórios como já verificado em estudos com animais, explica Celso Carvalho, orientador do estudo.

Do Hospital das Clínicas