Pesquisa da USP relaciona risco de transtorno mental comum com tabagismo

Estudo afirma que mulheres fumantes têm mais chances de sofre de TMC

ter, 15/02/2011 - 20h00 | Do Portal do Governo

Mulheres fumantes têm um risco maior de sofrer de Transtorno Mental Comum (TMC), em relação às não fumantes, assim como mulheres que não fumam que sofrem de TMC também têm mais chances de adquirir o hábito de fumar. O TMC é um transtorno causado por uma ruptura do funcionamento normal das funções neurológicas, tendo como sintomas, por exemplo, o esquecimento e a dificuldade de concentração. Mas no caso do universo masculino, não é possível encontrar essa associação entre Tabagismo e TMC.

Segundo a psicóloga e mestre em Saúde Pública Danuta Medeiros, que estudou o assunto em sua pesquisa de mestrado, perceber essa “singularidade de gênero” é um grande passo para que programas de cessação do tabagismo sejam melhor sucedidos. “Já que temos a constatação dessa diferença, podemos pensar em fazer as campanhas de maneira mais direcionada, clara, e efetiva”, afirma a pesquisadora.

Em seu estudo chamado Tabagismo e Transtorno Mental Comum na população de São Paulo – SP: um estudo a partir do Inquérito de saúde no município de São Paulo (ISA-CAPITAL), realizado na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, Danuta aponta que, apenas tratando-se das mulheres é possível relacionar o Tabagismo ao TMC. Segundo o trabalho, os sintomas do TMC são muito parecidos com os da abstinência ao cigarro de nicotina.

Tabagismo e TMC

O estudo aponta que há maior prevalência do tabagismo em homens, e isso está relacionado à própria história do consumo cigarro de nicotina, que intensificou-se nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial. Além disso, Danuta constatou que a religião também é um fator que pode influenciar no consumo. A pesquisa revela, por exemplo, que das religiões mais conhecidas e seguidas no Brasil, no meio evangélico há a menor prevalência de tabagistas e a maior prevalência de pessoas que nunca experimentaram o cigarro. Isso mostra que pessoas que têm algum tipo de religião e seguem suas normas, geralmente fumam menos.

A pesquisa mostrou também que, com relação ao TMC, as mulheres são as que mais apresentam o transtorno, “provavelmente por serem mais queixosas ou ainda darem maior atenção a sua saúde mental”, sugere Danuta. Além disso, outra conclusão das análises é que a escolaridade pode diminuir a chance de TMC, assim como a prática de atividades físicas. A psicóloga afirma ainda que o alcoolismo também pode ter uma preocupante relação com o transtorno.

Da USP