Penitenciárias paulistas usam arte em ressocialização de presos

Atividade ajuda na reflexão e expressão da realidade dos participantes

sáb, 13/12/2008 - 12h03 | Do Portal do Governo

Inúmeros estudos apontam a importância da vivência e fruição da arte como atividade transformadora de comportamentos. Desse modo, várias unidades prisionais da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) desenvolvem atividades artísticas com as pessoas que estão sob sua custódia, provendo, assim, um instrumental de reflexão e expressão sobre a realidade.

O Centro de Ressocialização Feminino (CRF) de São José do Rio Preto optou por estimular os talentos já existentes entre as presas da unidade, com uma atividade de estímulo à pintura, com óleo sobre tela. Em cerimônia realizada dentro da unidade em novembro, as participantes ganharam uma premiação (anéis, brincos e colares doados pela empresa Juan Jóias e Bijouterias) e seus trabalhos ficarão expostos permanentemente na unidade, sendo trocados anualmente por novas produções das “artistas” da unidade.

As Penitenciárias I de Guareí e II de Lavínia oferecem cursos de desenho a seus reeducandos. As aulas são ministradas por monitores presos das próprias unidades e têm resultados surpreendentes, com a descoberta de vários talentos. Além das técnicas artísticas próprias do desenho, os reeducandos tiveram aulas de história da arte e de geometria.

 Na PI de Guareí, as aulas começaram em abril e se encerraram com uma exposição dos trabalhos no final de outubro. O curso será realizado novamente em fevereiro de 2009 para novos alunos e terá, além do professor, um monitor – um dos alunos da turma anterior se destacou tanto que será aproveitado para auxiliar nas aulas. Na PII de Lavínia, a próxima turma será encaminhada de forma diferente: o curso – que começou em maio e concluiu a primeira etapa em agosto – terá um aperfeiçoamento com a mesma turma.

“Essa segunda etapa será um desdobramento, pois a primeira foi mais um aprendizado técnico”, explica Luiz Carlos Buzo, do Núcleo de Trabalho da PII de Lavínia. “A próxima será mais artístico. A idéia é deixá-los prontos para, quando estiverem na rua, poderem trabalhar, abrir um ateliê”, diz.

Na Penitenciária I de Guareí, segundo o Diretor do Centro de Trabalho e Educação, Carlos Alberto de Almeida, a meta é oferecer uma melhor estrutura para a próxima turma do curso, tanto na sala de aula, quanto no material fornecido para execução dos trabalhos, como tintas, lápis e telas. Já na primeira turma, os resultados têm sido muito bons: um dos reeducandos desenhou um gibi inteiro com giz de cera, que fala sobre encarceramento.

A Penitenciária Feminina de Ribeirão Preto optou por trabalhar com sobras de madeira, ensinando as reeducandas da unidade a transformá-las em peças artesanais como carrinhos e porta-jóias. O curso foi ministrado durante seis meses na unidade pelo artesão voluntário Joaquim Antônio de Almeida e teve ótima repercussão entre as reeducandas. “O curso foi um ótimo incentivo profissional, pois dá grande satisfação pessoal, estimula e nos faz sentir pessoas capazes de ter uma vida digna”, elogia uma reeducanda. “Com oportunidade todos podem ter novas profissões e, nesse caso, pode passar para seus filhos uma profissão e uma arte” completa.

Da Secretaria da Administração Penitenciária

(I.P.)