Passos certeiros

Equipe especializada na prevenção de queda de idosos realiza atendimento no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo

sex, 06/07/2012 - 10h01 | Do Portal do Governo

“Com o aumento da expectativa de vida da população, a queda de idosos é um problema cada vez mais importante”, frisa o nefrologista Egídio Dórea, coordenador do grupo criado por ele em 2010. Os números atestam a preocupação do médico. Quinta causa geral de morte de pessoas com mais de 60 anos no mundo; no Estado, ela é o principal fator externo de internações e o terceiro responsável pela morte da população dessa faixa etária.Em contrapartida à gravidade do quadro, o trabalho de prevenção destaca-se como uma necessidade premente. “O ideal é tomar as medidas necessárias para evitar a queda, por ser, para o idoso, um indicador de algo muito mais grave”, ressaltou o médico durante a realização do Dia Mundial de Prevenção de Queda de Idosos no HU, que reuniu 72 interessados com mais de 60 anos.

A divulgação foi feita com cartazes e pelo  site do HU, no qual há um  link que direciona para o atendimento especializado. Aurora Celli, de 84 anos, entusiasta do tratamento, foi uma das primeiras a chegar. “Mandei meu depoimento sobre esse trabalho para o e-mail do grupo, devo muito a eles”. Quando iniciou seu atendimento no HU, há dois anos, Aurora havia sofrido duas quedas seguidas. Depois, nunca mais teve esse tipo de acidente.

O evento anual visa à conscientização do idoso sobre a importância de ter cuidados para evitar a queda. “Todos nós corremos o risco de cair, mas ele é maior para a pessoa com mais idade por uma série de fatores. As orientações estão relacionadas à identificação desses fatores de risco”, afirma Dórea.

Complicações

Segundo o coordenador, 30% dos idosos com mais de 60 anos caem pelo menos uma vez ao ano. Na população com mais de 80 anos, esse índice sobe para 50%. Quadros de desnutrição, 

depressão, doenças associadas, déficit cognitivo e alteração de marcha estão relacionados à queda, de acordo com resultados de pesquisa feita com 90 idosos atendidos pelo grupo de prevenção no HU, de agosto de 2010 a agosto de 2011.

Entre os avaliados, a maior taxa de quedas se deu com as mulheres, bem como de fraturas decorrentes. O estudo teve como base questionários e testes feitos com os pacientes. As complicações decorrentes das quedas abrangem dificuldades na recuperação de fraturas, internação prolongada, perda da independência, ingresso em casas de repouso e morte.

O Grupo de Prevenção do HU atua com uma equipe multiprofissional, formada por médico, enfermeiras, fisioterapeuta, farmacêuticos, nutricionistas, psicóloga, terapeutas ocupacionais e educadores físicos, que realiza avaliação inicial em um único dia e acompanhamento por um ano, por telefone, e retorno trimestral.

Além disso, realiza palestras, apresentações de vídeo, folders, DVDs, assim como o evento anual. Atende cem idosos por ano, com histórico de queda no período anterior.

Diversão ou prevenção?

O clima festivo e descontraído contrasta com a seriedade do tema do dia – prevenção de quedas. As atividades mais parecem as de uma gincana de lazer. Para começar, um exercício para a memória dos presentes no auditório. O objetivo é acertar a sequência da letra de músicas antigas.

Logo na primeira,  Carinhoso, a maioria solta a voz. “Quem compôs, e em que época?”, pergunta em seguida a fisioterapeuta Fabiana Branco, no comando da atividade. A resposta à primeira pergunta sai em uníssono: “Pixinguinha”. Sobre a data da composição (1916/1917), os palpites variam.

“Eu lembro”, comenta Bruno Gaigher, de 66 anos, em referência à informação de que a música voltou a fazer sucesso com a novela de mesmo nome, veiculada nos anos 1970. Animadíssimo, Gaigher canta e interage durante toda a atividade, que resgata ainda muitos outros sucessos e informações sobre eles.

Desde o começo, ele participa de todos os eventos e palestras realizadas pela equipe, cujo trabalho define como “maravilhoso”. Ouviu falar sobre o atendimento no grupo de terceira idade que frequenta perto de casa. Nunca se machucou. “Mas a gente vive tropeçando”, emenda. No seu primeiro contato, tinha labirintite. Com a orientação que recebeu, passou a praticar exercícios específicos e não precisou nem mais tomar remédio. “Faço todos os dias. Sigo as recomendações e passo para todos”. 

A programação segue com visitas a uma “casa ideal”, montada no Ambulatório da Fisioterapia do hospital com quatro ambientes (sala, quarto, cozinha e banheiro), onde terapeutas ocupacionais orientaram sobre as adaptações necessárias para a segurança na residência. 

No pátio ensolarado, divididos em três grupos os participantes também fazem exercícios para a melhora da concentração, coordenação motora, do equilíbrio, e de fortalecimento muscular, por meio de brincadeiras, como escravos de Jó, batata-quente e dança do bambolê, além de jogos de perguntas e respostas sobre nutrição.

Entre uma e outra, Maria Dalva de Sales, 64 anos, afirma que participa do evento pela segunda vez, desde que tropeçou no batente da porta, sofreu um deslocamento do braço e teve de passar por uma cirurgia. “Depois dos exercícios, nunca mais caí, sinto-me bem mais segura”.

Maria José de Oliveira, 68 anos, também recuperou a confiança em função do tratamento, iniciado no ano passado. Foi convidada a participar do grupo quando se internou no HU para cuidar de uma infecção na perna. Já tinha ido ao chão por duas vezes, sem saber por quê. “Agora sei como tomar cuidado e tenho mais equilíbrio”.

Dicas da “casa ideal”: previna-se

Mantenha a casa bem iluminada. Evite obstrução das passagens com móveis, tapetes e, se não abrir mão deles, use os antiderrapantes. Mantenha os objetos de uso diário sempre em 

locais de fácil alcance. Use faixas antiderrapantes nos pisos escorregadios, assim como no do recinto de banho, que deve ainda ter barra de segurança na parede. Coloque marcadores nas escadas, abajur ao lado da cama e prefira os calçados presos nos pés aos chinelos. Animais domésticos também podem ser causadores de acidentes, por isso, tenha cuidado. Cores contrastantes no chão, timer no fogão e o uso de telefone sem fio também são indicados.

SERVIÇO 
Grupo de Prevenção de Quedas do HU-USP

Contato pelo e-mail quedas@hu.usp.br

Tel. (11) 3091-9302, com Ana Paula

 
Da Agência Imprensa Oficial