Palácio dos Bandeirantes expõe acervo sobre a Revolução de 1924

Exposição rememora o ano de 1924, quando a cidade de São Paulo foi duramente bombardeada por aviões e canhões do Exército

dom, 25/01/2009 - 19h41 | Do Portal do Governo

Atualizada às 19h40

Cartas, fotografias, mapas, objetos pessoais, exemplares de jornais de época – tudo isso está em exposição no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, a partir deste domingo, 25. O acervo faz parte da exposição sobre a Revolução de 1924, ano em que a cidade de São Paulo foi duramente bombardeada por aviões e canhões do Exército. A mostra foi organizada pelo Arquivo Público do Estado, com peças do seu próprio acervo e outras oriundas do Arquivo do Tribunal de Justiça, do Instituto Histórico e Geográfico e do Museu da Polícia Militar.

O governador José Serra participou da abertura da mostra e ressaltou sua importância. “A exposição é para reavivar a memória de uma revolução esquecida aqui em São Paulo, a de 1924, que teve papel muito importante na nossa história, inclusive para o País. A revolução foi uma das molas propulsoras da transição do Brasil para um sistema mais moderno, a partir dos anos 20 e 30. A exposição reaviva os eventos daquela época que, lamentavelmente, foram muito violentos. Mais de 500 pessoas morreram na cidade e metade da sua população migrou para o interior para se proteger das ofensivas das tropas federais”.

A Revolução

A Revolução de 1924, em São Paulo, foi uma das manifestações marcantes do processo em desenvolvimento no País de descontentamento com o sistema político-eleitoral então vigente. Eleito para um segundo mandato como presidente da República, em 1918, o patriarca paulista Rodrigues Alves não chegou a tomar posse, pois morreu, vitimado pela epidemia de gripe espanhola. Uma nova eleição levou ao poder o paraibano Epitácio Pessoa, no momento em Paris, chefiando a delegação brasileira em uma importante negociação diplomática.

Lá, recebeu um telefonema comunicando-lhe, simultaneamente, que houvera uma eleição, ele fora candidato e estava eleito presidente da República – uma grotesca demonstração de como era o processo eleitoral contra o qual se insurgiam os revoltosos.

Pessoa era o que então se chamava um civilista, e radicalizou: nomeou civis para os ministérios do Exército e da Marinha. Isso desgostou a oficialidade jovem e grandes setores da sociedade civil, que quatro anos depois decidiram apresentar um candidato de oposição nas eleições para escolha do seu sucessor. Naquele tempo, o governo jamais perdia uma eleição, e assim foi vitorioso o mineiro Artur Bernardes, que não teve um dia de sossego: seu governo transcorreu inteiramente sob estado de sítio – uma providência prevista na Constituição, para suspender algumas liberdades e direitos civis durante momentos de incerteza política como aqueles. O movimento dos jovens militares se acirrou, e ficou marcado na história com o nome de Tenentismo.

A primeira ação dos tenentes foi o levante do Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, em 1922. O segundo, a revolução em São Paulo, em 1924.

Na madrugada de 5 de julho de 1924, mais de mil homens de unidades do Exército e da Força Pública se rebelaram e tomaram as ruas da capital paulista com a intenção de derrubar o governo do presidente Arthur Bernardes. Mais de 500 pessoas morreram nos combates e consta que outras duas mil foram internadas na Santa Casa.  Com o caos instalado, os mortos eram enterrados indiscriminadamente em valas comuns, nos terrenos baldios ou nos quintais.

A maior parte dos bombardeiros ocorreu sobre alvos civis, como fábricas, bairros operários, hospitais e igrejas. Além disso, diversas atrocidades foram cometidas contra a população em cidades do interior.

Devido aos intensos bombardeios sobre o Palácio Campos Elíseos, o então o governador Carlos de Campos abandonou o palácio refugiando-se num trem, de onde despachava. Há notícias de que, durante os 24 dias de combate, dos 700 mil habitantes, 300 mil pessoas fugiram de todas as formas: a pé, em trens de carga, de automóvel, carroças.

Batidos pelo Exército, os rebeldes se retiraram em direção ao Paraná, onde se encontraram com outros revoltosos, que vinham do Rio Grande do Sul, sob o comando do capitão Luís Carlos Prestes – e desse encontro nasceu a famosa Coluna Prestes, que marchou 20 mil quilômetros Brasil afora, em luta contra o governo. Mais uma vez foram batidos, mas quando Getúlio Vargas comandou a vitoriosa Revolução em 1930, que acabou com a República Velha, os tenentes estavam com ele – e alguns até se tornaram, em seus Estados, patriarcas políticos da República Nova.

“Retratos e personagens de um Brasil paulista”

A outra exposição, instalada no primeiro andar do Palácio dos Bandeirantes tem o tema “Retratos e personagens de um Brasil paulista” e exibe parte do acervo do Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro e dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo. Pinturas, esculturas e máscaras mortuárias contam a história paulista sob a forma de retratos de personalidades da história de São Paulo, como a Marquesa de Santos, o brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, Francisco Gomes da Silva, o Chalaça e outros.

A Mostra é uma parceria entre o Arquivo Público do Estado e o Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo.

SERVIÇO:

“ 1924 A revolução esquecida”

De 26 de janeiro a 5 de abril

“Retratos e Personagens de um Brasil paulista”

De 26 de janeiro a 29 de março

Palácio dos Bandeirantes

Avenida Morumbi, 4.500 – Portão 2