Palácio dos Bandeirantes expõe acervo sobre a Revolução de 1924

A mostra foi organizada pelo Arquivo Público do Estado

sáb, 24/01/2009 - 9h08 | Do Portal do Governo

Cartas, fotografias, mapas, objetos pessoais, exemplares de jornais de época – tudo isso estará em exposição no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, a partir de domingo, 25, quando ali será inaugurada exposição sobre a Revolução de 1924. O ato integra o rol de eventos em homenagem ao aniversário da cidade de São Paulo, duramente bombardeada naquela ocasião por aviões e canhões do Exército. A mostra foi organizada pelo Arquivo Público do Estado, com peças do seu próprio acervo e outras oriundas do Arquivo do Tribunal de Justiça, do Instituto Histórico e Geográfico e do Museu da Polícia Militar.

No mesmo dia, será lançado na Internet, no site do Arquivo do Estado, banco de dados com uma coleção de 432 cartas trocadas entre os chefes da Revolução de 1924. Nos terminais de consultas da sede daquela entidade também poderão ser vistas imagens digitalizadas de peças do processo-crime movido contra os revoltosos.

A Revolução de 1924, em São Paulo, foi uma das manifestações marcantes do processo em desenvolvimento no País, de descontentamento com o sistema político-eleitoral então vigente. Eleito para um segundo mandato como presidente da República, em 1918, o patriarca paulista Rodrigues Alves não chegou a tomar posse, pois morreu, vitimado pela epidemia de gripe espanhola. Uma nova eleição levou ao poder o paraibano Epitácio Pessoa, no momento em Paris, chefiando a delegação brasileira em uma importante negociação diplomática.

Lá, recebeu um telefonema comunicando-lhe, simultaneamente, que houvera uma eleição, ele fora candidato e estava eleito presidente da República – uma grotesca demonstração de como era o processo eleitoral contra o qual se insurgiam os revoltosos.

Coluna Prestes – Pessoa era o que então se chamava um civilista, e radicalizou: nomeou civis para os ministérios do Exército e da Marinha. Isso desgostou a oficialidade jovem e grandes setores da sociedade civil, que quatro anos depois decidiram apresentar um candidato de oposição nas eleições para escolha do seu sucessor. Naquele tempo, o governo jamais perdia uma eleição, e assim foi vitorioso o mineiro Artur Bernardes, que não teve um dia de sossego: seu governo transcorreu inteiramente sob estado de sítio – uma providência prevista na Constituição, para suspender algumas liberdades e direitos civis durante momentos de incerteza política como aqueles. O movimento dos jovens militares se acirrou, e ficou marcado na história com o nome de Tenentismo.

A primeira ação dos tenentes foi o levante do Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, em 1922. O segundo, a revolução em São Paulo, em 1924. Batidos pelo Exército, eles se retiraram em direção ao Paraná, onde se encontraram com outros revoltosos, que vinham do Rio Grande do Sul, sob o comando do capitão Luís Carlos Prestes – e desse encontro nasceu a famosa Coluna Prestes, que marchou 20 mil quilômetros Brasil afora, em luta contra o governo. Mais uma vez foram batidos, mas quando Getúlio Vargas comandou a vitoriosa Revolução em 1930, que acabou com a República Velha, os tenentes estavam com ele – e alguns até se tornaram, em seus Estados, patriarcas políticos da República Nova.

Da Agência Imprensa Oficial