OSESP retorna a São Paulo com a Oitava Sinfonia de Beethoven

A regência de Yoram David e o solista é o violoncelista alemão Daniel Müller-Schott

qui, 27/11/2008 - 8h02 | Do Portal do Governo

Após uma bem sucedida turnê nacional, tendo tocado em 12 cidades, em concertos memoráveis como na Praia de Tambaú, em João Pessoa; ou na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e passando por Salvador, Recife, Olinda, Fortaleza, Belém, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre, a Osesp retorna à Sala São Paulo de 27 a 29 de novembro.

Sob a regência do israelense Yoram David, a Orquestra executa Ave, libertas!, do pouco conhecido compositor brasileiro Leopoldo Miguez, e o Concerto para Violoncelo, de William Walton, com solos do celebrado jovem violoncelista alemão Daniel Müller-Schott. A Sinfonia nº 8 de Beethoven –  apresentada pela Osesp no ano de 2004 e disponível em CD (Biscoito Fino) – encerra o espetáculo.

Ave, libertas! Op.18
Leopoldo MIGUEZ (1850 – 1902)
Duração aproximada: 19 minutos
Ano da composição: 1890

Miguez foi um dos principais compositores do romantismo musical brasileiro. Nasceu em Niterói em 1850, mas sua família mudou-se para a cidade do Porto quando tinha apenas dois anos de idade. Lá iniciou seus estudos de composição. Em 1882, inicia os estudos no Conservatório de Paris. No ambiente parisiense, sofreu uma influência determinante da corrente wagneriana, então desconhecida no Brasil.

Em suas obras sinfônicas, Miguez confrontou nosso ambiente musical dominado pela ópera italiana. As principais obras de Miguez são poemas sinfônicos – peças orquestrais que pretendem associar conteúdos extramusicais a um plano narrativo postulado para a música. Ave, libertas!, de 1890, é uma das peças mais apreciadas de Miguez.

A República, recém-proclamada, era o assunto do dia, e Miguez foi, de fato, um republicano convicto. Naquele ano de 1890, empenhou todo seu prestígio para ganhar o concurso promovido pelo governo para a composição de um novo hino nacional. O hino de Miguez acabou suplantado pelo hino tradicional de Francisco Manuel da Silva, composto em 1831 e que ainda hoje cantamos, mas a composição de Miguez entrou para o panteão dos hinos brasileiros como o Hino da República. O mesmo espírito de exaltação dos ideais republicanos celebrado pelo hino percorre o poema sinfônico Ave, libertas! –peça dedicada ao Marechal Deodoro da Fonseca por ocasião da celebração do primeiro aniversário da República.

Oldham
William WALTON (1902 – 1983)
Concerto para Violoncelo
Duração aproximada: 28 minutos
Ano da composição: 1956

Os ingleses reconhecem na música de William Walton elementos expressivos da sua nacionalidade, ainda que o peso do folclore inglês, qualquer que seja o entendimento do conceito, não seja tão preponderante em sua música. A música de Walton é inconfundível em sua exuberância melódica. Sua linguagem pouco a pouco distanciou-se da inclinação modernista, para se tornar cada vez mais romântica, a ponto de os críticos intolerantes questionarem a tendência ao Kitsch no gosto do compositor.

Esse caminho tornou-se ainda mais nítido após a II Grande Guerra quando ele foi cooptado pela indústria do cinema para escrever trilhas sonoras. Talvez por isso o Concerto para Violoncelo de Walton, escrito em 1956, soe tão semelhante às trilhas sinfônicas cinematográficas. Entretanto, como o ambiente cultural do pós-modernismo aparou muitas das nossas arestas críticas, já nos é possível rever este Concerto de Walton pelo simples viés do prazer da escuta, tendo em consideração uma leitura menos linear da história da música que incorpore a diversidade das manifestações paralelas, fortemente influenciadas pela cultura de massas do século XX.

Sinfonia nº 8 em Fá maior, Op.93
Ludwig van BEETHOVEN (1770 – 1827)
Duração aproximada: 26 minutos
Ano da composição: 1812

É difícil entender o porquê de uma sinfonia tão madura como a Oitava ter sido mal recebida pelos críticos de sua época. Considerada longa demais, ela foi também criticada pelos contrastes excessivos e pela expressividade por demais veemente. Hoje são exatamente essas características que nos parecem contribuir na medida exata para a qualidade superior da obra. Em outras palavras, a chave para ouvir a Oitava é apreciá-la como pura comédia estilizada.

Foi com Haydn que Beethoven aprendeu a receita de misturar elementos cômicos emprestados da Opera buffa com tiradas de espírito que fazem referência ao próprio estilo clássico. Essa retórica de humores instáveis é a principal característica superficial da peça. Mas uma parte importante do humor da obra não está na superfície. Na Oitava, Beethoven revisita voluntariamente as formas clássicas que usara intensivamente na fase inicial de sua carreira. Por isso, a Oitava parece revelar tão poucos pensamentos e sentimentos íntimos do compositor.

Com seu reconhecimento, Beethoven atesta mais uma vez sua capacidade de escrever tanto para o expert como para o ouvinte comum.

Ampliando a forma imaginada por Haydn, Beethoven acomoda dois desenvolvimentos e duas recapitulações numa complexa trama de reorquestrações de materiais aparentemente desconectados, mas que, no momento certo, revelam seu sentido e iluminam a forma através da reinterpretação de sua função. Em outros termos, na Oitava, Beethoven mergulha profundamente na busca de uma síntese entre formalismo e sublime comédia.

Serviço

Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – OSESP
Regente – Yoram David
Solista – Daniel Müler–Schott – violoncelo

Quinta, 27/11 (21h); Sexta, 28/11 (21h) e Sábado, 29/11 (16h30).
Preços: de R$ 28 a R$ 98
Aposentados, pessoas acima de 60 anos, estudantes e professores da rede pública estadual pagam 1/2, mediante comprovação
Estacionamento: 610 vagas (592 comuns e 18 para Portadores de Necessidades Especiais) – R$ 8.

Sala São Paulo
Praça Júlio Prestes,16
Fone: (11) 3223-3966.

Da Fundação Osesp