Osesp inicia sua temporada 2009 no dia nacional da música clássica

Concerto terá com novo regente e transmissão do concerto pela TV Cultura

qua, 25/02/2009 - 13h28 | Do Portal do Governo

O início de Temporada da Osesp em 2009 não poderia ser mais adequado: 5 de março foi recentemente escolhido como o Dia Nacional da Música Clássica – de acordo Decreto Federal de 13 de janeiro de 2009, através de promoção e votação realizadas pelo VivaMúsica!. O concerto também marca a estreia do novo regente principal da orquestra: o francês Yan Pascal Tortelier, que assume oito programas desta temporada, entre eles a abertura e o encerramento da temporada.

O repertório deste primeiro contato com o público paulista como regente da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo terá duas grandes obras sinfônicas: Variações Enigma, Op.36, de Edward Elgar, e Sinfonia nº 2 em mi menor, Op.27, de Rachmaninov.

Além das novidades, o concerto será transmitido quase que ao vivo pela TV Cultura, dentro do projeto, Noites Clássicas, que entre os dias 3 de março e 2 de abril, apresentará concertos das mais importantes orquestras que se passaram por São Paulo, sempre às 23h10.

Repertório

Edward ELGAR
Broadheath, 2 de junho de 1857 / Worcester, 23 de fevereiro de 1934
Variações Enigma, Op.36
Duração aproximada: 32 minutos
Ano da composição: 1898

Como a maioria dos grandes compositores da história, Elgar nasceu em circunstâncias bastante humildes. Seu pai era o afinador de pianos de Worcester (cidade medieval do interior da Inglaterra próxima à divisa com o País de Gales). Mais tarde, abriu uma loja de pianos e publicações musicais. Foi desse contexto pouco promissor que surgiu uma obra sinfônica de tanta qualidade que o jovem Edward deixou de enviá-la aos maestros locais e mesmo aos de Birmingham ou Londres. Confiante de que havia composto algo especial, Elgar embrulhou a partitura – escrita à mão – em papel marrom amarrado por cordão e enviou o pacote diretamente ao maestro alemão Hans Richter, uma das maiores personalidades musicais da época. O resultado foi dramático, pois Richter mudou o programa de seu próximo concerto em Londres para poder incluir Enigma, e dentro de pouco tempo a obra foi tocada nos Estados Unidos, na Rússia e por toda a Europa. Por mais incrível que pareça, Elgar jamais teve uma aula sequer de composição.

Consequentemente e apesar do reconhecimento oficial que o tornou Sir Edward Elgar em 1904, ele sofreu durante toda a vida com um senso de insegurança e complexo de perseguição dentro do meio musical por se considerar um compositor ‘sem formação’. O fato é que, como Schubert, ele aprendeu emprestando as partituras de Beethoven da loja de seu pai, levando-as a um canto remoto dos campos que cercam sua pequena cidade natal, devorando-as e aprendendo tudo que precisava para formar sua maneira sutil de compor para forças sinfônicas. Particularmente, o uso que faz das dinâmicas múltiplas e simultâneas criou uma variedade muito maior de cores e timbres do que jamais havia sido ouvido antes na música sinfônica.

Ele dedicou as Variations Opus 36 “aos meus amigos aqui retratados”, adicionando a palavra ‘enigma’ à primeira página do manuscrito algum tempo após a composição. Assim começou o maior quebra-cabeça de toda a história da música, pois Elgar nunca revelou o significado exato desse enigma. Em suas notas de programa publicadas para a estreia da obra, escreveu, de modo provocante, que não iria revelá-lo.

Pelo menos Elgar mostrou vontade em revelar os “amigos aqui retratados”, mesmo disfarçados por iniciais ou pseudônimos: por exemplo: Variação 1 – C.A.E. – andante: sua esposa, Caroline Alice Elgar, Variação 2 – H.D.S-P. – allegro: Hew David Stuart-Powell, o pianista etc.

De fato, as Variações Enigma de Elgar são o maior e mais bonito tributo à amizade que existe em toda a música. A fonte da obra se encontra mesmo na melodia inicial que segue o ritmo do nome do homem que quis imortalizar aqueles amigos que acreditaram nele e em seu extraordinário gênio. Enquanto seu ídolo Beethoven proclamava o humanismo da Fraternidade Universal, Edward Elgar quis comemorar a divindade da fraternidade individual, que é a amizade. O resultado é considerado até os dias de hoje uma das grandes obras-primas escondidas da música.

Sergei RACHMANINOV
Semyonovo (Rússia), 1º de abril de 1873 / Beverly Hills (Estados Unidos), 28 de março de 1943
Sinfonia nº 2 em mi menor, Op.27
Duração aproximada: 60 minutos
Ano da composição: 1906-07

A Sinfonia nº 2 em mi menor, estreada em 1908 em São Petersburgo, é bem exemplar do selo de cintilações de que é pródiga a escola orquestral russa. E que tem em Rachmaninov senão um pioneiro, pelo menos um redescobridor de guardados, como que a cumprir a ideia de Schoenberg, que dizia “haver muito boa música a ser escrita em Dó maior”. Nesta Sinfonia, as inquirições misteriosamente sem respostas do primeiro tema lento, cantado pelas cordas no largo/allegro moderato definem, de um lado, o caráter densamente ilustrativo de Rachmaninov – a partir de um romantismo haurido, quem sabe, de um César Franck.

Por outro, abrem-se em tantas tramas contrapontísticas e harmônicas, com uma orquestração tão coerente, que se torna difícil não assentir com a ideia de que o público, afinal, está certo ao aplaudir tal anacronismo. Fala-se de uma música aliciadora como uma novela, um filme ‘adulcorado’, com um toque de lirismo que, paradoxalmente, beira o fantástico. Impossível não acompanhar com emoção o vertiginoso das cordas em contraponto com a trompa no allegro molto, ou a doce melancolia do adagio, em que a música de cinema parece comparecer como homenagem desse russo aos encantos de Hollywood. Ou ainda ao final – allegro vivace –, em que a mais longa e mais executada das sinfonias de Rachmaninov se fecha num todo em que não se pode evitar a ideia de unidade. Os temas são recorrentes, há o cíclico. Há, em suma, o talento de um compositor tardiamente romântico – em sintonia, certamente, com o fim da Rússia imperial, tomada pelos bolcheviques, o que motivou o exílio do compositor – que, ao se expressar também em sua ciclotimia, viveria esquizofrenicamente entre a má vontade da crítica e o aplauso entusiástico do público. Entende-se que o suicídio lhe sobreviesse quase que naturalmente num de seus intermitentes ataques de melancolia.

Yan Pascal Tortelier

Nascido em uma família musical, filho do violoncelista Paul Tortelier, Yan Pascal Tortelier iniciou os estudos de piano e violino aos quatro anos de idade e, aos 14, venceu o primeiro concurso de violino no Conservatório de Paris. Após estudar música com Nadia Boulanger, estudou regência com Franco Ferrara em Siena, Itália. Desde então, sua carreira como regente inclui apresentações com as principais orquestras da Europa, América do Norte, Japão e Austrália. A orquestração de Tortelier para o Trio para Piano de Ravel estreou em 1992 e, no ano seguinte, obteve grandes elogios da crítica em uma apresentação no London Proms com a Filarmônica da BBC. A obra está disponível em CD, no ciclo Debussy/Ravel gravado por Tortelier. Em reconhecimento ao seu trabalho como regente titular da Filarmônica da BBC de Manchester entre 1992 e 2003, Tortelier recebeu o título de regente laureado e continua a trabalhar com a Orquestra regularmente. Nos últimos anos, tem regido importantes orquestras como a Sinfônica de Londres, Philharmonia e Filarmônica de Londres; Orquestra de Paris; as filarmônicas de São Petersburgo, de Oslo, do Teatro alla Scala de Milão, Rádio da Holanda e Orquestra Real Concertgebouw. Na América do Norte, apresentou-se com a Filarmônica de Los Angeles; as sinfônicas de São Francisco, Baltimore, Pittsburgo, Montreal e Orquestra da Filadélfia. Seus compromissos recentes incluem novas apresentações com as orquestras de Pittsburgo, Dallas, São Francisco, Baltimore e Saint Louis, assim como Sinfônica Metropolitana de Tóquio, Nacional da França e de Paris, Filarmônica de Dresden, Halle, e Sinfônica e Filarmônica de Londres. Entre 2005 e 2008, foi nomeado principal regente convidado da Orquestra Sinfônica de Pittsburgo.

Osesp

Desde 1954, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) trilhou uma história de conquistas, que culminou em uma instituição hoje reconhecida nacional e internacionalmente pela qualidade e excelência.

Foi dirigida pelo maestro Souza Lima e pelo italiano Bruno Roccella, mais tarde sucedidos por Eleazar de Carvalho, que por 24 anos permanece à frente da Orquestra e deixa um projeto para sua reformulação. Com o apoio do Secretário de Cultura e o empenho do Governador Mario Covas, em 1997 o maestro John Neschling é escolhido para assumir a direção artística e conduzir essa nova fase na história da Osesp.          

A Sala São Paulo é inaugurada em 1999 e, nos anos seguintes, são criados os coros Sinfônico, de Câmara, Juvenil e Infantil; o Centro de Documentação Musical Maestro Eleazar de Carvalho; o Serviço de Assinaturas; o Serviço de Voluntários; os Programas Educacionais; a editora de partituras Criadores do Brasil; e a Academia da Osesp.                      

Em 2008, aOsesp é indicada pela revista inglesa Gramophone como “uma das três orquestras emergentes no mundo nas quais se deve prestar atenção”.

Instituída em junho de 2005, a Fundação Osesp administra a Orquestra, a Sala São Paulo e, conseqüentemente as relações de trabalho de mais de 290 pessoas – entre músicos, administração e técnicos – permitindo maior agilidade administrativa, ampliação de parcerias e melhoria na qualidade dos serviços oferecidos.

Serviço

Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – OSESP
Yan Pascal Tortelier regente

EDWARD ELGAR
            Variações Enigma, Op.36

SERGEI RACHMANINOV
            Sinfonia nº 2 em mi menor, Op.27

Quinta, 05/03 (21h); Sexta, 06/03 (21h) e Sábado, 07/03 (16h30).
Preços: de R$ 30 a R$ 104
Aposentados, pessoas acima de 60 anos, estudantes e professores da rede pública estadual pagam 1/2, mediante comprovação
Recomendação etária: 7 anos
Estacionamento: 610 vagas (592 comuns e 18 para Portadores de Necessidades Especiais) – R$ 8.
Sala São Paulo (1484 lugares) – Pça. Júlio Prestes 16
(11) 3223-3966.Ingressos também pela Ingresso Rápido 4003-1212 – www.ingressorapido.com.br

Da Fundação Osesp