Osesp encerra temporada com Monica Salmaso e grupo Pau Brasil

Apresentações terão regência de John Neschling e serão gravadas para lançamento em CD

seg, 15/12/2008 - 12h05 | Do Portal do Governo

Nos dias 18, 19 e 20 de dezembro, a Orquestra Sinfônica do Estado de são Paulo encerra sua temporada regular de concertos. Realizadas na Sala São Paulo, sob a regência de John Neschling, maestro e diretor artístico da OSESP as apresentações contarão com a participação do Grupo Pau Brasil e com a interpretação de Mônica Salmaso, em sua segunda participação nas temporadas da orquestra. No repertório o Concertino para Percussão e Orquestra, de Nelson Ayres e o Concerto Antropofágico, composto pelos integrantes do próprio grupo. Com a apresentação desta última obra, a Osesp volta a tocar no domingo, dia 21/12, em Santos, em concerto aberto na Praia do Gonzaga.

Os concertos na Sala São Paulo, contam com o patrocínio da Natura, dentro do projeto “Concertos Natura Musical”, e serão as apresentações da Temporada de Assinaturas. Já o concerto em Santos é parte do projeto Onda Limpa e tem o patrocínio da Sabesp.

É importante mencionar que estes concertos não encerram a temporada 2008 da Osesp. Nos dias 30 e 31 de dezembro, a orquestra volta ao palco da Sala São Paulo para a série Concertos de Final de Ano. O concerto da véspera de Réveillon terá transmissão ao vivo para diversos países da Europa, através do canal de TV franco-germânico ARTE e contarão com a participação de Monica Salmaso ao lado da Banda Mantiqueira, em um repertório quase que integralmente dedicado à música brasileira.

Nelson AYRES
Concertino para Percussão e Orquestra
Duração aproximada: 28 minutos / Ano da composição: 2000 para a Osesp.

Durante uma conversa, por volta do ano 2000, John Neschling sugeriu ao músico e compositor Nelson Ayres que escrevesse uma peça para percussão e orquestra. Segundo o compositor, foram horas de piano e computador, à cata de uma estrutura musical que fizesse sentido, uma vez que o repertório de referência é quase inexistente. “Desde o início, havia prometido a mim mesmo resistir à tentação de transformar a peça num catálogo de sons estranhos e barulhinhos exóticos que uma seção de percussão pode produzir. Impus-me como limitação trabalhar apenas com os instrumentos mais usuais, utilizando as técnicas usuais. Outro catálogo óbvio que não está presente é o de ‘ritmos brasileiros’, mais uma tentação difícil de evitar.

Na verdade, eu havia resistido bravamente na primeira versão (estreada em dezembro de 2000). Para esta segunda apresentação, fiz uma revisão geral e mudei completamente o primeiro movimento, que nunca me satisfez. E nesta nova versão não consegui evitar a intromissão de um frevo, provavelmente introduzido à força pelo espírito de minha avó pernambucana, que, quando eu tinha cinco anos de idade, sonhou que me via regendo uma orquestra no Theatro Municipal. De resto, a peça continua basicamente a mesma, com um pouquinho de lixa grossa aqui e ali para aparar alguns excessos. São três movimentos orquestrais separados por duas cadências, de vibrafone e de tímpanos. O Concertino foi criado na esperança de que meus amigos percussionistas possam se divertir um pouco e é dedicado, com muito afeto, a vocês que são obrigados a ficar sentados quietinhos enquanto eles se divertem.”

Grupo PAU BRASIL
Concerto antropofágico
Duração aproximada: 50 minutos / Ano da composição: 2008

Criado a partir de um convite proposto pelo maestro John Neschling, o Concerto antropofágico é uma obra inédita criada coletivamente pelos músicos do Pau Brasil, contando ainda com a participação da cantora Mônica Salmaso. Para que a composição atendesse ao espírito do convite efetuado, o Pau Brasil criou um concerto dividido em três ‘assuntos’ ou movimentos que promovem uma visão utópica do nosso país.

O Estado natural – O primeiro movimento é dividido em três partes: composta por Rodolfo Stroeter e Ruriá Duprat, a abertura exalta a sonoridade do Brasil por meio de sons que evocam a natureza. Os músicos do Grupo Pau Brasil e da Osesp se integram nessa sonoridade com sons primitivos e efeitos orquestrais. A segunda composição, criação de Paulo Bellinati e Rodolfo Stroeter, integra de vez a formação do quinteto com a orquestra, desenvolvendo um tema simples, quase tribal. A alternância de timbres orquestrais e a linguagem improvisada convivem num crescendo onde as duas tribos musicais interagem em alta sinergia. Encerrando o primeiro movimento, a composição de Paulo Bellinati parte do imaginário idílico da vida primitiva em Pindorama na noite anterior à chegada das caravelas. É um cântico melódico de tom sereno e pacífico.

A Visão do Paraíso – o segundo movimento é composto por Nelson Ayres. Alternando momentos ora bem-humorados, ora líricos ou dramáticos, três peças integram o cenário da viagem, da descoberta e do contato dos portugueses com os nativos. Este movimento transita desde a ansiedade e a curiosidade dos descobridores, passando por suas primeiras impressões até a última peça do movimento – um canto gregoriano representando a cultura do invasor, que se alterna com o tom primitivo e improvisado dos nossos nativos. Osesp e Pau Brasil conversam, colidem e trazem a impressão sonora do caos da mistura.

Misturança das três Raças é o título do movimento que encerra o concerto. A primeira parte deste movimento saúda através da polirritmia a presença africana no Brasil e foi composto por Ricardo Mosca, exclusivamente para as percussões da orquestra e do Pau Brasil. Evocação e oração afro-brasileiras em tom lento –Kaô– de Rodolfo Stroeter e Gilberto Gil destacam a cantora Mônica Salmaso. A canção que encerra o concerto é um afro-samba de origem que ganha um contorno orquestral. “Múltiplo por origem e por intenção, o Concerto antropofágico procura não apenas –como o próprio nome indica– canibalizar uma visão original da nossa formação e da nossa mistura, mas, antes de tudo, fazer com que a oportunidade e o meio como foi criado possam ser expandidos em outros projetos, provando assim que a ‘contribuição milionária de todos os erros’ preconizada por Oswald de Andrade seja, de fato, exercida por quem de direito, ou seja –nós–, os artistas brasileiros.”, comenta Rodolfo Stroeter.

Mônica Salmaso

A cantora paulistana começou sua carreira artística em 1989, na peça teatral “O Concílio do Amor”, dirigida pelo diretor Gabriel Vilela. Em 1995, gravou o CD ‘Afro-Sambas’, um duo de voz e violão arranjado e produzido pelo violonista Paulo Bellinati, contendo todos os afro-sambas compostos por Baden Powel e Vinícius de Moraes. Em 1996, gravou com Paulo Bellinati a faixa “Felicidade” de Tom Jobim e Vinícius de Moraes no CD Song Book de Tom Jobim – Lumiar. Lançou, em 1998, seu segundo CD ‘Trampolim’ pelo selo Pau Brasil, com a produção de Rodolfo Stroeter e as participações de Naná Vasconcelos, Toninho Ferragutti e Paulo Belinati, entre outros. Vencedora do 2º Prêmio Visa MPB – Edição Vocal, pelo júri e aclamação popular em 1999. Gravou, pela Eldorado em 1999, seu terceiro CD ‘Voadeira’ também produzido por Rodolfo Stroeter e considerado pela crítica como um dos dez melhores lançamentos do ano. Participam do disco, entre outros, Marcos Suzano, Benjamim Taubkin, Toninho Ferragutti, Paulo Bellinati e Nailor “Proveta” Azevedo. Em 1999 ganhou o tão prestigiado Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), e em 2004, lançou o disco ‘Iaiá’ e ano passado lançou seu quinto CD ‘Noites de gala, samba na rua’, com músicas de Chico Buarque e participação especial do grupo Pau Brasil.

Grupo Pau Brasil

O grupo paulista surgiu em 1979 e desde a sua formação é referência da música instrumental por sua qualidade e pioneirismo na absorção e expressão da linguagem jazzística brasileira. Composto pelos músicos Rodolfo Stroeter (baixo), Paulo Bellinati (violão), Nelson Ayres (piano), Ricardo Mosca (bateria) e Taco Cardoso (flauta e saxofone), o Pau Brasil é reconhecido por ter alguns dos maiores músicos brasileiros da atualidade. O grupo conta com uma discografia de oito CDs, cinco deles lançados internacionalmente. O disco ‘Babel’, de 1996, foi indicado ao Grammy norte americano na categoria Best Jazz Group. Em 2003 lançou o CD ‘Pau Brasil & Hermeto Pascoal’ pelo selo Azul Records, e mais tarde gravou o disco ‘2005’, inaugurando a parceria do selo Pau Brasil com a gravadora Biscoito Fino. A trajetória internacional do grupo é pontuada por várias turnês, passando pelos Estados Unidos, Japão e Europa. Participou de alguns dos mais importantes Festivais de Jazz, como os de Paris e Nancy, na França; Willisau, Suíça; Freiburg, na Alemanha; Sardenha, Itália; Norwich, na Inglaterra e o festival norueguês Molde.

Orquestra Sinfônica do Estado De São Paulo – Osesp
John Neschling regente
Elizabeth Del Grande tímpanos
Ricardo Bologna tímpanos
Ricardo Righini percussão
Alfredo Lima percussão
Armando Yamada percussão
Eduardo Gianesella percussão
Mônica Salmaso
Grupo Pau Brasil
Nelson Ayres

Quinta, 18, e sexta, 19, às 21h; e sábado, 20, às 16h30
Preços: de R$ 28 a R$ 98 – Aposentados, pessoas acima de 60 anos, estudantes e professores da rede pública estadual pagam 1/2, mediante comprovação
Estacionamento: 610 vagas (592 comuns e 18 para Portadores de Necessidades Especiais) – R$ 8.
Sala São Paulo (1484 lugares) – Praça Júlio Prestes 16 (11) 3223-3966

Concerto Aberto em Santos
Domingo, 21, às 20h
Concerto Antropogágico
Praia do Gonzaga

Da Fundação Osesp