Operação Saturação terá ação social de ONGs e Governo

Para Marzagão, segurança só se promove com inclusão social

qui, 29/03/2007 - 11h56 | Do Portal do Governo

Sessões de cinema em praça pública, apresentações musicais e shows, além de orientações básicas de saúde preventiva são temas de uma nova realidade que passará a fazer parte do cotidiano do Jardim Elisa Maria. Depois de 15 dias da instalação da Operação Saturação na Vila Brasilândia já se discutem ações sociais para a comunidade, depois que for concluída a parte tática da Polícia Militar.

Para firmar essa iniciativa, o secretário de Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, o comandante geral da Polícia Militar, coronel Roberto Antônio Diniz, e o comandante do Policiamento do Choque, coronel Joviano Conceição Lima, receberam hoje a visita, no Posto de Comando da Operação Saturação, de representantes de outras secretarias estaduais, municipais e de entidades e organizações da sociedade civil.

Ao defender a importância dessa união de forças, o secretário Marzagão ressaltou que “segurança só se promove com inclusão social”. Ao expressar esse pensamento durante a visita técnica à Operação Saturação, acompanhado de instituições parceiras desta idéia, Marzagão enfatizava a diretriz que sua pasta assume dentro do Governo José Serra. A operação instalada no Jardim Elisa Maria, na Vila Brasilândia, Zona Norte da Capital, conta com 600 policiais que cobrem uma área onde vivem mais de 300 mil pessoas.

Desde que chegaram àquela região, no dia 13 de março, os policiais já contabilizam números significativos, como a prisão de nove suspeitos de tráfico de entorpecentes e a captura de seis foragidos da Justiça. A partir de hoje, a Operação amplia sua atuação ao se unir, nas iniciativas dentro da comunidade, aos outros atores que chegam agora ou já atuam com projetos sociais voltados para aquela população.

Oportunidade de cidadania

Ao visitar o posto de comando da operação, acompanhado dos representantes das instituições, o secretário Ronaldo Marzagão falou da expectativa de mudanças positivas que espera para aquela comunidade. “Sairemos do bairro dentro de algum tempo, mas as pessoas desse lugar ficarão com a experiência de uma oportunidade de cidadania”. Ao destacar a importância das parcerias no contexto do bem-estar social, o titular da SSP lembrou que há limite também para o poder público: “Os menores aliciados pelo tráfico precisam ver que há outras opções de vida e isso a Secretaria não pode fazer sozinha”, disse Mazargão.

A visita de hoje ao centro de operações no Jardim Elisa Maria faz parte da proposta do governo de criar condições para que outras áreas possam estabelecer parcerias e levar programas sociais a regiões com altos índices de violência. A região foi escolhida depois de diagnósticos sobre a segurança na Capital, e no Jardim Elisa Maria foram registradas, recentemente, três chacinas. A Operação tem sido importante por criar, tanto no campo simbólico como na prática, a sensação de segurança em um lugar que traz as marcas da violência.

O sentido da visita técnica, segundo Mazargão, é que as Organizações Não Governamentais (ONGs) e as outras instituições envolvidas analisem o alcance desse movimento da Polícia, levando em conta o aspecto social. A intenção é que as próximas operações sejam aperfeiçoadas e estejam dentro de um formato mais adequado à inserção nas comunidades.

Esforço coletivo contra a violência

A representante da Organização das Nações Unidas, Cíntia Freitas, diz que “com a presença de todos esses atores sociais o que vemos é um sinal muito positivo na construção de uma sociedade justa e coordenada entre essas várias áreas”. Cíntia é coordenadora do escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime em Brasília e foi convidada pelo secretário Ronaldo Marzagão para participar, segundo ela, “do debate e do esforço coletivo contra a violência, além de perceber o desdobramento da operação que tenta aliar a área social ao policiamento”.

No encontro também estavam representantes da Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania, da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social e do Instituto Sou da Paz.

Participando da visita, o diretor do Sou da Paz, Denis Mizne, reconheceu que “para a operação dar resultado é essencial pensarmos no momento posterior. Essa integração que acontece aqui hoje serve para pensarmos que é possível juntar esforços do governo, da sociedade civil e da comunidade local para quebrar as resistências entre a Polícia e as pessoas do bairro e manter a paz”. A ONG mantém dois projetos na Vila Brasilândia e tem novas idéias para aproveitar os planos do governo. Segundo o diretor, determinadas ações culturais, esportivas e sociais podem ajudar na inserção da comunidade e em médio prazo fazer com que o crime não volte mais à região.

A boa convivência com a Polícia

Maíra Amadeu Bragante coordena o programa Ação Família e atua na região desde 2005 pela Secretaria Municipal de Assistência Social. Ela diz que é necessário “levar um representante da Polícia para discutir com a comunidade sobre o que está acontecendo para que as famílias fiquem melhor informadas”. A presença policial tem mesmo surpreendido os moradores, como confirma a dona de casa Neide Sales, há 19 anos no bairro: “é a primeira vez no Elisa Maria que os policiais mostram que a violência aqui passa do limite. Agora, todo mundo convive com a Polícia”, diz Neide.

A aproximação entre a comunidade e os policiais tem evoluído com o desenvolvimento dos trabalhos sociais que acontecem durante a Operação Saturação. Há barracas com dentistas e recreação para crianças, além de palestras sobre contracepção e outras envolvendo conceitos de preservação ambiental. Maíra Bragante, que trabalha diretamente com a comunidade, diz que “o programa da Secretaria de Assistência Social vai continuar enquanto for preciso, e o foco agora é trazer a Polícia para perto valorizando esse lado social que está sendo promovido. A intenção é margear um futuro com o bairro mesmo depois que a operação terminar”.

A reunião de hoje termina com resultados práticos. “As organizações precisam prever ações de aproximação entre a comunidade e a Polícia. O Instituto Sou da Paz tem propostas para isso, como fazer uma noite de cinema, um show, ou ainda marcar uma apresentação da banda da Polícia Militar com grupos da região. O motivo maior de qualquer conversa é promover a convivência”, diz Denis Mizne, diretor do Instituto.

Da Secretaria de Segurança Pública