Olhar estrangeiro sobre um bairro muito brasileiro

O historiador americano Jeffrey Lesser passeou pelo bairro da Liberdade

dom, 09/03/2008 - 12h23 | Do Portal do Governo

O historiador americano Jeffrey Lesser traçou um percurso pelo bairro da Liberdade, que ele considera um lugar que não se pode deixar de visitar, uma mistura de tradição e modernidade, esta última representada pelos aparelhos de alta tecnologia e qualidade, supostamente trazidos ao Brasil pela comunidade nissei. Diz que a maioria dos estabelecimentos da Liberdade podem parecer tipicamente japoneses por fora, mas de fato são referências reais da cultura nipo-brasileira, dificilmente identificáveis no Japão.

Como exemplo, ele cita a comida “japonesa” do bairro, com tendência a fortes sabores, como a comida brasileira, e os jornais “japoneses”, cada vez mais escritos em português, mesmo que tratem de temas nikkei (termo usado para designar brasileiros descendentes de japoneses). Até mesmo as consideradas “típicas” luminárias japonesas instaladas em muitas ruas da Liberdade provocariam, segundo ele, um sorriso debochado nos rostos de pessoas vindas do Japão. “Acho que muitos brasileiros acreditam que uma visita ao bairro é como uma visita ao Japão. Mas, na verdade, a Liberdade é bem mais nikkei do que japonesa”, esclarece Lesser, professor da Emory University, em Atlanta (EUA), que há 15 anos pesquisa a cultura nipo-brasileira.

Em sua avaliação, as pessoas associam a imagem do Japão a certos símbolos, como por exemplo, lanternas e palavras escritas em ideogramas. Sintonizadoscom essa fantasia, nos últimos 20 anos – período em que o bairro tornou-se um lugar de turismo –, os comerciantes vêm usando decorações e adereços para convencer turistas de que uma visita à Liberdade seria mesmo como uma visita àquele país oriental.

O que é o PAC?

A produção da coleção foi financiada pelo Programa de Ação Cultural (PAC), por meio do qual a Lei Estadual de Incentivo à Cultura institui mecanismos como incentivo fiscal e uso de recursos orçamentários. Os roteiros sobre São Paulo foram beneficiados pela modalidade recurso orçamentário, que por meio de edital de concurso selecionou e contemplou dez projetos em 2006. Cada um recebeu financiamento de R$ 50 mil.

Os vencedores, que podiam ser pessoas físicas ou jurídicas, tiveram um ano para desenvolver seus projetos, cumprindo a exigência de produzir coleções com pelo menos cinco títulos, todos de interesse cultural. Ao final do processo, todos devem comprovar que a tiragem mínima foi de 2 mil exemplares de cada título, 10% dos quais devem ser doados à Secretaria de Estado da Cultura, para distribuição em bibliotecas.