Oficina terapêutica ajuda na recuperação de aidéticos

Iniciativa promove a auto-estima e garante o sustento dos participantes

ter, 13/02/2007 - 13h32 | Do Portal do Governo

A Unicamp criou uma oficina terapêutica de reciclagem para ajudar na recuperação de portadores de HIV. O projeto Reinserção Social: um Resgate à Dignidade e Cidadania, idealizado pela terapeuta ocupacional Margareth Inês Cardamoni Durães, desenvolve atividade de resgate da auto-estima dessas pessoas, oferecendo-lhes uma ocupação para mantê-los ativos, além de proporcionar condições de sustento.

“A necessidade de trabalhar para sustentar a família fazia com que muitos doentes se afastassem do tratamento e o índice de óbitos era grande.” Além disso, ela esclarece que diagnóstico é motivo de auto-exclusão para grande parte dos soropositivos. “A reciclagem foi um meio de mostrar que não são improdutivos.” Hoje, ela comemora a inserção de 43% dos ex-participantes da oficina no mercado de trabalho. O dado consta de sua tese de doutorado desenvolvida na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.

Das 7h40 às 15 horas, diariamente, Rubens Barreto entrega suas mãos à arte de reconstruir papéis, confeccionando envelopes e caixas de presentes, na oficina do Ambulatório DST/Aids do HC Unicamp.  A entrega ao trabalho, segundo ele, recupera a auto-estima e mostra aos pacientes que é possível tirar o sustento de sua própria produção. “Aqui, nós trabalhamos e, ao mesmo tempo, conversamos e brincamos bastante. Um cuida do outro”.

Resultados positivos

Entre os resultados mais importantes, a pesquisa da terapeuta ocupacional mostra que 92,5% dos pacientes apresentam melhora do nível de células de linfócito CD 4 nos seis primeiros meses de inserção no projeto. Entre os participantes, 77,5% mantiveram aumento de CD4. O status de carga viral em 62,5% dos inseridos, segundo a terapeuta, já é indetectável, pois apresentam cota inferior a 50 cópias de vírus por milímetro de sangue, número tido como ideal.

Além de promover a auto-sustentabilidade, a equipe do projeto acompanha a medicação dos pacientes. “Há uma troca entre a equipe e os médicos do ambulatório para que eles não deixem de tomar os medicamentos. Pelo menos uma dose nós podemos acompanhar”, explica. Para a terapeuta é gratificante ver a recuperação de pacientes que chegam sem perspectiva e abaixo do peso. “Tivemos um doente que chegou aqui com 35 quilos e saiu com 82”, alegra-se, enquanto atende o telefonema das nutricionistas do Hospital das Clínicas para checar as refeições. “Tudo é possível com essa interdisciplinaridade.”

Mãos na massa

Os integrantes produzem diariamente 300 folhas de papel a serem transformadas em envelopes e caixas de presentes. Os envelopes são comprados por várias unidades da universidade. E as caixas são comercializadas em bazares para manutenção e apoio aos pacientes. Um convênio da Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (Funcamp) permite a venda externa dos produtos, que também podem ser adquiridos na própria oficina.

Em busca de parceria  

A iniciativa tem apoio da Petrobras e da Associação Brasileira de Tecnologia em Celulose e Papel (ABTCP), mas o convênio termina no dia 15 de março. Segundo o coordenador do Fórum Permanente DST/Aids da Unicamp, Saulo Augusto Pereira Filho, o projeto busca novos parceiros ou a renovação do convênio atual. “O projeto tem sido importante na adesão e no resultado do tratamento dos participantes”, explica.

Da Agência Imprensa Oficial

 

(AM)