Oficina da USP mostra como usar brincadeiras para educar

Uma alternativa na vida dos pequenos é levar os brinquedos às salas de aula

seg, 15/10/2007 - 21h00 | Do Portal do Governo

“As crianças brincam cada vez menos”. A constatação é de Roselene Crepaldi, pesquisadora do Laboratório de Brinquedos e Materiais Pedagógicos (Labrimp) da Faculdade de Educação (FE) da USP. Para ela, a ausência de atividades lúdicas resulta em diminuição da criatividade e da capacidade de lidar com situações da vida.

Uma alternativa para inserir brincadeiras na vida dos pequenos é levar os brinquedos às salas de aula. Para Roselene, o educador deve ampliar seu conhecimento sobre atividades lúdicas, montar brinquedos e usufruir deles junto com as crianças.

Para capacitar educadores a trabalhar com brinquedos em sala de aula, o Ponto de Cultura do Labrimp desenvolveu uma série de oficinas, gratuitas e abertas aos interesados. “Vêm pessoas de todas as áreas, professores ou interessados no tema”, conta Roselene. As inscrições são gratuitas. A programação para outubro e novembro já foi divulgada (veja abaixo).

“Qualquer objeto pode ser brinquedo, basta uma pessoa atribuir valor lúdico a ele”. Na sala de aula, no entanto, há formas de obter melhores resultados. “Vamos falar sobre quais materiais usar na montagem, por exemplo”.

Sinal dos tempos

Para a pesquisadora, brincar é aprender a resolver problemas da vida. As brincadeiras estimulam o raciocínio e a criatividade, preparando a pessoa para as situações reais.

Na atual sociedade, caracterizada pela pressa e pelo consumo, o tempo e os espaços de brincadeiras diminuíram. “Não se usa mais a rua, a praça”, exemplifica Roselene.

Ela constata que a nova dinâmica social alterou as brincadeiras das crianças, que simulam atividades adultas em vez estimularem a imaginação em atividades lúdicas. “Meninas de doze anos não gostam mais de bonecas. Falam de namorados, simulam namoros, ficam no celular”, exemplifica.

Roselene percebe também que tendência de valorizar mais a posse dos brinquedos do que o brincar. “As crianças formam coleções de bichinhos, querem apenas tê-los e não vivenciam o uso lúdico do objeto”.

A pesquisadora ressalta que isso não ocorre apenas em classes mais abastadas: crianças de famílias sem dinheiro para viver essa realidade, vivem o desejo de possuir, em vez de encontrar soluções criativas.

Projeto

O Labrimp realiza pesquisas sobre usos e tipos de brinquedos, disponibiliza material bibliográfico e acervo sobre o tema – mantido no Museu da Educação e do Brinquedo. Também dispõe de brinquedoteca circulante e um espaço repleto de brinquedos que pode ser visitado por crianças acompanhadas dos pais e por turmas escolares. Mais informações pelo site do Laboratório ou pelo telefone (11) 3091-3351.

Outras atividades do Laboratório são as de capacitação de educadores, que se expandiram em 2002, quando o Labrimp foi contemplado pelo Ministério da Cultura no Projeto Cultura Viva e montou seu Ponto de Cultura.

“Com o financiamento do Ministério, pudemos ampliar o número de oficinas, que já tinham grande demanda”, destacou Roselene. Até novembro, acontecem oficinas todas as semanas, em diferentes períodos.

Clique no link e confira a programação: http://paje.fe.usp.br/estrutura/eventos/pontocult//