Oficiais colombianos conhecem modelo paulista de combate ao crime

Colômbia busca na PM de São Paulo alternativas para combater a violência e manter os índices controlados

qua, 29/09/2010 - 11h00 | Do Portal do Governo

Depois da histórica redução de homicídios em Bogotá, oficiais da Polícia Nacional da Colômbia – país reconhecido mundialmente por ter diminuído o número de mortes intencionais em 70% – estiveram em São Paulo entre os dias 26 e 28 deste mês para acompanhar o trabalho de prevenção feito pela Polícia Militar. O objetivo foi conhecer tecnologias e experiências bem sucedidas que podem ser aplicadas naquele país.

A comitiva, constituída por 25 formandos da Academia Superior de Polícia da Colômbia, realizou uma viagem de estudos ao Brasil, acompanhada pela Polícia Federal brasileira. O roteiro incluiu visitas a três estados: Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo.

A Polícia Militar de São Paulo foi escolhida por seus projetos voltados à juventude e pela preocupação constante com os direitos humanos. “A PM de São Paulo é uma instituição pela qual tenho muito apreço e que inspira orgulho não só a mim, mas à população em geral”, explicou o delegado federal Fernando Duran Poc, representando a Superintendência da PF em São Paulo.

Na manhã de segunda-feira, 27, os oficiais colombianos puderam conhecer o programa de doutorado em Ciências Policiais, além de participar de uma palestra ministrada pelo coronel Luiz Eduardo Pesce de Arruda, comandante do Centro de Altos Estudos de Segurança (Caes). Os policiais também visitaram o Comando de Policiamento de Choque (CPChq) e o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), onde conheceram, na prática, o funcionamento de modernas soluções tecnológicas de policiamento preventivo, como o videomonitoramento, e equipamentos utilizados para tomada de decisão, como o “olho de águia”. No encerramento, a delegação foi recebida pelo coronel Álvaro Batista Camilo, comandante geral da PM de São Paulo.

Redução de homicídios

Em 2007, as autoridades de Bogotá, que era considerada uma das cidades mais violentas do planeta, fortaleceram o trabalho da polícia, realizaram campanhas de conscientização social e, com isso, reduziram a taxa de homicídios, de 80 casos por 100 mil habitantes/ano para 18 por 100 mil/ano.

São Paulo passou por um episódio semelhante. Na última década, os homicídios foram reduzidos em 70%. Em 1999, o Estado registrou 12.818 homicídios. Foi o auge desse tipo de crime, quando foi atingida uma taxa de 35,27 casos por grupo de 100 mil habitantes/ano. Em 2008, esse número caiu para 4.432, que corresponde ao índice de 10,77 mortes intencionais por 100 mil pessoas/ano.

Com uma população estimada em 45 milhões de habitantes, a Colômbia é o terceiro país mais populoso da América Latina. De acordo com o coronel Carlos Rodriguez Cortez, chefe da delegação colombiana e representante dos 146 mil policiais do país, a atual taxa de homicídios de Bogotá é de 13/100 mil habitantes/ano. “Porém, a taxa na Colômbia gira em torno de 34 mortes a cada 100 mil pessoas”, completou.

O Estado de São Paulo possui, de acordo com informações da Fundação Seade, 42,2 milhões de habitantes. A média colombiana é maior do que a taxa brasileira (24,5/100 mil/ano), e três vezes maior do que a atual taxa estadual – 10,95 mortes intencionais por 100 mil habitantes/ano. As polícias Militar, Civil e Técnico-Científica de São Paulo possuem cerca de 130 mil homens.

“A Polícia Comunitária e o trabalho desenvolvido para manter a diminuição de homicídios e o tráfico de drogas controlado são os pontos mais interessantes para a polícia colombiana nessa visita”, afirmou o coronel Cortez.

Apenas na capital paulista vivem 11,2 milhões de pessoas, em aproximadamente 65 mil ruas patrulhadas diariamente por 5.000 homens a cada turno. Por dia, o Copom 190 da PM recebe 35 mil ligações, em média, gerando cerca de 7.000 ocorrências.

“A Polícia Militar é preventiva, não espera o crime acontecer para agir”, explicou o coronel Marcos Roberto Chaves, comandante do Comando de Policiamento da Capital. “Graças a esse trabalho, fechamos o mês de setembro com menos de nove homicídios por 100 mil habitantes”, argumentou.

Intercâmbio de experiências

“São Paulo considera essa troca essencial para que nossos países cresçam em termos de segurança pública, visando alcançar a paz social e a tranquilidade do povo”. Foi com essa frase que o comandante da PM paulista saudou os colegas de farda colombianos.

Em sua explanação sobre o trabalho desenvolvido em São Paulo, o coronel Camilo ressaltou os três princípios básicos de sua gestão: respeito aos direitos humanos, policiamento voltado para o cidadão e trabalho exercido com técnica.

“É preciso que todos os atores sociais estejam envolvidos antecipadamente nas ações policiais e que haja transparência, para que as pessoas conheçam bem sua polícia”, completou.

Após trocarem homenagens, o representante da Polícia Nacional da Colômbia agradeceu pela hospitalidade e o intercâmbio de experiências. “Saímos daqui com a certeza de que as políticas institucionais paulistas estão cada vez mais voltadas à aproximação com a comunidade, em especial com crianças e adolescentes, que são o nosso futuro”, afirmou.

Da Secretaria da Segurança Pública