Obras do Patrimônio do Estado estão na internet

A ferramenta virtual entrou no ar no Dia do Artista

qua, 03/09/2008 - 11h31 | Do Portal do Governo

Algumas esculturas de Victor Brecheret que compõem a Estação da Via- Crucis estão na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (no Hospital das Clínicas). O belo vitral A Epopéia dos Bandeirantes, de Benedito Calixto, assim como outros quadros do pintor estão na Bolsa do Café, em Santos. Nas salas da administração da Fundação Zoológico encontram-se telas de Aldemir Martins, que retratam animais, enquanto no Instituto Florestal está o Tríptico, conjunto de três pinturas de Helio Seelinger sobre a história brasileira. E há muitas outras obras de arte espalhadas por vários órgãos da administração direta e indireta.

Esse patrimônio artístico pertence ao Estado, mas não figura em museus e no Acervo Artístico e Cultural dos Palácios. São obras adquiridas pelo governo, que há muitos anos foi um grande mecenas, que hoje enfeitam gabinetes, escolas, saguões de prédios, fundações etc., locais dificilmente destinados à visitação pública. Por isso, no último Dia do Artista (24 de agosto), boa parte ganhou um espaço comum na Internet para poder ser admirada e conhecida. Entrou no ar o site que reunirá as estimadas 3 mil obras desse patrimônio. Até o momento, apresenta 145 delas.

Trata-se de muito mais do que um site. Há aproximadamente dois anos foram iniciados o levantamento e a catalogação desse patrimônio, com a criação de um órgão governamental específico: o Grupo de Catalogação e Divulgação do Acervo Artístico da Administração Direta e Indireta do Governo. O nome, por adoção, já mudou para Patrimônio Artístico do Estado e em breve deve ser alterado oficialmente.

O setor está vinculado à Casa Civil, “pasta com ascendência sobre as outras, o que possibilitou o levantamento em todas”, explica Pedro Jacintho Cavalheiro, que ocupa o posto de coordenador do trabalho.Tem como missão, além do inventário do patrimônio, possibilitar acesso do público a ele, orientar os órgãos de como mantê-lo e restaurá-lo, quando necessário, e a busca de verba para tal.

Sobre a primeira incumbência, Cavalheiro conta que o processo envolveu verdadeira garimpagem, realizada nos quase 90 órgãos subordinados às 26 secretarias, além de fundações, autarquias, empresas estatais e as cerca de 6 mil escolas distribuídas no Estado. “Foi um trabalho árduo. Tivemos de fazer um levantamento em todos esses locais para apurar o que tinha em cada um e, a partir daí, identificar o que era obra de arte ou não”, conta.

Catalogação e acesso – No decorrer do levantamento, foi desenvolvido o site, que é também a ferramenta de catalogação. Para serem cadastradas na página virtual, as obras identificadas tiveram suas imagens retratadas em vários ângulos. A biografia dos artistas, alguns pouco conhecidos do público, também a integra assim como as ilustrações dos retratos de cada um, feitas pelo próprio Cavalheiro, que é artista plástico. “Fizemos uma pesquisa apurada. Em alguns casos, tivemos de ir atrás de informações e resgatar a memória da arte”, afirma.

O formato criado permite que as buscas sejam feitas pelo nome do artista, da obra, do movimento artístico, período histórico ou pelo órgão onde se encontra. O internauta pode admirar as peças também em seqüência de páginas. O site foi pensado para possibilitar o acesso da população às obras de arte e como ferramenta para professores, estudantes, pesquisadores e demais interessados. Tanto é que contém um formulário (de solicitação de visita individual) para quem quiser conhecer a obra no local. “Nesse caso, tentaremos permitir isso desde que seja viável no local em que se encontra”, diz o coordenador.

Há, no entanto, casos de peças sob a guarda de órgãos de acesso público, como o Metrô e o Memorial da América Latina, por exemplo. “O Metrô tem muitas obras que podem ser vistas pela população nas estações e o Memorial possui painéis de Portinari, Poty e Caribé à vista no Salão de Atos Tiradentes”, destaca Cavalheiro.

Entre as mais de 140 peças catalogadas no site, num pacote inicial Cavalheiro cita como destaques pelo valor histórico as telas Estrada de Santos a Caminho do Mar, de Oscar Pereira da Silva; Manhã no Mangueiro, de Antonio Rocco; e Retrato de Benedito Calixto, de Bernardino de Souza Pereira, um óleo sobre tela encontrado numa escola do litoral. Além deles, entre outros, ressalta o vitral A Epopéia dos Bandeirantes, de Benedito Calixto, os três quadros do O Tríptico, de Hélio Seelinger, as esculturas da Estação da Via-Crucis, de Brecheret, e uma das obras mais antigas encontradas durante a catalogação, a escultura em madeira Sant’Ana, de artista anônimo, localizada no Palácio dos Campos Elísios.

“Talvez nem seja de autoria de um artista profissional, mas por ser do século 16, é uma obra de valor histórico muito grande, pois integra o contexto da produção de peças para catequização dos índios”, relata o coordenador do Patrimônio. Discorre ainda sobre outros benefícios desse trabalho. Um deles é a segurança conferida às peças com a catalogação, já que o mercado de arte costuma consultar essas fontes antes de comprar uma obra para averiguar se não foi roubada. Outros são o resgate da memória artística e a sua perpetuação. Inclusive, há a intenção de que sejam produzidos catálogos também em papel. “Obra publicada é obra conhecida. Batalhamos muito por isso”, conclui Cavalheiro.

SERVIÇO

Mais informações no site www.saopaulo.sp.gov.br/patrimonioartistico

Simone de Marco, da Agência Imprensa Oficial

(M.C.)