Obra da Imprensa Oficial conta cinco séculos da história de SP

Reunida em cinco volumes, História Geral do Estado de SP reconstitui as transformações que moldaram a sociedade paulista

ter, 28/02/2012 - 16h00 | Do Portal do Governo

(Atualizada 29/02 às 10h20)

O Estado de São Paulo tem uma história longa, movimentada e, às vezes, desconhecida. Por isso, sua reprodução em cinco volumes representou um desafio para o professor Marco Antonio Villa, que encarou a missão de coordenar a obra sobre São Paulo nos séculos 16, 17, 18, 19 e primeira metade do século 20. O resultado, que deu origem à coleção História Geral do Estado de São Paulo, é parceria da Imprensa Oficial com a Poiesis, organização social de cultura e foi lançado na última terça, 28, no Museu da Imagem e do Som (MIS).

Villa, doutor em História e mestre em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), além de professor na Universidade Federal de São Carlos, explica que há poucas obras sobre a história paulista, razão pela qual mergulhou no tema. “São muitas as dificuldades bibliográficas a respeito de São Paulo, ao contrário da capital em que há obras em excesso. Todo mundo já falou da cidade de São Paulo, até a minha avó”, brinca.

Villa conta que montou um time de primeira divisão nessa empreitada. Teve a colaboração dos cinco autores de “reconhecido mérito acadêmico”, que “conseguiram reproduzir um texto de leitura agradável e com unidade”.
Os cinco volumes mostram São Paulo divido cronologicamente e, no final de cada um deles, há um capítulo chamado Lugares da Memória, espécie de guia histórico da visitação dos lugares que ajudam a contar a história, sempre a partir da perspectiva do Estado, e dotado de uma linguagem acessível.

O começo 

A leitura sugere, desde uma viagem às ruínas de Abarebebê, em Peruíbe, ponto de comércio de escravos em 1530, até visita ao Pátio do Colégio e à Capela São Miguel Arcanjo. O autor desses primórdios, da formação do Estado nos séculos 16 a 17, é o historiador da USP José Jobson de Andrade Arruda. Nesse primeiro volume é feita uma análise do povoamento, do sertanismo, da vida econômica e da formação da sociedade paulista.

O século 18 é retratado no volume seguinte pelo professor da USP Francisco Vidal Luna. O autor mostra os impactos causados pela mineração e questão da escravidão. Segundo Luna, várias edificações religiosas dessa época ainda resistem como, por exemplo, a Igreja de Santo Antonio do Valongo, em Santos, e a Basílica do Senhor Bom Jesus, em Iguape. O Mosteiro da Luz, na cidade de São Paulo, é outro destaque.

O século 19 é abordado pelo professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), José Leonardo do Nascimento. No volume, há relatos de viajantes estrangeiros e manifestações literárias, mais uma análise das transformações sociais, econômicas e políticas de modernização da sociedade da época.

Didático

Já o século 20 ficou a cargo do sociólogo José de Souza Martins e da professora da Unesp, Tânia Regina de Luca, que dividiram o trabalho em duas partes. O foco é a consolidação da sociedade industrial, a diversidade humana e o custo da modernidade. Vários espaços e instituições desempenharam papel relevante a partir de meados desse século. Entre eles, o Teatro Municipal, bem no centro da capital, além do Museu de Arte Moderna e Museu de Arte Contemporâena, o Parque e o Obelisco do Ibirapuera, Monumento às Bandeiras e a Biblioteca Mário de Andrade.

Para Villa, a coleção pretende reabrir as pesquisas sobre a história regional (“alguns momentos dessa história não foram devidamente pesquisados até hoje”) e estimular o conhecimento da história paulista nas escolas. “Seria fundamental que a coleção fosse adotada pelas escolas públicas, tanto pelo conteúdo como pelo formato que facilita o manuseio, e pela linguagem didática”.

Cada volume vem acompanhado de descrição histórica, indicação de locais de visitação e de pesquisa, além de uma bibliografia comentada sobre o tema. E a divisão cronológica, de acordo com Villa, foi escolhida para apresentar de forma mais didática os cinco séculos da história paulista. Por conta disso, “alguns volumes acabaram avançando ou retroagindo no tempo, o que é absolutamente justificável”.

Da Agência Imprensa Oficial