O sabor da colheita marca o início da safra 2008 de café no Estado de SP

3ª edição do evento foi realizada no maior cafezal da capital

ter, 24/06/2008 - 14h14 | Do Portal do Governo

Com chapéus de vime e óculos especiais, dezenas de pessoas colheram grãos maduros de café, que depois foram passados pela peneira e armazenados em balaios de vime. O episódio é inusitado porque foi realizado no cafezal do Instituto Botânico (IB), o maior da zona urbana de São Paulo, com mais de 1,3 mil pés do fruto plantados numa área de 10 mil metros quadrados. O ato simbólico marcou a 3ª edição de O sabor da colheita 2008, promovida para anunciar o início da safra do produto no Estado de São Paulo.

O evento foi realizado pela Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento em parceria com a Câmara Setorial do Café, Sindicato da Indústria de Café de São Paulo (Sindicafé-SP) e a Associação Brasileira de Alta Gastronomia (Abaga).

Quem conduziu a colheita foram representantes de cooperativas, associações, sindicatos, indústrias, supermercadistas, baristas, cafeicultores e donos de casas de café. O evento ocorreu na manhã de 16 de junho, na Vila Mariana, a cinco minutos da Avenida Paulista, um dos principais cartões postais da maior cidade do País. 

O diretor-geral do Instituto Biológico, Antonio Batista Filho, diz que a idéia de cultivar um cafezal na metrópole inspirou-se em iniciativa francesa. Lá, os produtores de uvas lançam os melhores vinhos de safras especiais junto a parreiras em plena cidade de Paris.

Na sua opinião, O sabor da colheita 2008 é uma importante oportunidade para divulgar a história do café, responsável pelo desenvolvimento do Estado no início dos séculos 19 e 20. Hoje é um importante produto de exportação.

Fruta? – O maior cafezal da cidade de São Paulo tem longa história. Foi plantado na década de 1950 e serviu para apoiar pesquisas do Instituto Biológico no combate a pragas que acometiam a produção paulista.

O ajudante Luís Lázaro, 58 anos, trabalha nessa lavoura desde 1972. Nasceu em Caconde, interior de São Paulo, divisa com a cidade mineira Poços de Caldas. Desde a infância, aos 9 anos, “carpia a terra” para cultivar café, milho e arroz.

No cafezal, Luís aduba a área com o auxílio de duas pessoas. Sempre em junho, os três colhem os grãos. Todo ano, apanham cerca de uma tonelada. Demoram uma semana para desempenhar a tarefa.  Os frutos são beneficiados e resultam em 500 quilos de café moído, doados ao Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural do Estado de São Paulo (Fussesp).

Pela sua experiência na terra, avalia: “a cidade de São Paulo é fria, não é muito boa para a lavoura de café”. Do plantio à colheita, o ideal são três anos, ensina. O ajudante lembra que quando o paulistano visita o Instituto Biológico e vê a extensa plantação é comum questionar: “Que fruta é essa? Para que serve”?        

3º do País – De acordo com a Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento, São Paulo é o terceiro maior produtor de café do Brasil, ficando atrás de Minas Gerais e Espírito Santo. No ano passado, produziu 2.632 milhões de sacas de café, numa área de 231 mil hectares. Franca, São João da Boa Vista, São Sebastião da Grama, Espírito Santo do Pinhal, Piraju e Tejupá (região de Ourinhos) são as principais regiões paulistas produtoras do grão. A bebida é bastante tradicional entre os brasileiros, mas o consumo por aqui – 4,55 quilo per capita por ano – perde de goleada para os países nórdicos da Europa (notadamente Finlândia e Suécia), onde cada habitante consome três vezes mais que isso. 

Instituto de Botânica pode ganhar museu do café

Durante o evento, O sabor da colheita 2008, o arquiteto Paulo Bastos apresentou pré-projeto do Espaço Educativo do Café do Instituto Biológico. O objetivo é construir uma espécie de museu para preservar o acervo da história do café e uma cafeteria, onde o público conhecerá algumas etapas de produção, desde a torragem do grão, moagem até a infusão para consumo. “Nosso desafio é que o projeto, a ser patrocinado por instituições ligadas à produção de café, se torne realidade antes da primeira safra do produto (três anos)”, planeja o arquiteto.

O IB foi criado em 1927 para estudar uma praga que atingiu as plantações paulistas de café na década de 1920. Os pesquisadores da instituição avaliaram os danos causados pelo inseto, criaram medidas de controle e as divulgaram entre os produtores paulistas.

Hoje, os laboratórios do IB desenvolvem programas de pesquisa em parceria com entidades nacionais e internacionais para atender o setor produtivo em várias áreas. Participam de campanhas sanitárias contra a febre aftosa, raiva, tuberculose, entre outras.

Seus pesquisadores realizam atividades de investigação científica e exames laboratoriais para diagnosticar doenças em animais e vegetais em todo o Estado. Analisam resíduos de agrotóxicos em frutas, verduras, leite e meio ambiente, atuam na área de pragas urbanas, divulgam novas tecnologias, orientam produtores e criadores e produzem imunobiológicos.

Da Agência Imprensa Oficial

(M.C.)