O mapa da água na Grande São Paulo

A “alma” da Sabesp está no livro “Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo”

ter, 17/07/2007 - 10h58 | Do Portal do Governo

O que seria da sede de quase 20 milhões de pessoas não fossem os recursos hídricos administrados pela Sabesp? O mesmo vale para a água do feijão, a de enxaguar a roupa e a da ducha no fim do dia. Sem grandes reservatórios, os moradores do maior conglomerado urbano do país logo se sentiriam no meio do semi-árido – e a Sabesp sabe disso como ninguém. Tanto é verdade que ela resolveu registrar em papel o apreço pelo que dá sentido a seu trabalho. A “alma” da Sabesp está no livro “Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo”.

Fazer paralelo com as terras de Padre Cícero ao tratar da água dos paulistas não é recurso estilístico. Já na saudação do livro, o governador José Serra lembra que São Paulo tem mais carências desse recurso natural do que Paraíba e Pernambuco, os estados mais áridos do Nordeste brasileiro – isso levando-se em conta a quantidade de água disponível para fazer frente à grande demanda da região metropolitana de São Paulo.  “O caminho para garantir abastecimento a todos é proteger e recuperar a qualidade da água dos mananciais. Esse é o desafio: atender, da forma mais racional possível, as necessidades de uma imensa população, diante de disponibilidades dramaticamente limitadas”.

Levar a água dos pontos de captação para as torneiras de milhões de clientes é mais que trabalho difícil, é quase heróico. As dimensões da Capital paulista extrapolam as escalas, e a própria natureza do problema muda, explica um dos co-autores do livro, Ricardo Araújo. Palavra de quem sabe: o engenheiro tem 24 anos de Sabesp e conhece cada um dos principais mananciais como se fossem filhos. Entender como se comportam, como se comunicam, como escasseiam, enfim, como não deixam na poeira os usuários do sistema, é missão que requer anos de experiência.

Radiografia

Além de Araújo, coube à Mariangela Solia e ao fotógrafo Odair Marcos Faria a tarefa de registrar tudo em livro. O feito é um marco inédito na luta pela conservação das fontes de água dos paulistas. Não são apenas belas imagens que ilustram as 146 páginas do livro: lá está a radiografia completa dos mananciais de Rio Claro, Alto Tietê, Cantareira, Guarapiranga, Billings e Alto Cotia. A publicação ainda abre espaço para o balanço das atividades em pequenos reservatórios da Serra da Cantareira.

“O livro conta o drama dos rios e represas marcados pelo crescimento extensivo e desorganizado da cidade que se apoderou de maneira inadequada de seus recursos naturais”, explica a Secretária Estadual de Saneamento e Energia, Dilma Pena. Ela sabe que as dificuldades são imensas, como nas represas Billings e Guarapiranga, onde a deterioração é visível, mas não perde as esperanças: “A natureza resiste e resguarda um patrimônio ambiental inestimável”.

Só pela beleza esse “eco-tesouro” já vale um registro fotográfico em livro. Mas “Mananciais” vai além e surpreende o leitor ao apresentar uma faceta esquecida da selva de pedras. “Encontramos nesta metrópole extensiva, conturbada e desigual, áreas de raríssima beleza, todas relacionadas à provisão da água que lhe é indispensável”, conta o presidente da Sabesp, Gesner Oliveira.

Manoel Schlindwein