O “exército” da solidariedade por trás da Campanha do Agasalho

Num galpão de 5 mil metros quadrados, funcionários da Defesa Civil orientam frentes de trabalho na triagem e distribuição das peças

dom, 26/08/2007 - 10h48 | Do Portal do Governo

Muito antes de a Campanha do Agasalho, promovida pelo Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural (Fussesp), ganhar as ruas da capital e do interior, havia um movimento discreto nas dependências do Depósito Marechal, pelos lados do Jaguaré. Funcionários da Defesa Civil cuidam da organização, dos excedentes da campanha anterior que, a qualquer momento, podem ser utilizados em caso de incêndio, enchentes, desastres. Ao mesmo tempo, orientam as frentes de trabalho, contratadas pela Secretaria do Trabalho, durante o auge do inverno. Qualquer semelhança com o trabalho ininterrupto de uma escola de samba tem tudo a ver. O recebimento das peças tem o seu ponto alto no inverno, durante três meses, mas as doações podem ser feitas, também, nos postos permanentes das estações do Metrô, o que significa trabalho o ano inteiro.

Experiência

Naturalmente, administrar quase 20 milhões de peças, como este ano, é tarefa prodigiosa. Distribuí-las, então, engloba muita gente em várias etapas de trabalho. No depósito de 5 mil metros quadrados trabalham 32 pessoas – sete da Defesa Civil, os demais da frente de trabalho. São organizadas em três equipes: uma de triagem, outra de carga e descarga de materiais, outra administrativa.

Na verdade, explica Mônica Serra, presidente do Fussesp, as peças são administradas diariamente no mesmo ritmo da entrada. “O pessoal da Defesa Civil tem experiência de anos nesse trabalho e é com base nessa experiência que manuseiam, ajudados pela frente de trabalho”. O tempo que esse montante fica parado é só para a triagem e formação dos kits que serão distribuídos à população. No depósito, funcionários recebem e registram as doações, um tenente ajuda a organizar, dar entrada e saída das peças, enquanto a frente de trabalho separa e faz a triagem. Separa, por exemplo, roupa feminina da masculina, infantil ou adulto (conforme numeração e confecção), tipo de roupa (calças, camisas, jaquetas, blusões) e calçados. Na segunda etapa, colocam em caixas para, na seqüência, preparar os kits, dependendo para onde vai e para quem (família, individual).“Se, por exemplo, o destino é uma região de bóias-frias, o kit deverá conter mais calças de homens, malhas, camisas, casacos e sapatos mais resistentes,” explica a presidente.

Comprometimento

As doações são distribuídas a 2 mil entidades cadastradas no Fussesp. Entre elas estão abrigos de idosos, creches, igrejas, associações comunitárias, associações de bairro, hospitais, albergues, ONGs que atuam em favelas, que retiram as doações e as distribuem. A Campanha do Agasalho tem uma superestrutura que compromete, espontaneamente, parcerias com empresas, entidades e voluntários. Para que tudo funcione bem, existe uma sistemática de entrada e saída das doações, informa Mônica. Assim que chega ao depósito, registra-se a doação no computador e quando sai é feita a baixa. A contagem é realizada no recebimento.

A maioria das doações realizadas no interior não sai dos municípios. As roupas são distribuídas às entidades locais. As cidades mais ricas costumam enviar parte das doações para a capital, mas o Fussesp também distribui para o interior, de acordo com as necessidades do local.

Os fundos municipais e as entidades cadastradas no Fussesp devem enviar expediente por escrito com suas solicitações e necessidades. Esse ofício é protocolado e analisado pela assessoria técnica. Caso o material esteja disponível no depósito, é emitida guia de retirada ao solicitante para que possa agendar a retirada dos itens. O processo é objetivo e leva, em média (do recebimento do ofício até a autorização de retirada), três dias.

Mônica ressalta que no trabalho de arrecadação e distribuição a Defesa Civil tem papel de destaque, assim como “a atuação de todas as primeiras-damas, cujo envolvimento é direto, de peito aberto. Afinal, a campanha atinge os 645 municípios de São Paulo”.

Maria das Graças Leocádio

Da Agência Imprensa Oficial

 (I.P.)