Número de roubos nas estações da CPTM cai 70%

Investimentos na área de segurança têm diminuído substancialmente os casos de assalto

seg, 12/03/2007 - 17h16 | Do Portal do Governo

Ações de inteligência, treinamento das equipes de segurança, vigilância com cães, câmeras para monitoramento, blitz em parceria com o Deic, implantação de novas tecnologias e equipamentos capazes de otimizar resultados reduziram em 70% o número de roubos nas estações da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

Os investimentos na área de segurança, intensificados a partir de 2004, têm diminuído substancialmente os casos de roubo nas 87 estações (83 comerciais) da companhia e atos de vandalismo. Naquele ano, foram registrados 133 roubos, contra 91, em 2005, e 40 casos, no ano passado.

A estratégia adotada pela empresa, que transporta diariamente 1,5 milhão de passageiros e possui 270 km de linhas nos 22 municípios atendidos, tem obtido bons resultados também em relação à detenção dos criminosos. Foram flagradas pelas câmeras do circuito interno das estações 119 pessoas, 41 delas identificadas e detidas, o que possibilitou o esclarecimento de 44 casos. Entre janeiro e fevereiro deste ano, foram registrados apenas 4 ocorrências de roubo.

Equipes de inteligência

Criadas em julho de 2004, as equipes de inteligência são compostas por 12 seguranças, quatro por par de linha: A/D (luz/Francisco Morato – Luz R. Grande da Serra), B/C (Júlio Prestes/Itapevi – Osasco/Jurubatuba) e E/F (Luz/Estudantes – Brás/Calmon Viana). Elas coletam e cruzam informações relativas aos diferentes delitos registrados na empresa. Além disso, mantêm interface com os demais órgãos de inteligência da Segurança Pública do Governo do Estado de São Paulo, e delegacias especializadas, a exemplo do DEIC (Departamento de Investigação sobre o Crime Organizado), sobretudo nos casos de furto de fios e entorpecentes.

Os dados que levam a indícios da ação das quadrilhas e marginais são cruzados com a minuciosa checagem das imagens do sistema de monitoramento on-line, das estações, garantindo bons desfechos.

Agentes de Segurança

Cerca de 1.300 agentes, uniformizados ou à paisana, tem como atribuição não só zelar pela segurança dos passageiros e do patrimônio da companhia, mas também inibir a atuação de vândalos, vendedores ambulantes, assaltantes, traficantes e usuários de drogas.

Substituição das armas e munições

A Gerência de Segurança da CPTM iniciou, no início deste mês, a substituição das armas e munições utilizadas pelos agentes das seis linhas. Foram entregues 150 revólveres e cerca de 1.800 cartuchos de munição. A iniciativa faz parte do programa de modernização dos equipamentos de segurança.

Segundo Leopoldo Corrêa Filho, gerente da área, os antigos revólveres, calibre 38, utilizados há quase 20 anos já estavam obsoletos, por isso estão sendo substituídos por modelos novos, do mesmo calibre. Ele declarou que as armas em uso apresentavam muitos problemas técnicos. Por se tratar de um Equipamento de Proteção Individual, colocava em risco a integridade do agente.

“Com a troca por revólveres novos e modernos, além de aumentarmos o grau de eficiência e a efetividade dos serviços de segurança, também melhoramos a auto-estima dos funcionários”, disse Leopoldo Corrêa.

Atualmente, os agentes da CPTM já dispõem de coletes à prova de balas, detectores de metais, câmeras portáteis, lanternas, espargidores de gás pimenta e equipamentos antitumultos, utilizados para controle de eventuais distúrbios no interior do sistema ferroviário.

Monitoramento de Câmeras

O monitoramento das estações por meio de câmeras foi implantando para apoiar à atuação das equipes de inteligência e auxiliar, não só a Gerência de Segurança da CPTM, como também as polícias Civil e Militar do Estado, na identificação de criminosos e suspeitos.

Ao todo, são 802 câmeras instaladas nas 83 estações comerciais. As imagens captadas ficam armazenadas num único local, a Central de Segurança da empresa, permitindo a conferência em tempo real.

O sistema de monitoramento é sofisticado e atualizado constantemente. Ainda em julho de 2006 foi instalado um novo software, mais moderno, que permite maior definição na qualidade das imagens, a ampliação do tempo de armazenamento das gravações e o acompanhamento de até 320 câmeras de diferentes estações, simultaneamente.

O sistema também pode receber, ao mesmo tempo, avisos de alarmes de várias estações e visualizar de imediato no monitor um croqui da unidade e o ponto exato ativado. Entre Janeiro e Março de 2007, as câmeras instaladas nas estações da CPTM, flagraram 5 ocorrências e duas tentativas de roubo a estação, três casos de tráfico e doze de porte de entorpecentes, possibilitando a prisão de vinte e nove indivíduos.

Vigilância com cães

A CPTM dispõe atualmente da proteção-extra de dois cães da raça rottweiler, em oito estações. São elas: Ipiranga (Linha D); Água Branca, Piqueri e Vila Clarice (Linha A), General Miguel Costa e Carapicuíba (Linha B), Aracaré e Eng.º Manoel Feio (na Linha F). O reforço começou em março de 2005, com o objetivo de coibir evasão de renda, resultante da entrada clandestina nos trens, e o risco de roubo às bilheterias.

Os cães estão presentes nas estações a partir das 3h45, onde permanecem até 9 horas, durante o horário de pico da manhã. Em algumas unidades, nas quais o embarque no pico da tarde é intenso, eles trabalham também das 17 às 21 horas. A jornada ocorre, inclusive, aos finais de semana.

Supedâneos

Outro recurso utilizado são dois supedâneos, plataformas elevadas do piso em cerca de um metro e meio, com uma área útil de um metro quadrado. Os equipamentos implantados nas estações Brás e Luz possibilitam aos seguranças um campo de visão mais amplo, permitindo observar toda a movimentação no local. Por estar em um patamar mais alto, este recurso também facilita a localização dos agentes por parte dos usuários.

Tráfico de Drogas

Em conjunto com as polícias Civil e Militar, a companhia organiza blitze periódicas, em diversas estações, com o objetivo de coibir o consumo de entorpecentes e evitar a atuação de assaltantes e vândalos. Nessas ocasiões, os usuários suspeitos são abordados, revistados e encaminhados ao DP mais próximo, se necessário.

Este ano já foram realizadas 97 blitze, com cerca de cinco mil pessoas abordadas, no ano passado 338, com mais de 18.500 abordagens, e no ano anterior 333, com 25.900. Somando todas as ocorrências, 319 pessoas foram encaminhadas para delegacias da Polícia Civil.

Rondas

Equipes uniformizadas e à paisana patrulham todos os dias as plataformas das estações, realizam a proteção patrimonial e também atuam durante as blitze em todo o sistema da CPTM. Às vezes, quando um usuário de droga é detido, com um cigarro de maconha e é conduzido ao DP, ele assina apenas um termo circunstanciado, por se tratar de crime de baixo potencial de ofensivo, segundo a lei 9.099 do Código Penal Brasileiro, sendo liberado em seguida.

Combate aos ambulantes

Diariamente, a empresa conta com equipes especializadas, denominadas GAM (Grupo de Apoio Móvel), sempre à paisana, que promovem rondas constantes nos trens, pátios e estações. A estratégia visa o combate, sobretudo, ao comércio de ambulantes, a atuação de pedintes, pregação religiosa e qualquer outro comportamento inadequado que cause transtorno aos usuários, como o uso de entorpecentes.

Falsificadores de bilhetes

A companhia também aperta o cerco contra falsificadores de bilhetes que atuam, principalmente, nas áreas próximas às estações. Com a ajuda do circuito fechado de TV, as equipes de inteligência vêm levantando as estações mais utilizadas para a prática de clonagem de bilhetes. Dessa forma, vem conseguindo identificar e prender os responsáveis por esse tipo de crime.

Por outro lado, a CPTM alerta os usuários e a população sobre os riscos de se adquirir bilhetes fora das estações. Além de alimentar o comércio ilegal, as pessoas que o fazem não têm garantia alguma em relação à proveniência dos mesmos. Quando apreendidos nos pontos de bloqueios, os bilhetes são analisados. Constatando-se qualquer irregularidade, o portador do material pode ser encaminhado às autoridades policiais para prestar esclarecimentos.

Este ano foram registradas 121 ocorrências com falsificadores, em 2007 cerca de 390 e no ano anterior 408 casos.

Surfistas

A queda drástica nos índices do chamado “surfe ferroviário” mostra como as ações de segurança têm sido implementadas com sucesso, por meio de campanhas educativas e atividades conjuntas com os CCO’s (Centros de Controle de Operações), que determinavam a parada das composições, em locais pré-estabelecidos, para que os agentes retirassem eventuais aventureiros.

Passados 10 anos, os resultados atuais são extremamente positivos se comparados a 1996, quando 371 pessoas foram retiradas de cima das composições, nove delas morreram “surfando” e outras 79 sofreram ferimentos.

No ano passado ocorreram 13 casos e no ano anterior 04. Ninguém morreu no ano passado e em 2005 foram duas mortes.

A empresa também adotou medidas técnicas, como a troca dos mecanismos das portas dos trens que circulam nas Linhas E (Luz – Estudantes) e F (Brás – Calmon Viana), o que evita que usuários abram as portas para viajar pendurados.

Furtos de fios e cabos

Trata-se de uma questão grave enfrentada pela empresa, que não se restringe ao aspecto material e financeiro, já que a circulação de trens pode ser afetada ou até mesmo interrompida. Neste ano, entre janeiro e fevereiro, registraram-se 28 ocorrências referentes ao furto e vandalismo de fios e cabos. No total, foram levados 2.690 metros de itens utilizados em sistemas de sinalização (375 m), telecomunicação (350 m) e energia (1965 m). Os gastos despendidos para reparam chegaram a R$ 107,6. No ano passado, em 160 ocorrências, houve a subtração de 9.089,60 metros de cabos de sinalização, (490 m) telecomunicação e (10.342 m) de energia totalizando 19.921,60 metros de material. Os ataques ocorreram nas seis linhas da empresa e o prejuízo chegou a R$ 796,8 mil.

Quando surge algum problema, o sistema de sinalização fica bloqueado no Centro de Controle Operacional (CCO), como se houvesse um trem no trecho. Por causa dessa “falsa ocupação”, os controladores de tráfego têm de checar, via rádio, todas as composições em circulação para identificar a localização exata de cada uma. Enquanto o serviço é realizado, os trens são obrigados a reduzir a velocidade, o que provoca atraso nas viagens. Há situações, inclusive, em que há necessidade de paralisação, causando inúmeros transtornos aos usuários.

Parceria com o DEIC

Um passo importante foi a parceria firmada, em 2003, com a 3ª Delegacia Especializada em Furtos de Fios do DEIC (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado). A fim de identificar receptadores dos itens furtados, a CPTM mapeou os ferros-velhos existentes nas proximidades das seis linhas e encaminhou aos investigadores. A relação é constantemente atualizada e os policiais fazem em média duas incursões mensais para verificar a existência de material furtado nesses locais.

Esquema de jogos

A segurança da CPTM atua com um esquema especial em estações e trens para inibir a violência e o vandalismo nas dependências e garantir a proteção dos usuários, principalmente em dias de jogos importantes, considerados clássicos do futebol.

Cada uma das torcidas é conduzida às extremidades das plataformas: uma embarca nos primeiros carros do trem e a outra no lado oposto, sempre acompanhaas por agentes durante o trajeto. Com essa operação, as equipes de segurança evitam eventuais confrontos entre os integrantes das diversas torcidas, inibe a violência e o vandalismo.

André Muniz