Número de desobstruções na rede de esgoto cai com ampliação da reciclagem de óleo em bairro da capital

Em Cerqueira César, demanda por esse tipo de serviço é 26% menor que em outras regiões da Unidade Metropolitana Centro

ter, 08/06/2010 - 13h00 | Do Portal do Governo

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) divulga os primeiros resultados da ação pioneira do Programa de Reciclagem de Óleo de Fritura (Prol) no bairro de Cerqueira César, em São Paulo. A ação foi implantada em parceria com a ONG Trevo e a SAMORCC, associação de moradores local. No quadrilátero do projeto piloto quase 100% dos edifícios (1.600 condomínios) aderiram ao programa, desde 2007. Na região, o número de desobstruções de esgoto já é 26% menor em relação ao restante dos demais bairros operados pela Unidade de Negócio Centro da Sabesp. Ou seja, quanto menos óleo despejado irregularmente na rede de esgoto, menor também é a necessidade de execução dos serviços de manutenção. O óleo funciona como um aglutinador de resíduos jogados na rede – como pontas de cigarros, fio dental, cotonete, preservativos e absorventes – obstruindo a tubulação. Além de beneficiar a rede de esgoto, destinar o óleo à reciclagem evita a poluição das águas. Calcula-se que um litro de óleo polua mais de 25000 litros de água.

O sucesso do índice está associado, em grande parte, à maciça adesão dos condomínios da região ao Prol, que começou em 2007. Foi neste ano que a Sabesp deu início ao fomento da reciclagem do óleo de fritura em Cerqueira César, em parceria com a Organização Não-Governamental Trevo e com a Sociedade Amigos e Moradores de Cerqueira César (SARMORCC). Enquanto a Sabesp apoia as ações do programa para divulgação na comunidade, as entidades fazem a coleta e o encaminhamento do material para produção de subprodutos como sabão, biodiesel e tinta.

No primeiro ano do Prol em Cerqueira César, a adesão foi de 60% dos condomínios, e o resultado uma queda de 10% dos serviços de desobstrução do coletor-tronco de esgoto. Já no segundo ano, a adesão os condomínios subiu para 90% e o número de desobstrução caiu 26%. Os 1.600 condomínios representam 11.500 ligações de água e esgoto.

Atualmente, a Trevo – entidade especializada na coleta/beneficiamento de óleo de fritura e com tradição neste setor de mais de 20 anos – recolhe 38 toneladas de óleo de fritura mensalmente na região. O óleo é descartado em bombonas plásticas de 50 litros, fornecidas pela própria ONG. O óleo segue na maior parte para usinas de biodiesel o que evita os impactos de mais plantações de oleaginosas.

Experiência replicada

Depois da experiência pioneira em Cerqueira César, a Sabesp ampliou as parcerias para fomentar a reciclagem do óleo em outros bairros da capital e também em outras cidades do Estado. Dentre elas, estão as ações organizadas em conjunto com as prefeituras de Osasco, Registro, Itapetininga, Lins, Jales e Presidente Prudente, em parceria com entidades e prefeituras locais.

Para quem destinar o óleo

Para destinar o material para reciclagem o ideal é recorrer às empresas e ONGs especializadas na coleta. Algumas delas fornecem cartazes, bombonas de 50 litros identificadas para estocagem e mantêm um esquema de retirada programada ou atendem a chamado. Em geral, pagam por litro fornecido, dependendo do volume estocado e da distância. Também pode se doar o óleo para cooperativas de catadores e entidades. Bons contatos são a Ecóleo, associação dos coletores e recicladores (www.ecoleo.org.br) e o Fórum Estadual Lixo e Cidadania (www.sabesp-sp.org.br/lixocidadania), que congrega várias cooperativas.

Há ainda a opção de direcionar para os postos de entrega voluntária existentes em algumas lojas de redes de supermercado ou padarias/confeitarias que aderiram a um projeto lançado pelo Sindicato da Indústria de Panificações do Estado de São Paulo (Sindipan).

Usina de biodiesel na USP

O óleo de fritura é beneficiado pelas centrais dos coletores e é vendido para fabricantes de biodiesel, sabão, tintas a óleo, massa de vidraceiro, entre outros usos. Uma novidade é a Usina de Biodiesel montada dentro da Cidade Universitária (USP), em São Paulo, cujo projeto ganhou apoio e material da Sabesp para a coleta do óleo no campus e no bairro do Butantã.

A usina – fabricada pela Prescimec, de Araxá, Minas Gerais a partir do projeto da professora-doutora Maria Del Pilar, da UNB, tem capacidade de produção de 200 litros de biodiesel por dia. O equipamento visa à pesquisa de rota de produção de biodiesel, usando o etanol no lugar do usual metanol. O ciclo de produção dura 5h e consome 10kWh e 40 litros de água por hora.

Os resíduos gerados na usina são de três tipos: borra pela decantação da matéria-prima, que será usada na produção de sabões industriais ou no biodigestor que também será construído na USP; água de lavagem, que entra na fabricação do sabão ou pode ir para o biodigestor; e a glicerina, que será usada na fabricação de sabões finos.

Da Sabesp