Nomes dos vencedores da Feira da Poli/USP serão divulgados neste sábado

A maior feira de ciências e engenharia do Brasil expôs 229 trabalhos feitos por 1.600 alunos de 25 Estados brasileiros

sáb, 17/03/2007 - 15h19 | Do Portal do Governo

Robôs dançarinos (Fritz e Frida), casa ecológica, guarda-chuva inteligente, óculos-sonar, aquecedor à base de casca de coco e robô cortador de grama são alguns dos inventos criados por estudantes e exibidos durante  Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), realizada na Escola Politécnica da USP (Poli-USP). Neste sábado, dia 17, serão divulgados os nomes dos jovens inventores, na cerimônia de premiação que ocorrerá em São Paulo.

Os melhores projetos (em 13 categorias) ganharão medalhas, certificados, estágios e outros prêmios. Realizada na Poli-USP, nos dias 13 a 15 de março, a maior feira de ciências do País reuniu público estimado de 10 mil pessoas. Especialistas de diversas áreas do conhecimento participaram da escolha dos melhores projetos.

Os principais critérios de seleção, de acordo com coordenadora geral da Febrace, a professora Roseli de Deus Lopes, da Poli,são criatividade, inovação, reflexão, raciocínio crítico, busca pelo rigor científico, forma de investigar, estratégias criadas ao longo do processo e potencial de fazer projetos mais complexos.

São avaliadas também as condições em que o estudante executou o projeto.Viagem ao EUA – A megaexposição reuniu projetos científicos desenvolvidos por jovens cientistas nas áreas de ciências exatas e da terra, biológicas, da saúde, agrárias, sociais e humanas, engenharia e suas aplicações. Nesta quinta edição, a Febrace expôs 229 trabalhos feitos por 1.600 estudantes (da 8ª série do ensino fundamental e do ensino médio e técnico) de 25 Estados brasileiros.

Muitos desses jovens talentos não têm dinheiro para pagar a passagem e mobilizam a cidade em busca de recursos, relata Roseli. “Na Febrace do ano passado um estudante de Tocantins chegou a dizer que, se não conseguisse pagar a passagem, viria nem que fosse de jegue”, lembra.

Ele não só chegou à feira, mas viajou para os Estados Unidos e conversou com o presidente da Intel (uma das maiores empresas de tecnologia da informação) porque seu projeto foi escolhido como um dos nove melhores apresentados durante a feira. “Para o estudante, autodidata em informática, foi uma realização”, ressalta Roseli. Apresentar o trabalho no exterior é um dos grandes incentivos aos jovens inventores.Como chegar lá – Para chegar lá, o primeiro passo é ter a idéia de como transformar um problema em solução e mostrar como isso será feito (com relatórios, diário de bordo, plano de pesquisa). Podem participar da feira estudantes de escolas públicas e particulares de todo o Brasil. Para isso, basta enviar o projeto que concorrerá em uma das categorias.

Depois é trabalhar na execução. Tudo pronto, basta encaminhar o projeto para seleção. Se for escolhido, receberá o convite para mostrar o experimento na feira da USP. Além disso, os nove trabalhos que mais se destacarem representarão o Brasil na  International Science and Engineering Fair (Intel-ISEF), uma das maiores feiras internacionais de estudantes pré-universitários. Realizada anualmente nos Estados Unidos tem a participação de aproximadamente estudantes de 50 países.

Para chegar a esse ponto, os estudantes trabalharam arduamente por pelo menos um ano e competiram com quase mil colegas. Dos 948 projetos recebidos, 229 foram selecionados como finalistas e ficaram expostos numa tenda de dois mil metros quadrados instalada no bolsão da Poli.

Entre as demais vantagens de participar da Febrace, a coordenadora destaca que apresentar o invento numa feira promovida pela USP costuma “abrir portas” para outras oportunidades, propicia compartilhar experiências e idéias com outros colegas que vivem as mais diversas realidades e amplia o repertório de conhecimento científico e tecnológico. Mais informações no site www.lsi.usp.br/febrace

Cresce interesse dos jovens em mostrar serviço

Desde que foi criada, em 2003, para estimular o desenvolvimento de uma cultura investigativa, de inovação e empreendedorismo, a Feira Brasileira de Ciências e Engenharias (Febrace) vem conquistando novos jovens talentos. Organizada pelo Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica da USP, a feira tem recebido número crescente de projetos.

Nas edições de 2003, 2004, 2005 e 2006, foram inscritos, respectivamente, 200, 300, 550 e 650 trabalhos. Em 2007 foram submetidos 948 projetos, o que representou um aumento de 46% em relação ao ano passado. Assim como a Febrace qualifica projetos à participação na Intel-ISEF, feiras de ciências de todas as regiões do Brasil também submetem seus projetos para seleção na mostra nacional. As 22 feiras representadas na Febrace apresentaram 52 projetos de 109 estudantes. Nas feiras afiliadas, realizadas em dez estados, participaram 5,6 mil estudantes com 1,7 mil projetos.

A quinta edição da Febrace é patrocinada pela Intel do Brasil, Petrobras, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Instituto Votorantim. O evento tem o apoio institucional dos ministérios da Ciência e Tecnologia e da Educação, Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Unesco e secretarias de Educação e de Desenvolvimento do Estado de São Paulo. A feira conta ainda com o apoio cultural da Editora Saber, RedeTV,  TV Cultura, TV Globo e TV USP.

Conheça algumas experiências mostradas na Feira

Fritz e Frida, os robôs dançarinos

Orientada por Evandro Weingartner, a estudante de Blumenau (Santa Catarina) Evelyn Lanser construiu dois robôs dançarinos, o Fritz e a Frida. Vestidos com trajes alemães típicos, eles dançam quatro músicas folclóricas da Oktorberfest. Na cabeça, um computador dita o compasso e o rítmo. Nos pés, rodas e sensores cuidam da movimentação. Na pista, uma faixa isolante muda a direção e evita quedas e saída do palco.

 “Algumas pessoas ainda falam alemão em Blumenau e queria retomar e reforçar as danças e as músicas tradicionais”, conta Evelyn. A estudante de robótica do Serviço Social da Indústria (Sesi, de Blumenau) disse que teve a  idéia do projeto  Robôs entram na dança na Oktoberfest: simbiose entre a tradição centenária e a tecnologia moderna em Blumenau/SC quando viu um vídeo com carrinhos se movimentando.

Com um software da Lego, fez as adaptações necessárias e desenvolveu um programa de computador capaz de enviar os comandos (movimento e ritmo) à cabeça dos bonecos, onde está instalado um micro-computador que recebe e executa as informações. Ela descreve seu invento de um jeito tão natural que só pode vir de quem vive intensamente o ambiente virtual.

Casa Ecológica e econômica

Do tijolo aos móveis tudo é ecológico. Criada por Ariel Engel Pesso do Colégio I.L. Peretz, de São Paulo, a Casa Ecológica está aberta a todas as classes sociais. Foi construída com técnicas ecológicas que preservam o meio ambiente e a qualidade de vida do ser humano, explica Ariel.

Feito com barro, água e cimento, o tijolo não provoca o efeito estufa porque não usa fornos.  O telhado é construído com caixas de leite longa vida que reflete os raios do sol, evitando o acúmulo de calor. As garrafas pet fazem a água da chuva escorrer para uma calha e chegar a um reservatório, onde fica armazenada até o consumo. 

A água da pia, depois de servir para lavar mão ou escovar dente, vai para uma caixa que servirá para abastecer a caixa de descarga do vaso sanitário. Os móveis são de madeira reflorestamento.

Guarda-chuva inteligente

Preocupada em não chegar toda molhada na escola nos dias chuvosos, Viviane Dione Lima juntou um guarda-chuva a uma capa de plástico, criando um equipamento inteligente, e mais eficiente. “Dá para levar para qualquer lugar, cabe dentro da bolsa e não deixa a gente se molhar”, explica Viviane,da Escola Estadual Professor José da Costa, de Cubatão.

A estudante disse que pegou um guarda-chuva e uma capa de chuva, disponíveis no mercado, e teve a idéia de juntar os dois com botões de pressão. Assim, as pessoas manterão as roupas secas em caso de chuva leve, média e forte. Só não funciona em casos de tempestade. Viviane já patenteou o invento e pretende lançá-lo no mercado após fazer algumas adaptações, como a colocação de um aro na parte de baixo da capa, além de um zíper e providenciar uma saída de ar.

Óculos-sonar para deficiente

Pensando em evitar que os deficientes visuais se chocassem em objetos ou batessem a cabeça nas paredes, Giordano Bruno Melo Góis e Felipe de Paula Lima, alunos do Centro de Ensino Médio 01 de Sodradinho (Distrito Federal) criaram o óculos-sonar. Há dois modelos de óculos-sonar: um dá um bip quando o deficiente se aproxima de objetos e o outro emite uma vibração.

A idéia da criação do invento surgiu após a construção de um robô provido de sensores que impediam a colisão com objetos. O óculo é composto de um dispositivo ultra-sônico (sonar), computador de bordo e armação de óculos convencional.

Um dessalinizador solar

Após saber que náufragos beberam água do radiador de um motor e sangue de tartaruga para sobreviver, os estudantes Felipe Menegassi , Viviane Arruda Polidori e Silvia Regina de Alencar Frigatto, da Escola Embaixador Assis Chateaubriand – Osasco – Unidade 1, criaram o dessalinizador solar. A própria estrutura de acrílico, de formato côncavo com a ajuda de outra caixa interna e pintada de preto e os raios solares aceleram a vaporização da água do mar e retira o sal tornando a água potável.

Casca de coco e falta d´água

Usando material reciclado, os estudantes André Nunes da Costa, Adriana Zamian da Silva e Geferson Galbiati Lopera, do Colégio Estadual Marechal Castelo Branco (Paraná), construíram um aquecedor solar à base de carvão de casca de coco. A principal preocupação deles foi com a natureza, aproveitamento dos recursos naturais e baixo custo.

“Queremos conscientizar as pessoas de que não teremos água potável num futuro próximo”, adverte André. Em nossa cidade, Primeiro de Maio, uma empresa perfurou 250 metros e não encontrou água, lembra Adriana. Isso porque estamos rodeados de represas e rios, lembra Adriana. Geferson diz que a água produzida pelo aquecedor é “límpida, insípida e inodora”.

Robô cortador de grama e vigilante

Incomodado com o fato de ter de cortar a grama de casa, Bruno Marques Prescott, do Colégio de Aplicação (do Rio de Janeiro) criou um robô cortador de grama. Além de poupá-lo do trabalho, o robô consume 95% a menos de energia em relação aos aparelhos tradicionais.

O robô tem até controle remoto (fita de vídeo), desvia de obstáculos e as rodas dentadas facilitam à aderência. Outra vantagem é que a máquina exerce a função de vigiar a casa. Seu alcance é de 50 m. “Já fiz a patente o invento e se for produzido em escala industrial, sairá por R$ 900”, revela.

Bicicleta que faz troca de energia

Cansadas de desperdiçar a energia calórica (gerada ao pedalar) e a energia elétrica (para fazer funcionar a esteira ou a bicicleta) quando pedalavam na academia de ginástica, as três estudantes do Complexo Educacional Dom Bosco (do Maranhão) Melissa Nunes Leandro, Jéssica Carolinne Damasceno e Liz Bittencourt Oliveira decidiram criar um invento capaz de evitar esses desperdícios.

Claudeci Martins

Da Agência Imprensa Oficial

(R.A.)