Negros enfrentam mais dificuldades no mercado de trabalho

É o que indica estudo da Fundação Seade

qua, 28/11/2007 - 12h30 | Do Portal do Governo

A população negra tem mais dificuldade para encontrar emprego do que as demais parcelas da sociedade, indica estudo da Fundação Seade por ocasião do Dia da Consciência Negra (20 de novembro). De acordo com dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego, referentes à média de outubro de 2006 a setembro de 2007, a taxa de desemprego total observada na região metropolitana de São Paulo entre os negros foi de 18,1%, ante 13,2% para os não-negros.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) classifica a população do País de pretos, pardos, brancos e amarelos. O trabalho da Fundação Seade considera negros os indivíduos pretos e pardos. Não-negros são os brancos e amarelos.

No caso das pessoas empregadas, há também diferenças importantes entre os grupos analisados. Embora a presença dos negros seja expressiva em todos os segmentos, estão mais representados nas ocupações consideradas de menor prestígio social, geralmente com salários mais baixos, relações de trabalho mais precárias e menos exigências em termos de qualificação profissional. É o caso dos setores da construção civil e dos serviços domésticos.

Os dados indicam que o acesso aos empregos assalariados é mais difícil para os negros do que para os não-negros. Tal diferença pode ser explicada, segundo a Fundação Seade, pelas dificuldades enfrentadas, no tocante aos primeiros, para ingressar no setor público, no qual mais da metade dos ocupados possui ensino superior. As diferenças na distribuição dos empregados são significativas em três posições: entre os assalariados do setor público e os empregadores, nos quais os porcentuais de não-negros superam em muito os de negros; e entre os empregados domésticos, em que ocorre o contrário.

De acordo com o estudo, essas constatações permitem avançar hipóteses otimistas. Avalia-se, por exemplo, que a sub-representação no setor público deve-se muito mais às históricas dificuldades de acesso, por parte dos negros, aos níveis mais elevados de ensino do que a eventuais ações discriminatórias de que possam ser vítimas.

Rendimentos menores

As informações sobre os rendimentos do trabalho confirmam que há muitas diferenças. O rendimento médio da população negra ocupada (R$ 752) equivale a 56% do da população não-negra (R$ 1.346), o que se explica pelos diferentes tipos de ocupação em que cada grupo é majoritário.

Ao se compararem negros e não-negros que se situam nos mesmos grupos de ocupação, há também grande disparidade de valores. O rendimento médio real por hora dos negros em cargos de direção e planejamento é de R$ 10, o que corresponde a 56,5% do rendimento dos não-negros no mesmo grupo ocupacional (R$ 17,80). Até mesmo nas ocupações com salários mais baixos, há diferenciação. Nos chamados serviços gerais, os rendimentos dos negros equivalem a 88,8% dos não-negros (R$ 3,20 e  R$ 3,60, respectivamente). Nas ocupações não-qualificadas, que são as de pior remuneração, ainda se observa pequena diferença entre os rendimentos de negros (R$ 2,90) e de não-negros (R$ 3).

Da Agência Imprensa Oficial

(I.P.)