Na USP, alunos da rede pública se preparam para usar o inglês em pesquisas

Imersão na Universidade de São Paulo capacitou jovens pesquisadores selecionados na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia

dom, 22/09/2019 - 14h43 | Do Portal do Governo

Ao longo de uma semana, estudantes de escolas públicas participaram, na Universidade de São Paulo (USP), de uma imersão em inglês voltada às áreas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática, também conhecidas pela sigla em inglês STEM.

Vale destacar que o STEM & English Immersion é um projeto-piloto da embaixada e do consulado dos Estados Unidos no Brasil com o Laboratório de Sistemas Integráveis Tecnológico (LSI-TEC) da USP, com apoio da Escola Politécnica (Poli) da universidade.

Desse modo, os jovens tiveram a oportunidade de melhorar as habilidades com mentores e especialistas da embaixada norte-americana. Os participantes selecionados para viver a experiência são estudantes com projetos premiados na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), de diversos estados do Brasil, como Pernambuco, Santa Catarina e Rio Grande do Norte.

Os professores de ciências e inglês e orientadores também estiveram presentes na imersão, que ocorreu entre 2 e 6 de setembro, no campus Cidade Universitária da USP, na capital paulista.

Metodologia

As atividades práticas abordaram as habilidades em metodologia investigativa, empreendedorismo e inovação e comunicação científica, tudo integrado à melhoria na proficiência em língua inglesa. No fim da imersão, eles apresentaram um pitch em inglês sobre seus projetos científicos.

“Não faz sentido trabalhar em campos divididos, como ciências e inglês. É mais importante trabalhar de maneira integrada porque é assim que o mundo funciona”, ressalta ao Jornal da USP a adida para Assuntos de Educação e Cultura da embaixada, Joëlle Uzarski. De acordo com a adida, os alunos melhoraram muito em pouco tempo e é provável que o programa seja repetido.

A professora Roseli de Deus Lopes, coordenadora da Febrace e pesquisadora do Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Poli, reforça a importância do inglês na carreira científica. “A literatura internacional para trabalhar na área de ciência e tecnologia está escrita em inglês. Se os estudantes só utilizarem textos em língua portuguesa, ficarão em um universo muito restrito”, avalia ao Jornal da USP.

Além do STEM & English Immersion, também existe o programa STEM TechCamp, voltado ao desenvolvimento de professores que estimulam os jovens da educação básica.

Projeto

Ana Beatriz Maluf e Mércia Nascimento de Souza são estudantes do 9º ano da Escola Estadual Professora Leila Mara Avelino, da cidade de Sumaré. O projeto que levou as jovens até o programa é da área de Ciências Humanas. “Decidimos analisar se a mudança estética das meninas estava relacionada ao racismo, pois mesmo em uma escola com maioria de estudantes negros, as piadas envolvendo o cabelo crespo são recorrentes”, explica ao Jornal da USP a orientadora das alunas, a professora de História Eliana Cristo de Oliveira.

O projeto “Cabelo, autoestima e construção da identidade da menina negra no Ensino Fundamental II” começou com um pequeno questionário: quem já havia sofrido algum tipo de piada envolvendo os cabelos; quem já havia praticado e quem já havia presenciado.

Segundo a docente, ao tabular os dados, a questão do racismo dentro da escola ficou evidente. Os resultados geraram outras ações, como a criação do coletivo Naturalmente Cacheado. Os próximos passos são desenvolver questões ligadas à representatividade.

A estudante Ana Beatriz Maluf revela que se surpreendeu com a experiência. “São duas matérias que eu achava totalmente opostas. Depois da semana, vi que isso é diferente. Em todo o mundo, há pessoas falando inglês e praticando ciência. Então, juntar essas duas coisas foi fantástico”, afirma a aluna ao Jornal da USP.

“No início, eu estava me sentindo um peixinho fora d’água, mas quando comecei a entender as pessoas falando inglês, comecei a falar também. O inglês é muito importante na vida das pessoas, pois abre portas”, relata ao Jornal da USP a aluna Mércia Nascimento de Souza.