Mutirão do Meio Ambiente recolhe 1,5 tonelada de lixo do mar

Evento desperta a consciência ambiental dos profissionais que trabalham diretamente com o mar

qui, 28/02/2008 - 11h30 | Do Portal do Governo

Dados da organização internacional Greenpeace revelam que os recursos terrestres são responsáveis por 44% dos poluentes encontrados nos mares. Para ajudar a diminuir os números dessa estatística, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente realizou, sábado passado, a operação Mutirão Mar Limpo. O Baía São Vicente Iate Clube foi a sede de largada dessa ação ambiental, que contou com 300 pessoas e mais de 50 embarcações. Os participantes recolheram lixo no mar, e cada voluntário recebeu um certificado de participação.

“Essa atitude é pioneira e, depois dessa campanha, novas serão criadas, inclusive outras ações que irão contribuir para a recuperação e preservação do meio ambiente. Outros mutirões estão vindo aí: do lixo eletrônico, das pilhas e baterias, e da água”, avisa o secretário estadual do Meio Ambiente, Xico Graziano, acrescentando que a Secretaria do Meio Ambiente já realizou outros mutirões, como o das sacolas plásticas e do verde.

A finalidade dessa operação é despertar a consciência dos comandantes, marinheiros, mergulhadores e de todos que se utilizam do mar de alguma maneira, para que, ao se depararem com garrafas, vidros e outros tipos de lixo, além de recolhê-los, quando voltarem do passeio, dêem destinação adequada a esses objetos. “O mais importante é não descartá-los no mar”, frisou o secretário.

Resultados positivos

Somente em São Vicente, 200 pessoas, distribuídas em 30 embarcações, recolheram durante duas horas, 700 quilos de lixo, na Baía de São Vicente. Outros 800 quilos foram retirados, também no sábado, pelos representantes de ONGs do litoral, que fizeram a coleta do lixo, nas praias e no mar, em Santos, nas praias de Paranapuã e de Itaquitanduva, no Parque Xixová-Japuí, e em Ilhabela, totalizando 1,5 tonelada de lixo.

O gestor ambiental Marcius Cocco e seus amigos recolheram, em São Vicente, 300 quilos de lixo no mar: garrafas pet e muito plástico. Marcius saiu vitorioso na contagem de quem mais retirou lixo. “Estou decepcionado com tanta sujeira, pois a cada ano esse material vem aumentando nas encostas”.

Maria José Gallo, secretária-executiva da Agenda 21 da prefeitura de São Vicente e coordenadora do trabalho de triagem do lixo, informa que em São Vicente foram recolhidos 4.343 objetos. Em primeiro lugar, vieram os plásticos diversos (1.953); Depois, 976 garrafas pet; e em terceiro lugar, 545 sacolas plásticas. A quantidade de pedaços de madeira retirada pela equipe de Maria José foi alta, 285, o que surpreendeu a todos. O lixo recolhido durante a operação será encaminhado às oficinas de reciclagem da Companhia de Desenvolvimento de São Vicente (Codevasi), da prefeitura, e também para cooperativas. 

Mais produtos

Além da grande quantidade de garrafas pet e plástico, os voluntários recolheram borracha, isopor, caixas tetra pak (embalagens cartonadas), vidros, metais, fraldas descartáveis, papel e papelão, latas de alumínio, vassouras, escovas dentais, espuma de colchão, malas (mochilas), cordas e velas.

O impacto da poluição é diverso. A atribuída aos nutrientes – causada por esgotos e pela agricultura – pode resultar no perigoso florescimento de algas em regiões costeiras. Como essas algas morrem e se decompõem, esgotam o oxigênio da água. Em algumas regiões, esse efeito provocou o surgimento de “zonas mortas”, onde o oxigênio dissolvido na água cai a níveis impossíveis de sustentar a vida marinha. A poluição industrial encontrada nos mares também contribui para essas zonas mortas. Geralmente são substâncias que ao se decomporem necessitam do oxigênio dissolvido.

Produtos tóxicos

O despejo de produtos químicos feito pelo homem nos oceanos abrange número enorme de substâncias – 63 mil produtos químicos estão em uso hoje, no mundo, dos quais 3 mil são responsáveis por 90% da produção total. A cada ano, cerca de mil novas substâncias químicas sintéticas aparecem no mercado. De todo o rol, 4,5 mil estão na categoria mais séria. Estes são conhecidos como poluentes orgânicos persistentes (POPs). Resistentes à própria decomposição, têm potencial para se acumular nos tecidos de organismos vivos (todos os da vida marinha), causando problemas hormonais que podem levar a disfunções reprodutivas, comprometer o sistema imunológico e interferir no desenvolvimento normal de crianças.

Os POPs podem também ser transportados por longas distâncias na atmosfera e depositados nas regiões frias. Os povos Inuit, que vivem no Ártico, a uma longa distância da fonte desses poluentes, estão entre as pessoas mais contaminadas do planeta, já que se alimentam de animais marinhos com muita gordura, ou seja, peixes e focas. 

Maria Lúcia Zanelli

Da Agência Imprensa Oficial

(I.P.)