Mutirão de saúde em escola fluvial no Rio Madeira tem coordenação da USP

Iniciativa busca identificar crianças com problemas oftalmológicos e risco para o desenvolvimento de doenças crônicas

sex, 13/07/2018 - 10h03 | Do Portal do Governo

De 16 a 23 de julho, uma equipe coordenada pela Universidade de São Paulo (USP) promoverá um mutirão de assistência à saúde que deve atender cerca de 350 alunos da Escola Municipal Fluvial Osmarina Melo de Oliveira, um barco-escola localizado no Rio Madeira, na comunidade do Tapuru, a 200 quilômetros de Humaitá, no Amazonas.

A iniciativa busca identificar crianças com problemas oftalmológicos e risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, a exemplo de diabetes, obesidade, hipertensão e colesterol alto, entre outras.

O projeto integra uma parceria técnica de apoio mútuo entre a USP e a prefeitura local. Durante os atendimentos, também serão coletados os dados científicos para ajudar a administração municipal a planejar ações preventivas e de intervenção.

Exames

Os estudantes serão submetidos a exames oftalmológicos e laboratoriais, incluindo fezes e anemia. Quem apresentar problemas de visão receberá tratamento e óculos. Serão escolhidos, de modo aleatório, entre os participantes, cerca de 170 alunos (30%) para a realização de exames adicionais com o intuito de identificar a ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis.

“Estamos aproveitando uma ação assistencial para colher dados científicos que possam subsidiar a prefeitura a pensar em ações preventivas e de intervenção nesses jovens”, ressalta o professor da USP e coordenador das atividades, Luis Marcelo Aranha Camargo. Segundo o docente, muitos dos fatores de risco surgem na infância e, caso não sejam tomadas medidas preventivas adequadas, podem originar doenças crônicas não transmissíveis na vida adulta.

Vale destacar que Luis Marcelo Aranha Camargo coordena o ICB5, um centro de apoio de ensino, pesquisa e assistência em saúde que o Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP mantém de modo permanente desde 1997, na cidade de Monte Negro, em Rondônia.

Além de profissionais da USP e da prefeitura local, o mutirão contará com o apoio de alunos do último ano de medicina do Centro Universitário São Lucas (UNISL), de Porto Velho, do Instituto da Visão (IPEPO), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), do Centro de Pesquisa em Doenças Tropicais, de Rondônia (Cepem), e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Epidemiologia, da Amazônia (INCT-EpiAmo).

Doenças

De acordo com o docente, um estudo preliminar realizado em 2016 em comunidades da região mostrou uma elevada ocorrência de doenças crônicas em adultos. No ano passado, os pesquisadores do ICB5 realizaram uma avaliação de estudantes em Monte Negro e encontraram um grande número de crianças e adolescentes com os fatores de risco para o desenvolvimento futuro de doenças crônicas não transmissíveis.

Alguns jovens, inclusive, chegaram a ser diagnosticados com obesidade, sedentarismo, intolerância à glicose e excesso de gordura no sangue. O coordenador projeta que o mesmo deve estar ocorrendo com os alunos ribeirinhos.

Os equipamentos usados no mutirão pertencem à Clínica de Oftalmologia do ICB5, em Monte Negro, serão levados até a Escola Fluvial e instalados em salas de aula. O transporte será feito por meio terrestre até Humaitá. De lá, a equipe navegará pelo Rio Madeira, a bordo da Unidade Básica de Saúde Fluvial Irmã Angélica Tonetta, pertencente ao município, até ancorar ao lado da escola, servindo de base aos participantes do mutirão.

Para os adultos, serão disponibilizadas consultas médicas e exames preventivos de câncer de colo do útero, vacinação, diagnóstico de pressão alta, diabetes, colesterol e hanseníase, entre outros.

Sobre a parceria entre a USP e prefeitura de Humaitá, o docente explica que a universidade presta assessoria, capacitação e assistência em saúde. Em troca, a prefeitura fornece a estrutura para a execução de pesquisas e a possibilidade de treinamento de acadêmicos da área.