Música: Núcleo de Musicalização Infantil de Tatuí oferece bons resultados há 11 anos

Além de divertir as crianças, trabalho desenvolve afetividade, senso de grupo, disciplina e concentração das crianças

qua, 19/07/2006 - 11h52 | Do Portal do Governo

Quanto mais cedo uma criança inicia o estudo musical, maiores são os benefícios. A afirmação é unânime entre profissionais de educação. Além de facilitar a expressão de sua sensibilidade, ela tem melhor evolução no desenvolvimento auditivo, visual, respiratório, de coordenação motora e até disciplinar. Por isso, há 30 anos o Conservatório de Tatuí oferece o curso de iniciação musical. Há 11 anos, criou o Núcleo de Musicalização Infantil. Crianças de quatro anos têm aula uma vez por semana; as de cinco anos, duas vezes por semana e, a partir dos seis anos, passam a ter duas novas atividades: treinamento auditivo e prática infantil de música em conjunto.

Há também a opção de fazerem o curso extracurricular de prática vocal. Dos seis aos oitos anos escolhem o instrumento que pretendem tocar. Como explica a coordenadora do núcleo, Darli Paulilo, as crianças têm acesso a todos os instrumentos até que selecionam o de sua preferência. “É interessante observar que, quando a criança gosta de determinado instrumento, percebemos isso no brilho dos seus olhos”, conta.

Uma das professoras, Isabel Cristina de Campos, é pedagoga e está concluindo o curso de piano erudito. Ela acredita que o trabalho de educação musical infantil desenvolva a afetividade, o senso de grupo, a disciplina e a concentração das crianças. E vai além: “Muito mais que a formação musical, nossa preocupação é que elas levem da música algo de bom para as suas vidas”.

Sentimento x expressão 

Patrícia Casemiro Rafael, também professora, é psicóloga e cantora. Concorda com a colega e acredita que o principal papel da música é transformar o que é sentimento em expressão. “A música faz com que as pessoas sejam melhores. E acompanhar essa evolução numa criança é lindo”, afirma. Atenção, observação e cuidados. Isso é o que se nota no trato com os pequeninos.

Atualmente, nove professores atendem a 439 crianças em dois períodos (manhã e tarde). Existe fila de espera, que cresce a cada dia. Como nos demais cursos do conservatório, no Núcleo de Musicalização Infantil muita gente vem de longe. “Temos mães que viajam duas vezes por semana para que seus filhos não percam as aulas. Em outros casos, avôs e avós cuidam para que a regularidade da freqüência seja mantida”, diz a coordenadora do núcleo, Darli Paulilo.

Metodologia própria 

A qualidade do ensino e das práticas do núcleo ultrapassaram seus muros e chegaram a outras escolas. Motivo: as professoras da rede de ensino começaram a observar que os alunos do núcleo eram mais disciplinados e tinham desenvolvimento diferenciado. Quiseram saber o porquê. “Começamos a receber inúmeros pedidos de professoras que queriam acompanhar as aulas”, explica a coordenadora.

O número de visitas cresceu tanto que deu origem a um workshop. Hoje, é um curso regular de musicalização para adultos: 136 professores recebem a mesma aula que seus alunos: brincam de roda, cantam e tocam tambores. “Isso é importante para mostrarmos que a criança de quatro e cinco anos entende a música de forma concreta. Ela entende o tocar da flauta e do tambor. A partir dos seis anos, passa a compreender o que é abstrato”, diz Darli.

Toda a metodologia aplicada no núcleo foi elaborada internamente. “Nenhum método era apropriado para o trabalho que elaboramos. Queremos que as crianças entendam os processos. Não adianta impor modelos. Estamos preocupados com a formação mais completa da criança”, afirma a coordenadora. Segundo ela, o fato de reunir profissionais com formação superior em várias áreas contribui para os debates do grupo docente: “Temos profissionais com formação em música, pedagogia, psicologia e educação artística. Com observação e muito diálogo, nossa metodologia está em constante aperfeiçoamento”.

Joice Henrique

Da Agência Imprensa Oficial