Na semana passada foi comemorado o quinto aniversário da Orquestra do Limiar, no Hospital Pérola Byington, também chamado Centro de Referência de Saúde da Mulher. Mais de 100 pessoas se acomodaram no saguão de entrada e reservaram 60 minutos, no horário de almoço, para apreciar canções dos períodos barroco, clássico e romântico.
O maestro e médico Samir Rahme abriu o evento incentivando o público a fechar os olhos e mergulhar no mundo da arte. Doze jovens músicos afinaram violas, violinos, violoncelos e contrabaixo e propagaram sons, ritmos e emoções (erudito e popular) naquele ambiente carregado de encantamento.
O programa incluiu peças do alemão Johann Sebastian Bach (Arioso), do austríaco Wolfgang Amadeus Mozart (O alegro do pequeno serão musical), do argentino Astor Piazzola (Libertango) e dos brasileiros Heitor Villa-Lobos (Prelúdio das Bachiannas nº 4) e Flávio Venturini (As criaturas da noite) com arranjos do próprio maestro.
Ouvir e orar – Na platéia, o conjunto conquistou atenção e provocou diferentes reações. Havia casais de mãos dadas e pessoas com olhos cerrados, que repousavam confortavelmente nas cadeiras. Com o terço nas mãos, Rosemary Figueiredo diz que orou durante toda a apresentação: “A música clássica me aproxima de Deus. Pedi a Ele que as habilidades dos médicos salvem os doentes e que os músicos continuem tendo o dom de acalmar nosso coração”.
Enquanto aguardava a chamada do médico, o casal Rosimeire Ferreira dos Santos e Wilde de Cardoso assistia ao trabalho da Orquestra do Limiar. Adoraram a exibição. “Antes, só tinha visto pela tevê. Seria bom se viessem aqui todos os dias”, opina Wilde. “Hospitais que cuidam de criança precisam muito dessa orquestra porque alegra o ambiente”, arremata a mulher.
O paciente impossibilitado de descer ao saguão e acompanhar a atividade artística não foi esquecido. Alguns músicos subiram as escadas para executar peças nos quartos dos acamados. Num dos quartos, tocaram canções religiosas, que Marlene de Souza Pereira de Oliveira não demorou a reconhecer e a cantarolar junto. “Achei ótimo. Quando eles tocam, sinto o amor de Cristo nas pessoas. Eles saíram de suas casas e nos ofereceram este presente nota 10! Maravilhoso!”, comentou.
Na opinião da assistente social Dilcy Aparecida dos Santos, que atua no Pérola Byington, a música em ambiente hospitalar anima e tranqüiliza: “É uma forma de os doentes contatarem o mundo lá fora”.
Doze mil pessoas já assistiram aos concertos
A Orquestra do Limiar integra o Programa Música nos Hospitais, criado há cinco anos para levar, gratuitamente, concertos instrumentais às unidades de saúde. A iniciativa é resultado da parceria da Associação Paulista de Medicina (APM) com a empresa farmacêutica Sanofi Aventis. Até o momento, 12 mil pessoas já assistiram às apresentações em 50 hospitais paulistas (públicos e privados).
Tudo começou em 2003. Na época, o médico Samir Rahme, formado no curso de Composição e Regência pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), convidou outros músicos da sua turma para integrar uma orquestra e apresentarem-se em eventos da APM. O desempenho do grupo foi logo reconhecido e um dos médicos sugeriu a expansão do trabalho. Desde então, o conjunto conta com patrocínio da Sanofi Aventis por meio da Lei Rouanet, do Ministério da Cultura.
Música na hora do almoço
“O hospital, geralmente, é um local angustiante. O concerto colabora para harmonizar o ambiente e levar esperança às pessoas. Não é terapia, mas como beneficia o público a música se torna terapêutica”, ressalta o médico-maestro Samir Rahme. E dá exemplos: na Associação Cruz Verde, na Vila Clementino, que atende crianças com paralisia cerebral, o maestro diz que os pequenos vibram e se alegram quando o conjunto entra em ação. A orquestra promove confiança e segurança aos pacientes antes de realizar uma cirurgia.
“Sinto que a expressão das pessoas muda. Escolhemos as peças a dedo para que o público escute com facilidade e reflita em seu íntimo”, sustenta. Os ensaios ocorrem à noite, uma vez por semana. A Orquestra do Limiar se apresenta três vezes por mês. Em novembro, os músicos seguem para o Rio de Janeiro, onde farão o primeiro trabalho fora do Estado de São Paulo.
Até o final do ano executarão sinfonias em 12 hospitais, sempre no horário do almoço.
PROGRAMAÇÃO DOS EVENTOS
02/09 – 11h30, no Hospital das Clínicas da Unicamp
Rua Vital Brasil, 251 – Cidade Universitária – Campinas – SP Recepção do terceiro andar.
17/09 – 11h30, no Hospital do Servidor Público Municipal
Rua Castro Alves, 60 – Aclimação – São Paulo – SP
Saguão da entrada principal.
30/09 – 12h30, no Hospital São Paulo
Rua Napoleão de Barros, 737 – Vila Clementino – São Paulo – SP – Andar térreo
Viviane Gomes, da Agência Imprensa Oficial
(D.R.)
