Museus de SP estendem horários na Virada Cultural

Confira a programação completa do evento que acontece nos dias 5 e 6

qui, 03/05/2007 - 10h56 | Do Portal do Governo

Museus e galerias de arte vão ficar de portas abertas até altas horas na noite do próximo sábado na Virada Cultural. Enquanto exibem suas coleções, pelo menos outras 350 atrações movimentarão o fim de semana do paulistano no dias 5 e 6 de maio.

Em francês, a expressão Noite Branca significa uma noite inteira sem dormir. Desde 2001, a prefeitura de Paris mantém seus cidadãos acordados no primeiro sábado de outubro. Todos os grandes museus da cidade ficam abertos durante 24 horas nas chamadas “Noites Brancas”.

A experiência foi copiada em Madri, Bruxelas e Roma e desde 2005, São Paulo criou a sua versão para o evento europeu. Na Virada Cultural, nos dias 5 e 6 de maio, a Pinacoteca do Estado, a Estação Pinacoteca, o Museu da Língua Portuguesa, o MIS – Museu da Imagem e do Som, o Museu da Casa Brasileira e algumas galerias do Sesc também estendem seus horários de atendimento.

Mas em São Paulo, a programação foi além das paredes dos museus. Mais de 350 atrações entre concertos, performances e espetáculos teatrais se espalham por toda a cidade. A Virada Cultural é promovida pela Secretaria Municipal de Cultura, em parceria com a SPTuris, Secretaria de Estado da Cultura e do Sesc SP.

O prédio da Pinacoteca do Estado de São Paulo (10h às 24h, 5/maio, 10h às 17h, 6/maio) vale uma visita por si só. Construção inacabada de Ramos de Azevedo, com uma fantástica intervenção moderna do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, o museu mais organizado do país dispõe de uma ampla coleção de arte do século 19. Almeida Júnior, Pedro Alexandrino e Oscar Pereira da Silva são alguns dos nomes da sua coleção, que também conta com artistas do modernismo como Cândido Portinari, Anita Malfatti, Victor Brecheret, Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti. A

Além do acervo permanente, a instituição conta com mostras temporárias como a da artista Niobe Xandó. São 182 peças de uma das pioneiras do realismo fantástico brasileiro.

As obras fortemente gráficas abordam temas como natureza e culturas primitivas. Além disso, a Pinacoteca conta com um respeitado gabinete de fotografia, com curadoria de Diógenes Moura. Em cartaz, ‘Olhar Viajante’, uma seleção de imagens feitas pelo escritor franco-suíço Nicolas Bouvier numa viagem entre Genebra e o Ceilão, nos anos 50.

Já em ‘Diálogo do Inconsciente’, Eduardo Villares mostra uma série de fotografias de tom abstrato que retratam detalhes de sua vida pessoal. Na noite da Virada, o museu promove ‘Esculturas da Pinacoteca no Parque da Luz: sob uma nova luz‘ (19h, 21h e 23h), um passeio guiado à noite pelo parque, iluminado apenas por lanternas.

O Museu da Língua Portuguesa (10h às 24h, 5/maio, 10h às 17h, 6/maio) logo ali em frente, tem uma programação habitual voltada à literatura. A instituição é a única dedicada a contar a história de uma língua em todo o mundo. Embora seja o museu de um idioma, não há livros por lá, mas palavras, versos e sons por toda a parte.

Os visitantes conseguem ouvir as várias sonoridades do português, além de descobrir de onde vieram as palavras de nossa língua. Sistemas eletrônicos de última geração projetam palavras no teto, no chão e nas paredes, num jogo de luzes e sons que encanta adultos e crianças. É certamente um dos museus mais interessantes do mundo e o mais diferente em todo o país.

Nesta temporada, a ala de mostras temporárias tem uma exposição sobre a escritora Clarice Lispector. “A Hora da Estrela”, título homônimo de um de seus livros mais famosos, é uma mostra interativa que vai dispor de um recurso incomum: duas mil gavetas se espalham pelo ambiente, mas somente 65 delas terão o tesouro que os visitantes procuram, ou seja, correspondências, rascunhos e outros documentos  manuscritos pela própria escritora, morta há 30 anos.

A poucos metros dali, ao lado da Sala São Paulo, funciona a Estação Pinacoteca (10h às 24h, 5/maio, 10h às 17h, 6/maio). O museu é um anexo da Pinacoteca do Estado e funciona no temido edifício do antigo DOPS, a polícia política da ditadura. Nos anos 60 e 70, inúmeros militantes políticos foram presos e torturados no prédio. Hoje, os salões amplos expõem arte.

O Gabinete de Gravura Guita e José Mindlin, um dos mais extensos do país, expõe atualmente “Léo 50”, uma série de desenhos do artista cearense Leonilson, que marcou fortemente o cenário das artes brasileiras nos anos 80, antes de morrer precocemente vítima da Aids.

Em ‘”Caminhos de Santiago”, 110 esculturas de pedra e madeira, objetos de marfim, ouro, prata, tecidos, códigos manuscritos e capitéis oriundas de castelos e monastérios europeus mostram a arte românica da Idade Média, sobretudo aquela que se desenvolveu na região da atual Espanha. Uma ampla coleção de arte moderna brasileira das décadas de 20 a 50 pode ser vista na ‘Coleção do Casal Nemirovsky’.

O MIS, Museu da Imagem e do Som, é o único museu do Estado a ficar aberto por toda a noite. A mostra “Adoniram Barbosa – retrato de São Paulo” traz fotografias, partituras, filmes, discos e scripts para programas de rádio do artista, nome proeminente do samba paulistano. Em “Cangaceiros”, fotografias de Lampião e seu bando. Imagens familiares e de bandidos decapitados mostram a intimidade do mundo do cangaço nordestino.  Na ala dedicada ao projeto “Novos Fotógrafos”, André Chassot expõe as imagens clicadas em uma viagem por mais de 3 mil quilômetros pelo interior do Brasil.

O Museu da Casa Brasileira (5/maio, 10h às 22h, 6/maio, 8h às 18h), instalado em um antigo solar aristocrático, mostra o mobiliário que serviu às casas do país desde os tempos coloniais. Destaque para camas e mesas que pertenceram aos membros da Casa Imperial. Além do rico acervo, o museu abre na noite da Virada a mostra “Desenho Anônimo – Legado da Imigração no Sul do Brasil”.

São expostos móveis e peças desenhados e executados pelos imigrantes italianos e alemães que chegaram para colonizar o país no século 19, trazendo na bagagem novos elementos de design que acabariam depois influenciando a produção nacional.

No Centro Cultural Britânico, a Virada Cultural acontece em meio ao ‘11º Cultura Inglesa Festival’ (6/maio, 10h às 16h). Na exposição “As Máquinas de Desejo de Angela Carter”, Adriana Peliano e Nazareno apresentam uma instalação multimídia que dialoga com a obra da escritora inglesa Angela Carter, que brinca com o conteúdo erótico dos contos de fadas. Já em ‘Turbilhão para Turner’, Henrique Oliveira faz uma releitura da tela ‘Snow Storm’, do pintor inglês Joseph Mallord William. Em ‘New World Airlines’, Rodrigo Matheus e Laura Faerman mostram um vídeo que lança uma crítica irônica sobre os esquemas de segurança aérea.

O Sesc também traz uma vasta programação de artes plásticas. A unidade Consolação promove, em parceria com a Aliança Francesa, a “Noite do Ano 2007”, uma mostra que terá onze telões espalhados pelas imediações da Rua Maria Antônia exibindo fotografias de agências de notícias, foto artistas e editoriais de moda. Trata-se de uma reedição do ‘Rencontres Internationales de la Photografie d’Arles’, festival que em 33 anos sai pela primeira vez da França.

Segue a programação das outras unidades:

Achados e Perdidos – Sesc Pinheiros: coletiva de artistas como Cezar Migliorin e Renato Bezerra de Mello. (5 e 6/maio, 10h às 18h30)

Aida é que é mulher de verdade – Sesc Vila Mariana: fotos da trajetória da atleta Aída dos Santos, recordista brasileira que ficou em quarto lugar na categoria salto nas Olimpíadas de Tóquio, em 1964. (5 e 6/maio, 9h às 18h30)

Impressões – Litografia e Serigrafia – Sesc Pinheiros: Exposição do acervo da gráfica Lithos, que produziu trabalhos com técnicas artesanais em litografia e serigrafia de vários artistas brasileiros. (5 e 6/maio, 10h às 18h30)

Mármore, Madeira e Metal na construção de uma identidade brasileira – Sesc Ipiranga: Mostra de esculturas de Renato Brunello, artista nascido na Itália e radicado em São Paulo há 20 anos. (5 e 6/maio, 18h às 24h e 9h às 18h)

Mulher, Mulheres – Sesc Avenida Paulista: Mostra internacional de arte contemporânea que procura estabelecer um diálogo entre artistas, homens e mulheres, e seus papéis no mundo atual. (5 e 6/maio, 11h às 20h)

Virada Cultural 2007

Nesta edição da Virada Cultural, a programação será concentrada em pólos, com grandes atrações distribuídas por todas as regiões da Cidade. Serão cinco grandes palcos no Centro (Sé, Boulevard São João, Anhangabaú, Vieira de Carvalho e Barão de Itapetininga) com temáticas diferentes (MPB, rock, música clássica, romântica e dança) e outros quatro em pontos estratégicos: Guaianases (Zona Leste), Pedreira (Zona Sul), Parada de Taipas (Zona Oeste) e Parque da Juventude (Zona Norte). Os 21 CEU’s também contarão com programação especial. A promoção é da Secretaria Municipal de Cultura, em parceria com SPTuris, Secretaria de Estado da Cultura e SESC.

Além da programação oficial, podem participar bares, restaurantes, casas de espetáculos, cinemas, hotéis.

Pinacoteca do Estado

Pça da Luz, 2, (11) 3229-9844

Museu da Língua Portuguesa

Praça da Luz, s/nº, (11) 3326-0775

Estação Pinacoteca

Largo. Gal. Osório, 66, (11) 3337-0185.

MIS – Museu da Imagem e do Som

Av. Europa, 158 (11) 3062-9197 / 3088-0896

Museu da Casa Brasileira

Av. Faria Lima, 2.705, (11) 3032.3727

Centro Brasileiro Britânico

Rua Ferreira de Araújo, 741, (11) 3095-4466

Sesc Avenida Paulista

Av. Paulista, 119, (11) 3179.3700

Sesc Consolação

Rua Dr. Vila Nova, 245, (11) 3234.3000

Sesc Ipiranga

Rua Bom Pastor, 822, (11) 3340.2000

Sesc Vila Mariana

Rua Pelotas, 141, (11) 5080.3000