Museu Geológico recebe fósseis de um bilhão de anos encontrado em Itapeva

Empresa Votorantim cedeu também blocos de estromatólitos ao Instituto de Geociências e à Estação Ciência, ambos da USP

dom, 12/08/2007 - 15h43 | Do Portal do Governo

O Museu Geológico Valdemar Lefèvre (Mugeo), do Instituto Geológico (IG), da Secretaria do Meio Ambiente, recebeu da Votorantim Cimentos um grande bloco de estromatólitos fósseis – estruturas constituídas por colônias de bactérias nos oceanos. Outros dois foram doados pela empresa ao Instituto de Geociências e à Estação Ciência, ambos da Universidade de São Paulo (USP).

O pesquisador científico William Sallun Filho, do IG, explica que os estromatólitos ocorrem desde 3,8 bilhões de anos atrás. Os blocos doados foram encontrados na Pedreira Lavrinhas, em Itapeva, sul do Estado. “Nesse caso, os fósseis são de 1 bilhão de anos atrás, quando ali havia o oceano. Atualmente, o local está situado a aproximadamente 200 quilômetros do mar”, ressalta Sallun. São os exemplares mais antigos localizados em território paulista.

Esses fósseis foram estudados pelo professor-doutor Thomas Rich Fairchild, do Instituto de Geociências, e por Sallun. Ambos organizaram a escolha do material, posteriormente retirado e transportado pela equipe da Votorantim para os museus onde os fósseis ficarão expostos.Objetivo didático – De acordo com Sallun, os primeiros estromatólitos encontrados no Brasil foram estudados no ano de 1944, por Fernando Flávio Marques de Almeida, nome referência na geologia nacional. Na ocasião, segundo Sallun, esse tipo de estudo não era comum, mesmo em outros países. O trabalho de Almeida foi pioneiro.

Na década de 70, o professor americano Fairchild veio ao Brasil e retomou as pesquisas sobre esses fósseis. Sallun passou a estudar o tema nos anos 90. No fim de 2006, os dois informaram à Votorantim que sua pedreira, da qual é extraída matéria-prima para a fabricação de cimento, abrigava os estromatólitos. A empresa propôs, então, a doação de blocos do material para as instituições científicas.

“Hoje, o pessoal que trabalha na pedreira sabe identificar os pedaços que contêm fósseis. É uma grande área, por isso a doação não prejudica a produção da Votorantim”, afirma o pesquisador.

O estudo desses fósseis tem importância porque são de uma época em que a Terra só tinha formas de vida muito simples, como bactérias e algas. O objetivo de trazer os blocos para os museus é didático. Os exemplares ficarão expostos, para que os visitantes, principalmente estudantes, possam vê-los e tocá-los.

No Mugeo, o bloco está posicionado provisoriamente na parte de fora do prédio e pode ser apreciado pelo público. “Precisamos poli-lo, o que permitirá uma observação mais fácil. Aí o museu o colocará em exposição definitivamente”, explica Sallun.

Cláudio Soares

Da Agência Imprensa Oficial

(J.H.)