Museu de Zoologia usa arte e ciência para discutir biodiversidade

Proposta é retratar a relação do homem com o meio natural

sex, 26/12/2008 - 12h22 | Do Portal do Governo

“Como preservar aquilo que não se conhece?” Essa intrigante questão levantada pelo professor Marcelo Duarte da Silva, especialista em borboletas e mariposas do Museu de Zoologia (MZ) da USP, está ligada ao tema da exposição A Crise da Biodiversidade: A Natureza Ameaçada. Misturando arte e ciência, a mostra pretende retratar a relação nem sempre benéfica do homem com o meio natural. Entre materiais do acervo e fotos retiradas pelo repórter André Pessoa, o visitante vai sentir, bem de perto, a problemática da destruição do desconhecido. Com curadoria de Hussam El Dine Zaher, a mostra do MZ vai até o dia 17 de maio.

“A velocidade de processamento dos dados é superada pela velocidade de destruição dos ambientes naturais. O que acaba acontecendo é que algumas espécies sequer serão conhecidas pelo homem. O trabalho pretende chamar atenção a isso que chamamos de ‘impedimento taxonômico’ “, explica Isabel Landim, bióloga do museu. Para ela, esta exposição fala sobre questões-chave enfrentadas no mundo contemporâneo: a crise da biodiversidade e o aquecimento global.

Não poderia haver melhor lugar para essa discussão: o Museu de Zoologia da USP é considerado um dos maiores do mundo na área. E é nele que se encontra o material de levantamento faunístico, das coleções científicas, exames e estudos. “O museu é um lugar privilegiado para falar de espécies e diversidade, faz parte do nosso cotidiano de trabalho”, afirma Isabel.

O fotógrafo do engajamento ambiental

Especializado em natureza, jornalista, pernambucano, 39 anos. André Pessoa já fotografou em diversos países, como África do Sul, México, Costa Rica, Equador, Peru, Egito, Jordânia, Espanha, Panamá, Argentina, Portugal, Alemanha e República Tcheca. É conhecido no meio pelo seu trabalho de engajamento ambiental, buscando denunciar o descaso em relação ao desmatamento e à destruição das matas nativas. Suas fotos sobre o tema já foram publicadas em livros, jornais e em mais de 30 revistas nacionais e internacionais.

O trabalho de Pessoa em exposição no MZ mostra seu olhar sobre o Mato Grosso, seja na harmonia dos biomas brasileiros, seja nas mudanças provocadas pelo homem naquela que é a sua casa. O jornalista também trabalhou com textos e material audiovisual, como a série de reportagens sobre o sertão nordestino produzida em 2005 para o Jornal Nacional (TV Globo).

A diversidade sob vários pontos de vista

Além das fotos e do acervo, Crise da Biodiversidade também conta com documentários da DGT Filmes, falando sobre a relação humana com o meio, em seus aspectos positivos e negativos. Eles se passam na Serra da Capivara (Piauí), na Mata Atlântica de Boracéia (São Paulo), no Cerrado da Chapada dos Veadeiros (Goiás) e no Parque Nacional das Águas Imendadas (Distrito Federal). Além deles, também será mostrado um filme sobre a urbanização da cidade de São Paulo, mostrando a falta de áreas verdes na cidade em função da ocupação humana.

Assim, acervo, fotos e documentários conversam entre si. Um exemplo disso é a mostra de espécies do bairro do Ipiranga (onde se encontra o museu), que estão no acervo desde os primeiros registros. A maioria já está em extinção, já que o bairro cresceu rapidamente, desaparecendo com o habitat natural dessas espécies. “A gente tem um foco muito grande sobre a explosão demográfica do homo sapiens, tentando contemplar essa mudança de paisagem promovida pela nossa espécie ao longo do tempo, e usamos a nossa própria história para mostrar isso”, conta Isabel.

O museu em sua totalidade

Além das exposições temporárias, como a Crise da Biodiversidade, o Museu de Zoologia também conta com um vasto acervo fixo, dividido em quatro módulos, para facilitar a visita. O museu é aberto ao público em geral, de todas as idades, e tem os preços e horários divulgados em seu site.

O primeiro módulo, “História do Museu de Zoologia”, mostra a formação do acervo com fotos e objetos, apresentando as várias fases da sua implementação. Assim, pretende-se demonstrar a real dimensão da importância histórica e científica da instuição.

Já o segundo, intitulado “Origem das espécies e grandes grupos zoológicos”, mostra a evolução das espécies a partir dos processos de diversificação dos animais. Além disso, a seção demonstra como é o trabalho de levantamento de hipóteses explicativas da evolução e da biodiversidade. Para isso, estão expostos fósseis, réplicas de fósseis e de animais extintos.

“Evolução, diversidade e filogenia – atividades do zoólogo” apresenta métodos de estudo dos zoólogos sobre as relações de parentesco entre as espécies (pesquisa de campo, coleta, pesquisa em laboratório, levantamento bibliográfico e divulgação dos resultados). Tudo isso através de sugestões de exercícios que possibiitam imaginar a imensa diversidade biológica na Terra.

O último módulo, “Fauna neotropical e ambiente marinho”, exibe cenários da fauna da regiãoem ambientes de florestas, cerrado e caatinga. Ao final, mostra-se a distribuição das espécies nos mares e oceanos, de acordo com a salinidade e temperatura das regiões.

 

Serviço:

Exposição Crise da Biodiversidade: A Natureza Ameaçada

De 18 de dezembro de 2008 à 17 de maio de 2009, no Museu de Zoologia da USP (Avenida Nazaré, 481, Ipiranga, São Paulo)

Horários: de terça a domingo, das 10 às 17 horas

Preço: R$ 4,00 (informações sobre gratuidade e meia-entrada no site do museu)