Museu da Língua Portuguesa abre exposição de Clarice Lispector

A partir desta terça, exposição mostra um pouco da vida e obra da escritora, celebrando 30 anos de sua morte

ter, 24/04/2007 - 10h42 | Do Portal do Governo

Abriu nesta terça-feira, 24, para o público, no Museu da Língua Portuguesa, Estação da Luz, em São Paulo, a exposição “Clarice Lispector – a Hora da Estrela”, que celebra os 30 anos da morte da escritora.   

A exposição pretende revelar um pouco da alma e da obra da autora, que segue ocupando, mesmo após três décadas de ausência, um lugar único na literatura brasileira. “Não é exagero afirmar que, ainda hoje, a leitura de seu livro de estréia – Perto do Coração Selvagem , lançado em 1943 – continua a revelar uma autora capaz de iluminar, intrigar e surpreender o leitor pela linguagem única e pela investigação sobre a condição humana”, afirma Antônio Carlos Sartini superintendente-executivo do Museu da Língua Portuguesa.

Com curadoria de Júlia Peregrino e Ferreira Gullar e cenografia de Daniela Thomas e Felipe Tassara, a exposição ficará em cartaz até o dia de 2 de setembro. O título da mostra é uma referência à Hora da Estrela, obra mais popular de Clarice Liespector.

“O objetivo é oferecer uma introdução à riqueza do universo da escritora. Quem conhece, irá desfrutar; quem não conhece, esperamos, será instigado a conhecer, ser um novo leitor de Clarice”, explica a curadora Júlia Peregrino. Por sua vez, o poeta Ferreira Gullar  destaca que a exposição “celebra uma artista que  nos ensinava a romper com o que chamava de pacto com a mediocridade da vida.”  

A exposição pretende traduzir o caráter reservado e introspectivo da autora, através de uma ambientação intimista. Cartas, documentos manuscritos e cadernos de notas estarão em gavetas, que serão abertas pelo público para revelar o seu conteúdo.   Todos os documentos exibidos pertencem ao Acervo Clarice Lispector, sob a guarda do Arquivo–Museu da Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa.   A mostra também vai apresentar imagens de um documento e algumas fotos do Arquivo Nacional, assim como fotografias arquivadas no Instituto Moreira Salles.

Outros ambientes irão usar recursos audiovisuais. Durante a mostra, serão realizadas atividades educativas dirigidas aos alunos de segundo grau. Assim, espera-se, novas gerações irão descobrir uma autora que até hoje oferece uma atualíssima reflexão sobre o indivíduo e as relações com seus semelhantes. 

A autora

Nascida na Ucrânia, em 10 de dezembro de 1920, Clarice veio para o Brasil com pouco mais de um ano. Seu primeiro livro, Perto do coração selvagem, lançado quando ela tinha apenas 23 anos, provocou sensação. Nas palavras de Lauro Escorel, as características do romance revelam uma “personalidade de romancista verdadeiramente excepcional, pelos seus recursos técnicos e pela força da sua natureza inteligente e sensível”. Com 26 livros no currículo, traduzida em 15 línguas, a autora de A Paixão Segundo G.H. e Água Viva influenciou a sua própria geração e as que se seguiram – o que não impediu que tivesse de fazer traduções e escrever crônicas e colunas femininas para ganhar a vida. Clarice faleceu no Rio de Janeiro, em 1977, no dia 9 de dezembro, um dia antes de seu aniversário. Mas a sua atualidade é

comprovada pelas contínuas reedições de seus livros e as muitas adaptações de seus textos para o cinema, o teatro e outros meios expressivos.

Museu da Língua Portuguesa

Inaugurado em março de 2006, o Museu da Língua Portuguesa, da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, foi criado pela Fundação Roberto Marinho no prédio da Estação de Luz, no Centro de São Paulo. Com aproximadamente 4 mil metros quadrados abertos para a visitação, o Museu da Língua Portuguesa apresenta ao público a história, a importância e as variações de nossa língua materna, considerando-a como grande elo da identidade cultural do povo brasileiro. Além disso, oferece cursos para professores, estudiosos e público em geral, tudo sob a gestão do Instituto Brasil Leitor. Durante seu primeiro ano, o Museu recebeu 580 mil visitantes.