Museu da Casa Brasileira apresenta os trabalhos vencedores do 24º Prêmio Design

Prêmio Design Museu da Casa Brasileira destaca trabalhos focados na sustentabilidade e no bem-estar da sociedade

ter, 23/11/2010 - 18h00 | Do Portal do Governo

Uma bengala eletrônica, com sensores e micromotor vibratório, alerta os deficientes visuais para as barreiras físicas localizadas acima da linha da cintura. Um sistema de transporte  terrestre elevado, movido por energias renováveis, apresenta-se como alternativa ao caos das grandes cidades. Um banco feito de papel reciclado batido no liquidificador.

Do mais moderno recurso tecnológico aos conceitos de sustentabilidade, o design brasileiro contemporâneo mostra sua força e criatividade no 24º Prêmio Design Museu da Casa Brasileira, uma realização da Secretaria de Estado da Cultura. Foram 538 projetos inscritos para uma seleção de 71 peças e 17 trabalhos teóricos que estarão em exposição a partir do dia 23 de novembro.

Com um júri formado por mais de 30 profissionais, divididos de acordo com suas respectivas áreas de especialização nas 8 categorias do Prêmio, e com a participação especial da organizadora da Bienal Iberoamericana de Diseño – BID, May Valdecantos, a premiação consagrou 25 trabalhos – entre primeiro lugar e menção honrosa. Em linhas gerais, os trabalhos selecionados, segundo o coordenador do júri, Auresnede Pires Stephan, o professor Eddy, podem ser identificados em três grandes frentes: tecnológica (produtos sintonizados com a tecnologia existente), conceitual e identidade brasileira. “Esta seleção reflete a diversidade que caracteriza o design contemporâneo”, comenta o professor Eddy.

Referência no desenvolvimento do design brasileiro, o Prêmio Museu da Casa Brasileira consolida-se como a mais importante e respeitada premiação da área no país. Mais do que isso: legitima tendências e novos nomes no design nacional. Um dos aspectos decisivos para esta notória credibilidade do Prêmio é o apoio do poder público. “O eixo sólido do Prêmio está também na presença do Estado.

A Secretaria da Cultura tem todo interesse e aposta na descoberta de novos talentos do design brasileiro”, destaca Andrea Matarazzo, secretário de Estado da Cultura. Por insistência dos participantes do Prêmio, que sentiam necessidade de associar suas peças à credibilidade da premiação, este ano o Museu da Casa Brasileira lança um selo de certificação. “Esta identificação visual será aplicada a cada projeto premiado, reiterando a participação no prêmio de design mais tradicional do país”, afirma Mirian Lerner, diretora geral do MCB.

Dos 538 inscritos, mais de 50% eram projetos de mobiliário ou protótipo mobiliário. Frente à qualidade das peças apresentadas, o júri apontou três designers no primeiro lugar da categoria mobiliário: Zanini de Zanine, do Rio de Janeiro, com o Módulo 7, fabricado a partir de uma mistura de plástico e fibra de vidro; Domingos Tótora, de Minas Gerais, com o Banco Solo, feito de papelão reciclado; e Gerson de Oliveira e Luciana Martins, de São Paulo, com a linha Tiras, moveis de reaproveitamento de madeira ou compensado com estofamento e estrutura de aço inox polido. Na categoria utensílios, também houve empate no primeiro lugar. O prêmio ficou dividido entre a Panela Wok, de cerâmica resistente a choques térmicos, de Luís Evers, de Curitiba, e a Linha Simetria, utilitários de cozinha com engenharia de alta performance, de Guto Indio da Costa, André Lobo e Gabriella Vaccari, do Rio de Janeiro.

Guto Indio da Costa, por sinal, também levou o prêmio na categoria equipamentos de transporte com o projeto Moto-Bus, um sistema de transporte terrestre elevado. Em equipamentos eletroeletrônicos, destaque para o Purificador de Água, com indicador luminoso de reposição, de Mario Fioretti, de Santa Catarina. O Tecido 3 Erres, com reutilização e reciclagem de resíduos têxteis na criação, de Rosângela Ortiz de Godoy, de São Paulo, foi o premiado na categoria têxteis. Também de São Paulo, Fernando Prado arrebatou o primeiro lugar em Iluminação. Segundo o Professor Eddy, nesta linha Bauhaus 90, cúpula e base em alumínio repuxado e pintado por processo eletrostático, o designer da Lumini reúne toda sua capacidade de síntese. Em equipamentos de construção, a menção honrosa ficou com Wagner Carta Nono, do Paraná, com a Fechadura V3530 e V3534, em polímero flexível translúcido.

Única premiação de design no país a contemplar a categoria trabalhos escritos, o Prêmio Museu da Casa Brasileira consagra, nesta edição, o trabalho Estado crítico – à deriva nas cidades, de Guilherme Wisnik, de São Paulo. Trata-se de uma coletânea de artigos publicados, entre 2006 e 2007, no caderno Ilustrada da Folha de S.Paulo. Novos quatro ensaios, além de uma entrevista, foram acrescentados a esse material cujo foco é discutir o estado crítico da cidade sob abordagem urbanística e arquitetônica, somada a uma consideração sobre o conjunto de modos de vida e produção cultural da população.

Destaque da premiação, que reforça a preocupação do design com o bem-estar do ser humano, a Bengala Longa Eletrônica, de Renato Fonseca Livramento da Silva e Alejandro Ramirez Garcia, de Minas Gerais, levou o primeiro lugar na categoria eletroeletrônicos – protótipos. “É o design de produto integrado ao projeto urbano, ao meio social”, enfatiza Giancarlo Latorraca, diretor técnico do MCB. O protótipo é constituído por uma pega feita de polímero para acomodar o sistema eletrônico (sensor, placas eletrônicas, micromotor vibratório, potenciômetro e bateria. Também fazem parte do conjunto uma haste de alumínio e uma ponteira de nylon. Os testes finais com o protótipo em questão mostraram sua eficácia para a identificação de barreiras físicas localizadas acima da linha da cintura dos deficientes visuais em espaços urbanos abertos.

Além das 140 peças selecionadas, também estará em exibição na mostra o trabalho de Nadezhda Rocha e Julia Masagão, vencedor do Concurso do Cartaz do 24º Prêmio Design Museu da Casa Brasileira, realizado no primeiro semestre. O cartaz vencedor inspirou toda a identidade visual desta edição, tendo percorrido todo o país para divulgar o prêmio. “Tivemos quase 800 inscritos para o Concurso do Cartaz. O vencedor ganha um contrato para produzir todas as peças gráficas de comunicação do Prêmio. É um importante incentivo ao design gráfico do país”, ressalta Mirian Lerner, diretora geral do MCB. Além do cartaz premiado, outras 11 peças selecionadas estarão na exposição.

De acordo com Giancarlo Latorraca, diretor técnico do MCB, a cultura do design no Brasil é muito nova, tendo um potencial de dobrar o mercado. E a efervescência deste mercado pode ser conferida nos números e na abrangência do prêmio. Foram representantes de 16 estados, sendo 252 de São Paulo, 65 do Rio Grande do Sul, 58 do Paraná, 52 de Minas Gerais e 47 do Rio de Janeiro. Os estados do Amazonas, Ceará, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Santa Catarina também tiveram participantes inscritos na premiação.
Este ano o Prêmio teve o apoio de Revista Casa Claudia, Paralela Gift, ADG Brasil, Leo Burnett, Cosac Naify, Arq!Bacana, Zupi, Vitruvius, Centro Cultural da Espanha em São Paulo/AECID, Tok&Stok.

Categorias e membros do júri

Equipamentos de construção: Eduardo Longo, Haroldo Gallo, Pedro Mendes da Rocha
Equipamentos eletroeletrônicos: Alessandro Camara, Milton Francisco Junior, Olavo Egydio de Souza Aranha
Equipamentos de transporte: Carlos Castilho, Eduardo Sala Polati, Ricardo Bock
Iluminação: Gilberto Franco, Guinter Parschalk, Luis Emiliano Avendano
Têxteis: Carolina Szabó, Circe Bernardes, Mitiko Medeiros
Mobiliário e Utensílios: Alecio Rossi, Edison Barone, Jethero Cardoso Miranda, Marisa Ota e May Valdecantos

A categoria Trabalhos Escritos Publicados e sua modalidade, Trabalhos Escritos não Publicados, são avaliadas em uma única fase, por um júri especializado, composto nesta edição por Andréa Almeida, Anna Lucia Lupinacci, Débora Buonano, Denise Dantas, Evelise Grunow, Marcos Braga, Mauro Claro, Myrna Nascimento, Nara Silvia Martins, Rosemeire Carlos Pinto, Teresa Ricetti e Zuleica Schincariol.
Categoria/ Número de inscrições
Equipamentos de Construção 12  
Protótipos em Eletroeletrônicos 7  
Protótipos em Equipamentos de Construção 4  
Equipamentos de Transporte 2  
Protótipos em Equipamentos de Transporte 8  
Utensílios 55  
Trabalhos escritos não publicados 26  
Protótipos em Têxteis 5  
Têxteis 10  
Protótipos em Iluminação 13  
Protótipos em Utensílios 21  
Protótipos em Mobiliário 106  
Iluminação 45  
Mobiliário 193  
Trabalhos escritos publicados 9  
Equipamentos eletroeletronicos 22  
Total: 538

Mostra

Abertura da mostra e premiação: 23 de novembro, às 19h30
Visitação: de 24 de novembro a 16 de janeiro

Da Secretaria da Cultura